Países do Sul concentram reservas mundiais em divisas 21/07/08

Vos definiu um investimento seguro como o que oferece taxa de lucro menor do que a média usual do mercado internacional ou do que a que seria obtida colocando o dinheiro no sistema financeiro interno, mais alta, mas, ao mesmo tempo, mais insegura no médio e longo prazos. Acumular reservas externas é sensato, como protecção frente a inesperados impactos esternos, como aumento no preço do petróleo, mas também o é investir parte delas em títulos e activos líquidos no exterior."Entretanto, os países em desenvolvimento acumulam reservas cujos níveis vão muito além do que pode ser visto como medida de precaução", disse Vos à IPS, o que, a seu ver, não é tão sensato. "Além disso, como indicamos no informe, muitas nações em desenvolvimento com grandes reservas de divisas estão a receber ao mesmo tempo grandes fluxos de capitais privados estrangeiros", acrescentou. Segundo Vos, "na medida em que esses fundos contribuem para a acumulação de reservas, chamamos-lhe de reservas emprestadas".
É preciso pagar uma taxa de retorno por esse dinheiro: juros, se for empréstimos, receitas de lucros no caso de investimentos estrangeiros directos. E essa taxa é habitualmente superior ao ganho financeiro obtido com os títulos do Tesouro de outros países. Estima-se que este custo, para o conjunto dos países em desenvolvimento, fique em cerca de 100 mil milhões anuais. Vos acrescentou que muitas nações em desenvolvimento, conscientes desse custo mas em alguns casos "adoçadas" pela rendimento da exportação de petróleo ou alimentos que aumentam pelo encarecimento desses produtos, criaram fundos soberanos que respondem mais ao desejo de acumular fundos do que a movimentos preventivos.O dinheiro dos fundos soberanos normalmente é investido em activos com altas taxas de retorno, como acções em empresas do Ocidente ou projectos de desenvolvimento noutras nações do Sul. Alguns vêem um tom político no fenómeno. Um informe do Instituto McKinsey, citado na semana passada pelo The Wall Street Journal, de Nova York, diz que "a montanha de petrodólares" está a ser usada para promover uma "agenda política anti-norte-americana". Segundo esse estudo, "o surgimento de uma grande quantidade de países com fundos soberanos aumenta as preocupações sobre as razões não económicas e ramificações políticas dos seus investimentos". Essa consultoria acusa o presidente da Venezuela, Hugo Chavez, de "financiar com petrodólares a sua cruzada hemisférica contra a influência dos Estados Unidos na região".Segundo Vos, essas altas reservas de países em desenvolvimento são investidas em países do Sul, mas em activos que oferecem uma baixa taxa de retorno. As oportunidades estão ao alcance das mãos, especialmente para o investimento do nível de reservas que superam o necessário para cobrir entre três e seis meses de exportações e o serviço da divida externa de curto prazo. Esses fundos podem ser usados para projectos de infra-estrutura doméstica ou outros investimentos que fortaleçam as economias dos países que contam com divisas em excesso. Os países que crescem rapidamente, como a China e os maiores exportadores de petróleo, deveriam investir os seus excedentes de capital no Sul, disse Vos, "em bancos regionais que busquem novos recursos financeiros para o desenvolvimento dessas nações", acrescentou.

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