*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Friday, January 11, 2008

luta popular no paquistão.11/01/08

Robert Fisk: Paquistão é chave para o Médio Oriente.É o Paquistão, não o Irão ou o Iraque, que serve de verdadeiro barómetro para o futuro da região, de acordo com Robert Fisk, o renomado correspondente para o Médio Oriente do The Independent. Esta tese, apesar de singular, não deve ser encarada de forma ligeira, porque vem de um homem que viveu, estudou e testemunhou a história da região nas últimas três décadas. E o Paquistão é, realmente, um país em convulsão.Fisk, o autor mais premiado e de maior sucesso entre os que vivem em Beirute, fala com experiência. Ele cobriu a guerra civil libanesa, a guerra Irão-Iraque nos anos 80, as duas guerras desencadeadas pelos EUA contra o Iraque e a invasão pós-11 de Setembro e subsequente ocupação do Afeganistão. A sua voz é "um grito apaixonado contra as mentiras e as fraudes que mandaram soldados para a morte e mataram dezenas de milhares de homens e mulheres", como se diz na capa do seu livro seminal "The Great War for Civilisation: The Conquest of the Middle East" (A Grande Guerra pela Civilização: A Conquista do Médio Oriente).


Para Fisk, destacar o Paquistão é surpreendente, porque a populosa nação predominantemente muçulmana nem sequer é considerada por alguns como sendo parte propriamente do Médio Oriente. A convicção de Fisk, contudo, é que o Ocidente tem temor de abordar o jogo principal, preferindo em vez disso concentrar-se nos espectáculos secundários, como as ambições nucleares do Irão, que Fisk recorda a quem quiser ouvir que foram encorajadas e alimentadas em primeiro lugar pelo Ocidente."Há um país na região que tem montes de apoiantes dos taliban, imensos apoiantes da Al-Qaida, cuja capital está em constante caos e crise sectária, e tem uma bomba [nuclear] - chama-se Paquistão", disse Fisk ao Al-Ahram Weekly. "Mas o general Musharraf é nosso (do Ocidente) amigo. Que acontece se ele se for embora? O Paquistão é uma das áreas mais frágeis e perigosas", adverte. No entanto, dirigimos a nossa atenção para outro país, o Irão, tal como sempre fazemos no Médio Oriente.Poucos ocidentais têm qualificações para escrever uma história adequada do Médio Oriente, mas Fisk é um deles. Durante três décadas, as suas reportagens em primeira mão sustentaram as suas análises dos levantamentos políticos e sociais que ocorreram na região durante os últimos 150 anos - levantamentos que foram ao mesmo tempo dramáticos e drásticos e provocaram muito sofrimento e muitos banhos de sangue. O mais importante acontecimento foi a criação do Estado de Israel, no coração do mundo árabe, e a expropriação do povo palestiniano no processo.Fisk conhece muito bem, no entanto, uma certa continuidade básica que atravessa a história recente do Médio Oriente. A saga da tragédia e da traição não ficou confinada à Palestina. O Líbano, o Iraque, o Irão e o Afeganistão, todos viveram os horrores da guerra e da desordem violenta. Fisk é um defensor do estudo da história. "Os jornalistas não deviam só levar blocos de notas quando estão a cobrir um acontecimento", insiste. Para Fisk, a história é pessoal e o pessoal é político. "Os cavaleiros da primeira Cruzada", escreveu no seu livro "The Great War for Civilisation" ("A Grande Guerra pela Civilização"), "depois de massacrarem toda a população de Beirute, fizeram o percurso para Jerusalém pela margem do Mediterrâneo, para evitar as setas dos arqueiros árabes; e eu às vezes penso que eles devem ter passado pelas próprias rochas libanesas em torno das quais o mar espuma e borbulha na frente da minha varanda."

"Tenho nas paredes do meu apartamento fotografias da frota francesa ao largo de Beirute, em 1918, e da chegada do general Henri Gouraud, o primeiro governador do mandato, que viajou a Damasco e postou-se diante do túmulo mais envolto em bandeiras verdes da mesquita Omíada e, no que deve ter sido um dos mais inflamados discursos na história moderna do Médio Oriente, disse ao túmulo: "Saladino, voltámos", ironiza Fisk. "Hoje, há 22 vezes mais tropas ocidentais no mundo islâmico do que havia antes da queda de Jerusalém durante as Cruzadas em 1187", nota Fisk.E quanto ao Líbano de hoje? "A guerra do último Verão entre o Hezbollah e Israel foi de facto entre o Irão e os Estados Unidos, O Líbano é, como habitualmente, o campo de batalha dos outros. Ninguém está a ser morto agora, por isso, até agora tudo bem. Mas a situação é muito frágil. Conheço muitas famílias cristãs que deixaram as casas na rua Hamra, mudando-se para outras áreas. São maus sinais. O Irão e os EUA estão a apoiar lados diferentes, e continuam a pressionar este frágil Estado."Tal como Fisk observou no seu conceituado livro "Pity the Nation, o Líbano é um microcosmo do Médio Oriente. "O Líbano é uma sociedade confessional, por isso, se este impulso continuar, o país vai dividir-se e balcanizar-se. A única solução para o Líbano é tornar-se um Estado moderno. A qualidade de liderança, mais dos que as filiações tribais, ou confessionais ou sectárias, deveria ser [a credencial] para as posições de topo", disse ao Al-Ahram Weekly. "Milhares de crianças libanesas foram mandadas para o exterior durante a guerra civil, e, quando voltaram, acreditavam numa sociedade moderna. Viram que a guerra civil era ridícula e infantil", acrescenta.E quanto ao assassinato de Rafiq Al-Hariri? "Acredito que um ramo da segurança do Partido Baath sírio assassinou Al-Hariri. Não afirmo, contudo, que [o presidente sírio] Bashar Al-Assad está envolvido. Não acredito que tenha havido uma autorização do alto nível. Nesse dia, eu estava a caminhar na corniche de Beirute, a 400 metros do local, quando houve a explosão. Cheguei lá antes que todos e antes da polícia. Vi Hariri a arder na rua. Tinha as meias a arder. E quando perguntei a um libanês quem tinha sido assassinado, ele respondeu que era o Hariri."

Alguma vez a verdade sobre o assassinato vai vir à luz do dia? "Acho que uma das razões que levam os sírios a cooperar [com a investigação] é que eles têm bastante certeza sobre o que aconteceu, porque têm um serviço de espionagem muito bom. A minha interpretação é que não foi um assassinato de Estado. Desde que o crime ocorreu até hoje, ainda acho que foi um ramo da segurança do Baath sírio."E quanto ao Irão e ao Afeganistão? "Os Estados Unidos não obtiveram os seus objectivos no Afeganistão. Não existe democracia - quem governa são os senhores da guerra. Tal como no Iraque, o governo manda apenas nuns quantos quilómetros em torno de Cabul. Em muitas situações, as forças da coligação vêem-se inferiorizadas em número por centenas de combatentes taliban", nota Fisk. "Entretanto, a produção do ópio e as exportações são maiores hoje que em qualquer período anterior. As Nações Unidas disseram que em 2001, sob o regime taliban, a produção de droga caiu cerca de 45%. A tendência oposta aconteceu desde a invasão. A situação não é tão má como no Iraque, mas é má", lamenta. "Pergunto-me frequentemente por que é que nós [o Ocidente] estamos no Afeganistão".Quanto ao Irão, Fisk é rápido a notar que foi a Siemens, a gigante multinacional alemã, que esteve no arranque do programa nuclear iraniano. Foi o Ocidente que encorajou o Xá do Irão a ir para o nuclear. "O Xá deu início às ambições nucleares iranianas. Foi também o Xá que quis a energia nuclear. Foi o Ocidente que ajudou o Irão a construir as instalações nucleares de Bushehr. O Xá disse uma vez que gostaria de ter uma bomba [nuclear] porque os soviéticos e os americanos a tinham. Foi logo calorosamente recebido na Casa Branca, porque era o nosso polícia no Golfo", diz Fisk.
Ironicamente, era a Guarda Revolucionária Islâmica iraniana que se opunha à entrada do país no nuclear. "Quando eclodiu no Irão a Revolução Islâmica, os revolucionários decidiram fechar as instalações nucleares porque disseram: 'é um trabalho do diabo'." Foi só depois da guerra Irão-Iraque que o regime iraniano se interessou outra vez por reviver o seu programa nuclear. Na opinião de Fisk, o Irão é uma nação de importância crítica no Médio Oriente, mas a abarrotar de uma burocracia antiquada e de perspectivas paroquiais, que há muito empurra para trás a região.Os Estados Unidos são o motor de progresso para a região? Para Fisk não. Impérios e superpoderes seguem uma agenda própria.: "Na praça Firdous, Bagdad, os marines americanos deitaram abaixo a estátua de Saddam atando-a a um blindado. A estátua inclinou-se ameaçadoramente para a frente, até ficar suspensa junto ao chão, o braço direito ainda levantado num cumprimento fraternal ao povo iraquiano. Foi um momento simbólico, de mais de uma maneira. Eu estava atrás do primeiro homem a pegar num martelo e começar a partir o imponente patamar em mármore. Em segundos, o mármore desapareceu para revelar uma estrutura de tijolos baratos e cimento muito rachado. Foi disso que os americanos sempre suspeitaram que era feito o regime de Saddam, apesar de terem empregado os seus melhores esforços, no final dos anos 70 e início dos 80 para armá-lo e apoiar a sua economia e dar-lhe apoio político - para transformá-lo no ditador em que se tornou."Actualmente, o Império americano enfrenta uma crise - o seu poder militar está em queda e tem poucos aliados. Fisk vê nisto a repetição de um ciclo da história. "Acontece mais ou menos assim: os iraquianos não nos merecem; os nossos sacrifícios são em vão". Extrapola: "Há uma comunidade de ódio na Internet", que emana da direita americana neoconservadora. Fisk cita o exemplo de um artigo no Los Angeles Times intitulado "Estes iraquianos ingratos". "Libertámos aquele país de um tirano. Acho que o povo iraquiano tem para com o povo americano uma grande dívida de gratidão... Fizemos grandes sacrifícios para ajudá-los", diz o artigo, citando o presidente George W. Bush. A Palestina é uma outra salgalhada. "O Movimento Islâmico Hamas não teve sucesso porque nós (governos ocidentais) não quisemos. Não quisemos falar com eles. E foram castigados por sanções porque os governos ocidentais acharam que aqueles incómodos palestinianos elegeram as pessoas erradas. Os governos ocidentais não querem democracia no Médio Oriente. Estamos muito contentes com ditadores, desde que nos sejam obedientes. Gostamos deles quando invadem o Irão, mas não quando invadem o Kuwait. Gostamos do Egipto até nacionalizar o Canal do Suez. Depois, bombardeamos Port Said, Ismailia e Suez. Porque temos interesses ideológicos e também no petróleo, tentamos constantemente remodelar a fachada que nos permite apoiar vários regimes."Fisk prossegue: "Os governos ocidentais querem que os povos [da região] elejam forças políticas que eles gostem. Os palestinianos não votaram por uma República Islâmica, o que aconteceu é que estavam cansados de corrupção. A forma como [os governos ocidentais] lidaram com o regime Arafat empurrou-o para a corrupção. Se os palestinianos tivessem eleito as pessoas que os governos ocidentais queriam, eles teriam louvado esta democracia. Os governo ocidentais e a União Europeia não queriam dar dinheiro ao Hamas. Estavam habituadas a dá-lo à Autoridade Palestiniana que o estava a malbaratar." Fisk conclui: "Logo desde o início, disse que Oslo seria uma tragédia."E quanto ao novo governo de unidade nacional que une a Fatah e o Hamas? "O Hamas deveria reconhecer o Estado de Israel? Se Israel realmente quer paz, por que não se sentam com o Hamas e têm uma discussão séria e madura e se põem de acordo em relação a uma forma que funcione? A questão é: queremos ou não a paz? Por que não tomamos como referência a resolução do Conselho de Segurança 242 que estabelece que Israel deve retirar-se de todos os territórios ocupados em 1967?"Existem outros agentes escondidos na política da região? Seymour Hersh, da New Yorker, dedica muito tempo e energia ao papel dos sauditas. "Ao adoptar a rigidez do wahabismo, a família real [na Arábia Saudita] encontrou-se na extraordinária posição de seguir os códigos de uma instituição que acredita que se deve combater a corrupção, mas nunca derrubar os governantes. Assim, todo o sistema saudita de governo anda nesta corda bamba", ironiza Fisk.Entretanto, "o dinheiro saudita vai para os taliban, para o nosso amigo general Pervez Musharraf, e foi para Bin Laden", conclui Fisk, irónico. "E o dinheiro compra respeito."


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