A crise no Quénia:Um caso em que o assaltante do banco aceita partilhar o dinheiro roubado 21/01/08 por Omar Dawood KALINGE-NNYAGO

Eles avançaram para obterem uma vitória crucial para o lugar de presidente do parlamento, sem dúvida muito bom para a moral deles, mas é apenas um prémio de consolação. O voto mostrou a fluida situação parlamentar – a de um parlamento tremido.Kenneth Marende, o novo presidente do parlamento, obteve apenas mais quatro votos do que o seu rival, o anterior presidente parlamentar Kaparo. Nem o partido do poder do contestado presidente Kibaki, nem a coligação ODM [Movimento Democrático Laranja] de Odinga podem fazer grandes alterações no futuro próximo.




A um outro nível, o exemplo queniano é um dos poucos emergentes para o qual o mundo está a ser treinado para aceitar. Na essência, todos os esforços que foram feitos para resolver a crise queniana foram dizer a Odinga e ao ODM: “Se um assaltante de um banco quer partilhar o dinheiro contigo, aceita e vai para casa.”No entanto, um dos primeiros exemplos espectaculares foi em 1991 quando a Frente Islâmica de Salvação, um partido político registado, venceu as eleições na Argélia por uma grande diferença.A França, o antigo dono colonial, e outras potências ocidentais, encorajaram o governo no poder a subverter o resultado e a anular as eleições. O resto é agora história.O país ainda está em guerra, 16 anos depois. O outro exemplo, um bem recente, é a Palestina. O Hamas, outro movimento sócio-político venceu as eleições num escrutínio considerado livre e justo. Ao contrário do que se passou na Argélia, a sua vitória não foi subvertida.No entanto, o governo que eles formaram foi rejeitado pelas mesmas potências ocidentais – porque era islamita e por isso não tinha o direito a vencer uma eleição, e especialmente porque não era amigo de Israel.Actualmente, a Palestina foi dividida em Gaza e Cisjordânia. É derramado sangue. Bem, toda a gente achou que isso estava bem para a Argélia e a Palestina. Estes islamitas não são boa gente. Mas agora o Quénia?O que o mundo está lentamente a aprender é que não há princípios universais de democracia. Se leram algures, num livro de capa dura, que a democracia é o poder da maioria, e desafortunadamente acreditaram, lamento. Não basta que o vosso partido favorito vença uma eleição.Ele tem de ser ‘ilibado’ pelos ‘donos’ do conceito (democracia) que vocês tinham começado a venerar. Foi talvez por terem percebido isto que quer Kibaki quer Odinga não esconderam a sua desconfiança e mesmo descrédito, pelas chamadas democracias ocidentais e pelos seus emissários.Kibaki sabe que pode mesmo conseguir roubar a eleição, desde que prometa apoiar a guerra ao terrorismo e não atrapalhe as margens de lucro das multinacionais. Raila Odinga também sabe que os chamados doadores não acreditam na democracia que apregoam, ou que exportam com base na força das armas, como no Iraque e Afeganistão.Por isso, o que quer que aconteça no Quénia, é mais provável que o país de incline para ‘uma solução queniana para um problema queniano’, do que outra coisa qualquer. No entanto alguns elementos irão beneficiar da vulnerabilidade de Kibaki, como líder comprometido.O presidente Museveni, do Uganda, irá possivelmente investir em laços mais estreitos com Kibaki, e talvez concretizar a sua anterior proposta de avançar com uma união política da África oriental, sem a ‘relutante’ Tanzânia.Por outro lado, enquanto os poderosos se aquecem uns aos outros, a oposição nos dois países tornou-se muito mais próxima, de várias formas, e falar de acções políticas regionais conjuntas é ganhar proeminência nos círculos políticos da oposição. É esta nova vaga de pensamento que irá provavelmente dar forma à África Oriental a que muitos aspiram.
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