Entrevista General do Exército,josé Benedito de Barros Moreira 11/02/08
- Qual é a prioridade militar do Brasil hoje?GENERAL BARROS MOREIRA - Não é defender só a Amazônia. Temos de defender o país como um todo. Por isso eu digo: hoje a prioridade militar é o submarino a propulsão nuclear. O submarino nuclear tem grande capacidade de permanecer submerso e, assim, escapar à detecção que pode ser feita por instrumentos na superfície. Ele praticamente desaparece no fundo do mar. É muito silencioso e tem velocidade maior do que os outros. É elemento dissuasório porque é capaz de atacar de surpresa, em qualquer ponto. Teremos esse projeto concluído entre oito e dez anos, graças à garantia do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que teremos R$ 130 milhões anualmente para essa finalidade. Segunda prioridade: o veículo lançador de satélites. Temos de ter a capacidade de desenvolver essa área, importantíssima não somente para a área civil quanto para a área militar. O Exército é a última barreira. No momento em que o inimigo chegar ao nosso território, é porque já venceu a Marinha e a Aeronáutica. Temos de impedir que isso aconteça. É claro, temos problemas na fronteira e estamos acompanhando.
- E como está a proteção à Amazônia dentro dessas prioridades?GENERAL BARROS MOREIRA - Temos muitas vezes uma incompreensão. Às vezes me perguntam: se a prioridade do Exército é a Amazônia, por que estamos comprando carros de combate para colocar no Sul do País? A resposta é muito simples: a Amazônia é prioridade, mas não é exclusividade. Temos de ter um Exército homogêneo, organizado, que esteja preparado para defender o país em qualquer área, na Amazônia, no cerrado, no Nordeste, Sul do Brasil, todas essas áreas diferentes. Como não temos um Exército superarmado, porque não precisa, temos de ter a capacidade de dissuasão. Por isso, na área militar, do Exército em si, mas também ligado aos outros, temos a área de defesa antiaérea como base. Mas uma defesa antiaérea completa. Não é só aquela defesa aproximada, local. Que se faz com canhões antiaéreos. Mas a defesa integral de todo o espaço, que se faz junto com a Aeronáutica. Para isso, temos um comando combinado, que é Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro – Comdabra - para isso tudo. Principalmente em cima de mísseis, que possam alcançar o terceiro andar do espaço, onde andam os aviões modernos hoje.
- Como a diplomacia militar atua para facilitar o diálogo entre os países?GENERAL BARROS MOREIRA - Temos de explicar a proposta do ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre a diplomacia militar. Quando se cria na América do Sul esse entendimento constante, a conversa constante, por diversos canais, mostram-se as intenções com clareza. A diplomacia militar que o ministro já iniciou e que continua esse ano é fundamental. A SPEAI (Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais) é parte do processo, alimentando o ministro com informações e muitas vezes dando seqüência a convênios que fazemos. O conhecimento é fundamental. É o país vizinho sabendo de nossas intenções. Temos sempre de trabalhar nessa área para reforçar os laços de amizade e compreensão. Temos oficiais estrangeiros que vão, ou chegam, para cá e para lá. As portas são abertas. Eles visitam. Sabem o que fazemos. Acompanham a área militar. Eles também informam seus países sobre o que está acontecendo aqui.
- Qual é a conclusão que os países vizinhos tiram?GENERAL BARROS MOREIRA - Eles sabem que o Brasil, para qualquer tipo de comparação que se possa fazer, em relação ao tamanho, população, riqueza, é um país que não se pode considerar armado além da conta. Pelo contrário. Poderíamos ter forças armadas mais equipadas. E devemos ter. Não somos um país com intenção de conquista. Isso é até inconstitucional. Nossa visão de defesa é baseada na estratégia da dissuasão. Ou seja: temos de ser identificados como um país que tem capacidade de retaliação, caso seja agredido. Ou seja: não quero agredir ninguém. Mas estou preparado para responder. Isso é que tem de ser entendido.
- Que é necessário para isso?GENERAL BARROS MOREIRA - Ter forças armadas compatíveis. Se eu não quero agredir ninguém, se todo mundo sabe de nossas intenções pacíficas, isso está fundamentado em um fenômeno histórico tanto na área militar quanto na diplomacia. A América do Sul é na verdade a única zona do mundo hoje livre de armas nucleares. É área em que, embora ocorram alguns atritos, pode-se olhar para o continente sul-americano como uma região pacífica. Há pontos de atritos. Mas isso é parte da política do dia-a-dia. - Qual é o papel do Brasil nesses contenciosos?GENERAL BARROS MOREIRA - O Brasil poderia ajudar a resolver. Como em um conflito recente, que não degenerou em guerra, relembrando o século passado, que foi na Cordilheira do Condor, entre Peru e Equador. O Brasil é um dos países garantidores da paz. Não só pelo seu tamanho, pelo reconhecimento de nossa capacidade diplomática, pelo fato de sermos um país reconhecido por não pender nem para um lado nem para outro. Aqui o árabe convive bem com o judeu nas ruas. Por isso, eu digo que nossa diplomacia tem de ter o cuidado de não se engajar em disputas extra-territoriais, particularmente no Oriente Médio, na África etc., que venham a prejudicar esse relacionamento perfeito que existe entre essas comunidades dentro do território nacional.
- E como está a proteção à Amazônia dentro dessas prioridades?GENERAL BARROS MOREIRA - Temos muitas vezes uma incompreensão. Às vezes me perguntam: se a prioridade do Exército é a Amazônia, por que estamos comprando carros de combate para colocar no Sul do País? A resposta é muito simples: a Amazônia é prioridade, mas não é exclusividade. Temos de ter um Exército homogêneo, organizado, que esteja preparado para defender o país em qualquer área, na Amazônia, no cerrado, no Nordeste, Sul do Brasil, todas essas áreas diferentes. Como não temos um Exército superarmado, porque não precisa, temos de ter a capacidade de dissuasão. Por isso, na área militar, do Exército em si, mas também ligado aos outros, temos a área de defesa antiaérea como base. Mas uma defesa antiaérea completa. Não é só aquela defesa aproximada, local. Que se faz com canhões antiaéreos. Mas a defesa integral de todo o espaço, que se faz junto com a Aeronáutica. Para isso, temos um comando combinado, que é Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro – Comdabra - para isso tudo. Principalmente em cima de mísseis, que possam alcançar o terceiro andar do espaço, onde andam os aviões modernos hoje.
- Como a diplomacia militar atua para facilitar o diálogo entre os países?GENERAL BARROS MOREIRA - Temos de explicar a proposta do ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre a diplomacia militar. Quando se cria na América do Sul esse entendimento constante, a conversa constante, por diversos canais, mostram-se as intenções com clareza. A diplomacia militar que o ministro já iniciou e que continua esse ano é fundamental. A SPEAI (Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais) é parte do processo, alimentando o ministro com informações e muitas vezes dando seqüência a convênios que fazemos. O conhecimento é fundamental. É o país vizinho sabendo de nossas intenções. Temos sempre de trabalhar nessa área para reforçar os laços de amizade e compreensão. Temos oficiais estrangeiros que vão, ou chegam, para cá e para lá. As portas são abertas. Eles visitam. Sabem o que fazemos. Acompanham a área militar. Eles também informam seus países sobre o que está acontecendo aqui.
- Qual é a conclusão que os países vizinhos tiram?GENERAL BARROS MOREIRA - Eles sabem que o Brasil, para qualquer tipo de comparação que se possa fazer, em relação ao tamanho, população, riqueza, é um país que não se pode considerar armado além da conta. Pelo contrário. Poderíamos ter forças armadas mais equipadas. E devemos ter. Não somos um país com intenção de conquista. Isso é até inconstitucional. Nossa visão de defesa é baseada na estratégia da dissuasão. Ou seja: temos de ser identificados como um país que tem capacidade de retaliação, caso seja agredido. Ou seja: não quero agredir ninguém. Mas estou preparado para responder. Isso é que tem de ser entendido.
- Que é necessário para isso?GENERAL BARROS MOREIRA - Ter forças armadas compatíveis. Se eu não quero agredir ninguém, se todo mundo sabe de nossas intenções pacíficas, isso está fundamentado em um fenômeno histórico tanto na área militar quanto na diplomacia. A América do Sul é na verdade a única zona do mundo hoje livre de armas nucleares. É área em que, embora ocorram alguns atritos, pode-se olhar para o continente sul-americano como uma região pacífica. Há pontos de atritos. Mas isso é parte da política do dia-a-dia. - Qual é o papel do Brasil nesses contenciosos?GENERAL BARROS MOREIRA - O Brasil poderia ajudar a resolver. Como em um conflito recente, que não degenerou em guerra, relembrando o século passado, que foi na Cordilheira do Condor, entre Peru e Equador. O Brasil é um dos países garantidores da paz. Não só pelo seu tamanho, pelo reconhecimento de nossa capacidade diplomática, pelo fato de sermos um país reconhecido por não pender nem para um lado nem para outro. Aqui o árabe convive bem com o judeu nas ruas. Por isso, eu digo que nossa diplomacia tem de ter o cuidado de não se engajar em disputas extra-territoriais, particularmente no Oriente Médio, na África etc., que venham a prejudicar esse relacionamento perfeito que existe entre essas comunidades dentro do território nacional.
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