Partido A Esquerda afirma-se no Oeste alemão 07/02/08
entrada do partido Die Linke (A Esquerda) nos parlamentos estaduais da Baixa Saxónia e de Hessen pode ter um efeito mobilizador sobre os simpatizantes do partido, avalia o professor de Ciências Políticas da Universidade Livre de Berlim Nils Diederich. "Mas se esse vai ser um fenómeno temporário ou duradouro, só vamos poder avaliar nas próximas eleições", pondera. Para ele, as eleições nos dois estados alemães deixaram claro que o partido tem um eleitorado próprio e começa a firmar-se também no Oeste Alemão.
Tanto na Baixa Saxónia como em Hessen, o partido A Esquerda conseguiu superar a barreira de 5% dos votos necessários para entrar no parlamento estadual. Como podem ser interpretados os resultados dessas duas eleições estaduais?Nils Diederich: O resultado das eleições é um indicador de que A Esquerda começa a firmar-se também no Oeste da Alemanha e tem condições de mobilizar um número sólido de simpatizantes. Se esse é um fenómeno temporário ou duradouro, só vamos poder avaliar nas próximas eleições para o Bundestag [câmara baixa do Parlamento alemão].Extrair uma conclusão sobre que influência esse resultado vai ter nas próximas eleições para o Bundestag é muito difícil. É o que mostram as diferenças nos resultados em Hessen e na Baixa Saxónia. O que Koch tornou evidente é que nem sempre os argumentos demagógicos levam ao sucesso. Aparentemente, os eleitores na Alemanha estão suficientemente maduros para tomar decisões caso a caso e não se deixam impressionar por slogans criados para amedrontá-los. Ao contrário, Koch conseguiu afugentar alguns eleitores. É o que também mostra o movimento de eleitores na direcção do Partido Liberal Democrático (FDP). Certamente houve eleitores conservadores que não gostaram do estilo de Koch, mas queriam votar num conservador e acabaram por optar pelo FDP.O partido A Esquerda também se beneficiou do discurso eleitoral de Koch?O impressionante é que a polarização entre Ypsilanti e Koch não levou a uma concentração de votos no SPD. Ou seja, A Esquerda mobiliza o seu próprio eleitorado, que é claramente contra Koch, mas que não vê o SPD como uma alternativa suficiente. Assim, é possível dizer que A Esquerda beneficiou-se [das declarações] de Koch. Um benefício ainda maior veio do fato de o SPD não parecer confiável a todos os eleitores, fazendo com que alguns deles optassem por A Esquerda.
A Esquerda já tem representação em nove parlamentos estaduais. Esse sucesso vai continuar?O resultado é, sem dúvida, relevante para o sistema partidário, e isso também em nível europeu, mas não devemos exagerar o seu significado. Ainda não sabemos nada sobre a estabilidade do comportamento desse eleitorado. De um modo geral, é notório que o espectro partidário na Alemanha está a tornar-se mais diferenciado.As eleições em Hessen e na Baixa Saxónia terão consequências nas eleições em Hamburgo no próximo dia 24 de Fevereiro?
Sou muito céptico a esse respeito, já que os resultados foram muito específicos para cada estado. As consequências de domingo passado estão mais relacionadas à questão de saber se os responsáveis nos partidos mais afectados, principalmente a CDU e o SPD, vão aprender com isso e vão mudar as suas estratégias.Certamente que Von Beust [presidente da Câmara de Hamburgo, da CDU] não vai cometer o erro de adoptar um tom semelhante ao de Koch, mas tentará seguir por uma linha mais leve, voltada para o centro, como Wulff [governador reeleito da Baixa Saxónia, também da CDU]. Isso já tem consequências no tom do discurso. Mas os eleitores tendem a levar muito em consideração os aspectos políticos locais.A Esquerda tem hipóteses de ingressar na assembléia de Hamburgo?Disso eu não estou tão certo. Para alguns eleitores passará a haver uma motivação para votar em A Esquerda. São aqueles que dizem "eu não gostava de dar o meu voto para um partido em relação ao qual não há a certeza de que consegue chegar ao Parlamento." Isso pode agora encorajar alguns eleitores próximos ao SPD a optar conscientemente por A Esquerda para ampliar o espectro de opções partidárias de esquerda. A sustentação de A Esquerda depende apenas da motivação dos seus simpatizantes, que agora percebem que A Esquerda deixa o grupo dos partidos pequenos e começa a estabelecer-se no Ocidente. Isso pode criar um efeito mobilizador.A imprensa especulou que a derrota de Koch em Hessen também é uma derrota da chanceler federal Angela Merkel, que apoiou Koch na campanha eleitoral. Também tem essa opinião?Isso é um grande exagero. Merkel colocou-se ao lado de Koch por obrigação. Mas, na verdade, o resultado negativo para Koch e a confirmação da linha adoptada por Wulff são, antes de mais nada, uma confirmação da linha adoptada pela chanceler. Ela sai - ao contrário do que muitos pensam - talvez até fortalecida dentro do seu partido, já que o curso por ela adoptado mostrou-se correcto para vencer eleições - e isso também em nível nacional.
Ou seja, a chanceler não está ameaçada?
Eu não a vejo ameaçada. Os dois parceiros de coligação [CDU e SPD] reafirmaram que pretendem manter a parceria até ao final do período legislativo, e depois separarem-se. O resultado de domingo significa que eles devem reorganizar-se e realinhar-se. O resultado serve principalmente para o reordenamento do sistema partidário ou - dito de uma forma militar - para o reposicionamento das tropas para o próximo grande combate.
Tanto na Baixa Saxónia como em Hessen, o partido A Esquerda conseguiu superar a barreira de 5% dos votos necessários para entrar no parlamento estadual. Como podem ser interpretados os resultados dessas duas eleições estaduais?Nils Diederich: O resultado das eleições é um indicador de que A Esquerda começa a firmar-se também no Oeste da Alemanha e tem condições de mobilizar um número sólido de simpatizantes. Se esse é um fenómeno temporário ou duradouro, só vamos poder avaliar nas próximas eleições para o Bundestag [câmara baixa do Parlamento alemão].Extrair uma conclusão sobre que influência esse resultado vai ter nas próximas eleições para o Bundestag é muito difícil. É o que mostram as diferenças nos resultados em Hessen e na Baixa Saxónia. O que Koch tornou evidente é que nem sempre os argumentos demagógicos levam ao sucesso. Aparentemente, os eleitores na Alemanha estão suficientemente maduros para tomar decisões caso a caso e não se deixam impressionar por slogans criados para amedrontá-los. Ao contrário, Koch conseguiu afugentar alguns eleitores. É o que também mostra o movimento de eleitores na direcção do Partido Liberal Democrático (FDP). Certamente houve eleitores conservadores que não gostaram do estilo de Koch, mas queriam votar num conservador e acabaram por optar pelo FDP.O partido A Esquerda também se beneficiou do discurso eleitoral de Koch?O impressionante é que a polarização entre Ypsilanti e Koch não levou a uma concentração de votos no SPD. Ou seja, A Esquerda mobiliza o seu próprio eleitorado, que é claramente contra Koch, mas que não vê o SPD como uma alternativa suficiente. Assim, é possível dizer que A Esquerda beneficiou-se [das declarações] de Koch. Um benefício ainda maior veio do fato de o SPD não parecer confiável a todos os eleitores, fazendo com que alguns deles optassem por A Esquerda.
A Esquerda já tem representação em nove parlamentos estaduais. Esse sucesso vai continuar?O resultado é, sem dúvida, relevante para o sistema partidário, e isso também em nível europeu, mas não devemos exagerar o seu significado. Ainda não sabemos nada sobre a estabilidade do comportamento desse eleitorado. De um modo geral, é notório que o espectro partidário na Alemanha está a tornar-se mais diferenciado.As eleições em Hessen e na Baixa Saxónia terão consequências nas eleições em Hamburgo no próximo dia 24 de Fevereiro?
Sou muito céptico a esse respeito, já que os resultados foram muito específicos para cada estado. As consequências de domingo passado estão mais relacionadas à questão de saber se os responsáveis nos partidos mais afectados, principalmente a CDU e o SPD, vão aprender com isso e vão mudar as suas estratégias.Certamente que Von Beust [presidente da Câmara de Hamburgo, da CDU] não vai cometer o erro de adoptar um tom semelhante ao de Koch, mas tentará seguir por uma linha mais leve, voltada para o centro, como Wulff [governador reeleito da Baixa Saxónia, também da CDU]. Isso já tem consequências no tom do discurso. Mas os eleitores tendem a levar muito em consideração os aspectos políticos locais.A Esquerda tem hipóteses de ingressar na assembléia de Hamburgo?Disso eu não estou tão certo. Para alguns eleitores passará a haver uma motivação para votar em A Esquerda. São aqueles que dizem "eu não gostava de dar o meu voto para um partido em relação ao qual não há a certeza de que consegue chegar ao Parlamento." Isso pode agora encorajar alguns eleitores próximos ao SPD a optar conscientemente por A Esquerda para ampliar o espectro de opções partidárias de esquerda. A sustentação de A Esquerda depende apenas da motivação dos seus simpatizantes, que agora percebem que A Esquerda deixa o grupo dos partidos pequenos e começa a estabelecer-se no Ocidente. Isso pode criar um efeito mobilizador.A imprensa especulou que a derrota de Koch em Hessen também é uma derrota da chanceler federal Angela Merkel, que apoiou Koch na campanha eleitoral. Também tem essa opinião?Isso é um grande exagero. Merkel colocou-se ao lado de Koch por obrigação. Mas, na verdade, o resultado negativo para Koch e a confirmação da linha adoptada por Wulff são, antes de mais nada, uma confirmação da linha adoptada pela chanceler. Ela sai - ao contrário do que muitos pensam - talvez até fortalecida dentro do seu partido, já que o curso por ela adoptado mostrou-se correcto para vencer eleições - e isso também em nível nacional.
Ou seja, a chanceler não está ameaçada?
Eu não a vejo ameaçada. Os dois parceiros de coligação [CDU e SPD] reafirmaram que pretendem manter a parceria até ao final do período legislativo, e depois separarem-se. O resultado de domingo significa que eles devem reorganizar-se e realinhar-se. O resultado serve principalmente para o reordenamento do sistema partidário ou - dito de uma forma militar - para o reposicionamento das tropas para o próximo grande combate.
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