Iraque:cessar-fogo com Moqtada foi negociado no Iran 01/04/08

Deputados iraquianos de diversas formações xiitas, entre as quais o partido Dawa do primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki, viajaram para o Irão para negociar o cessar-fogo que entrou em vigor domingo com o clérigo xiita Moqtada al-Sadr, que se encontrava na cidade de Qom. A reunião é confirmada pelo The New York Times , que não menciona a presença de um general iraniano, Qassim Suleimani, comandante das brigadas Qods da Guarda Revolucionária do Irão. Outras fontes, porém, afirmam que o general estava na reunião e participou da decisão.

É unânime, no entanto, a análise de que as negociações e o seu resultado representam um duro golpe para al-Maliki, que saiu muito enfraquecido. Maliki tinha dito que a sua ofensiva só terminaria com a rendição e a entrega das armas do Exército Mahdi, de Moqtada; mas este manteve-as. E todos os relatos apontam para que o exército iraquiano pouco terá conseguido avançar sobre as posições dos sadristas em Bassorá.O presidente dos EUA, George W. Bush, tinha definido a ofensiva do exército iraquiano em Bassorá como "um momento de definição na história do Iraque". Mas a ofensiva ficou muito longe dos seus objectivos.Alguns relatos apontam para o facto de as negociações do cessar-fogo terem sido feitas por membros do partido de Maliki contra a sua própria vontade. A reunião secreta com al-Sadr terá ocorrido na sexta-feira, segundo o relato publicado no site do grupo de informação norte-americano McClatchy.

"A delegação foi da Aliança Iraquiana Unida (dominada pelo partido Dawa e pelo Supremo Conselho do Iraque), e o primeiro-ministro foi apenas informado", disse Haider al Abadi, deputado do partido Dawa. "Se tivéssemos ficado à espera um ano em Bagdad, não teríamos tido este resultado.""O Irão mostrou que pôde mediar este cessar-fogo, enquanto os EUA mostraram muito pouca influência, disse aos jornais Mc Clatchy Joost Hiltermann, um analista do Médio Oriente do International Crisis Group. "Os Estados Unidos gostam de acusar o Irão de cumprir um papel nefasto no Iraque, mas, no fim, Irão e Estados Unidos têm muito em comum."O general iraniano Qassim Suleimani, que terá participado directamente das negociações de cessar-fogo, está na lista do Departamento do Tesouro e do Conselho de Segurança dos EUA como tendo envolvimento com o apoio ao terrorismo e à proliferação nuclear.Segundo o Ministério do Interior iraquiano, morreram 488 pessoas na ofensiva e 900 ficaram feridas.