não vamos aceitar que o planeta terra seja destruido pelas elites fascistas!
1.1 - O Clima O clima mundial é comandado pela energia do sol. À medida que a energia solar chega à Terra, o calor é devolvido à atmosfera sob a forma de radiações infravermelhas. A atmosfera terrestre está cheia de gases: dióxido de carbono, metano, ozono, .... Ao mesmo tempo que permitem a entrada da energia solar, estes gases prendem e absorvem alguma da radiação infravermelha que é devolvida pelo planeta. Este processo simples, em que os gases retêm o calor, mantendo o planeta a determinada temperatura, pode ser comparado a uma estufa. Daí, a expressão "efeito estufa". Os gases são conhecidos por "gases estufa". O efeito estufa não representa, em si, portanto, um problema. O que se passa é que estamos a mexer no equilíbrio delicado da Terra ao acrescentar uma quantidade artificial de gases estufa à atmosfera. Mais do que alguma vez aconteceu. É como vestires uma peça extra de roupa quando não precisas - ficas com calor. A maior fonte humana de gases estufa é a produção de dióxido de carbono (CO2), através da queima de combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás, e, também, através da desflorestação. O CO2 é responsável por cerca de 70% do efeito estufa e tem um período de vida na atmosfera que chega aos 100 anos. A quantidade de CO2 que sai para a atmosfera aumentou 30% desde 1750. Em 2050, os níveis terão duplicado, comparados com os da era pré-industrial. O ritmo médio de aquecimento do planeta do último século não tem precedentes nos últimos 10.000 anos. O CO2 é produzido através de muitas actividades humanas (e não humanas). No entanto, existe uma relação directa entre as emissões de CO2 e a actividade corporativa. O Fiancial Times (31-01-1999), que não é, propriamente, o porta-voz do anti-capitalismo, nota que, durante os últimos 50 anos de industrialização rápida, as emissões de carbono subiram e desceram de acordo com os níveis da actividade económica. Estudos feitos pelo Sindicato dos Cientistas Preocupados (Union of Concerned Scientists) confirmam que um pequeno grupo de empresas (apenas 122) são responsáveis por cerca de 80% de todas as emissões de CO2. 1.2 - Como é que a alteração climática afectará o planeta? Os cientistas prevêm mais eventos climáticos estranhos. "Caos Climatérico" é, provavelmente, a descrição mais exacta daquilo que estamos a fazer ao planeta. Aqui vai um bocado do que os cientistas das Nações Unidas (PIAC - Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas) estão a prever: * Em 2100, a temperatura média do planeta terá subido entre 4 e 6 graus, em relação a 1860. Não parece muito, mas não te esqueças que, na última era glaciar, o planeta tinha uma temperatura "apenas" 5 graus mais baixa do que actualmente. * Estimativas conservadoras dizem que o nível do mar subirá cerca de meio metro até 2100. Não haverá hipóteses de adaptação para países com grandes deltas, como o Bangladesh, o Sul da China e o Egipto, e para muitas ilhas do Pacífico. Estas estimativas contam, apenas, com o aumento do volume do mar (o calor dilata os corpos) e não tem em conta o previsível degelo das calotes polares. * Em 2050, haverá cerca de 150 milhões de refugiados ambientais, devido a cheias e secas mais intensas e à subida do nível do mar * Em 2080, 290 milhões de novas pessoas ficarão expostas a doenças como a malária. Os maiores riscos estão previstos para o Sul da China e a Ásia Central. 2. A caminho de Haia Lembras-te da Cimeira do Rio em 1992? Foi aí que frases como "desenvolvimento sustentável" e "pensa globalmente, age localmente" atingiram as primeiras páginas. Foi também aí que se decidiu que a alteração climática era um problema suficientemente importante para ter a sua própria "Convenção sobre Alterações Climáticas", que consiste numa série de encontros anuais (conhecidos como Conferência das Partes, ou COP), com o objectivo explícito de "prevenir a influência antropogénica" (causada pelos humanos)" negativa no sistema climático". Na 3ª COP, em Kyoto, Japão, 1997, o primeiro acordo foi atingido. Os países industrializados deveriam reduzir os seus níveis de emissão de gases estufa em aproximadamente 5,2% até 2010, comparado com os níveis de 1990. Quais os países que deveriam reduzir e em que quantidades, foi o resultado de negociações intensas que se prolongaram pela noite do último dia da conferência - a União Europeia, que tinha assumido querer reduzir as suas emissões em 15%, acabou por se ficar nos 8%, quando os EUA se recusaram a ir pelo mesmo caminho. O objectivo de todos os grandes jogadores (EUA, UE, Japão) era segurarem-se o mais possível e comprometerem-se o menos possível. As questões difíceis, de COMO proceder a essas reduções e de COMO punir os que continuarem a emitir em demasia, foram adiadas... para a 6ª Conferência das Partes (COP6), no ano 2000, em Haia. Os planos para a redução das emissões de gases estufa foram incluidos no Protocolo de Kyoto. Pode-se reduzir as emissões de duas formas: em primeiro lugar, a nível doméstico, o que quer dizer directamente no país que tem a meta de redução. Em segundo lugar, pode-se fazer reduções internacionais, através de um conjunto de iniciativas de permissão de trocas de direitos de emissão, baseadas no mercado internacional, chamadas "Mecanismos Flexíveis". 3. Os Mecanismos Flexíveis Os três mecanismos flexíveis, por vezes também chamados "Mecanismos de Kyoto", são: 1."Comércio Internacional de Emissões", 2."Implementação Conjunta" e 3."Mecanismo do Desenvolvimento Limpo". Permitem que países paguem a outros países para reduzirem as emissões de gases estufa, em vez de as reduzirem nos seus próprios países. 3.1 - Comércio Internacional de Emissões (CIE) Este mecanismo irá permitir que um país venda uma porção dos seus direitos de emissão a outro. É provável que muitos países deleguem este poder, dando permissões a empresas, de forma a que o comércio possa ter lugar entre empresas em vez de entre países. Assim, por exemplo, se tiveres uma fábrica, podes decidir que é mais barato comprar créditos de emissão de gases estufa do que investir numa máquina energeticamente mais eficiente. A ideia é a de que as forças de mercado permitirão que as reduções das emissões sejam conseguidas ao menor custo económico possível. Também se diz que os ganhos financeiros, conseguidos com o comércio de licenças de emissão, serão um incentivo para as reduzir. 3.2 - Implementação Conjunta (IC) A IC é um esquema através do qual um país (ou uma empresa) pode subsidiar um projecto noutro país (neste caso, ambos os países têm que ter assinado metas de redução nacional de emissões em Kyoto) e, em troca, reclamar créditos para emitir gases estufa, por causa da redução nas emissões globais causada por esse esquema. Prevê-se que estes projectos sejam desenvolvidos, essencialmente, nos países da Europa de Leste e o países ocidentais serão os financiadores da maior parte dos esquemas e, portanto, os que reclamarão mais créditos. 3.3 - O Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL) O MDL é igual à IC, com a diferença, importante, de o país que recebe o projecto não ter assinado uma meta de redução nacional de emissões em Kyoto. Isto significa que este mecanismo será, essencialmente, usado no Sul. Desde que foi sugerido nas Nações Unidas, o conceito de comércio de direitos de emissão de gases estufa atraiu as críticas dos ambientalistas que o acusam de ser um forma de dar a volta à situação, através da qual os países ricos podem não ter que reduzir as suas emissões nacionais, comprando a solução do problema. E isto regado com uma dose impensável de cinismo. É que, agora, torna-se possível destruir o ambiente, deixando transparecer apenas que se reduziu a emissão de carbono para a atmosfera. A maior parte das trocas que se englobam dentro do MDL deve acontecer com a Rússia e a Ucrânia, que se decidiram por níveis muito baixos de redução nacional de emissões. Ambos os países decidiram, apenas, voltar aos níveis de 1990, quando, em 1997, as suas emissões já eram mais baixas do que em 1990 em cerca de 30% por causa do colapso económico que se seguiu à queda do comunismo de estado. Portanto, os EUA, por exemplo, podem, pura e simplesmente, comprar quotas russas baratas, em vez de resolver o problema do seu próprio excesso de consumo. Isto é conhecido como o "problema do ar quente". O problema central é que os mecanismos baseados no mercado só funcionam em função de dois objectivos: em primeiro lugar, para cumprir aquilo a que se propõem directamente, o que, neste caso, são esquemas para reduzir as emissões de gases estufa; e, em segundo lugar, para a sobrevivência do próprio mercado. Projectos que se possam candidatar a créditos sob os esquemas da Implementação Conjunta e do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo podem não trazer nenhum tipo de benefícios noutras áreas, como na questão social e noutras questões ecológicas que não o aquecimento global. Por exemplo, a construção de grandes barragens é, muitas vezes, altamente destrutiva em termos sociais e ecológicos, ao obrigar à deslocação de pessoas e ao destruir ecossistemas. Do mesmo modo, há a energia nuclear, que também reduz a emissão de gases estufa (em comparação com a energia conseguida através da queima de combustíveis fósseis) e que, portanto, também se pode candidatar a créditos. E há, ainda, o caso da plantação de florestas, como sumidouros de carbono, que também se podem candidatar a créditos e que teriam efeitos desastrosos, como adiante abordaremos. Geralmente, as economias estão estruturadas de forma a que uma pequena percentagem da população lucre com o “desenvolvimento” dos recursos naturais. Tanto a nível nacional como global, 20% da população dispõe de 80% do capital e dos meios de produção. A nível global, esta desigualdade reflecte-se no facto de o sul fornecer a maioria das matérias primas, enquanto o norte fica com a maioria dos lucros (relatório do Programa de Desenvolvimento das Nacções Unidas, 1998). Tendo em atenção a relação entre as emissões de CO2 e as necessidades de uma elite poderosa, não surpreende que os negociadores do Protocolo Climático não possam aparecer com alguma coisa que contrarie a alteração climática. As pessoas que mais lucram com o processo que resulta no aquecimento global têm a maior influência sobre os negociadores. O lobby industrial está sobre-representado nas conversações e os interesses dos governos ocidentais e os das multinacionais estão intimamente interligados. O Protocolo de Kyoto diz, claramente, que esses mecanismos só devem ser usados como SUPLEMENTO às reduções nacionais. Isto significa que, pelo menos, metade da redução tem que ser conseguida dentro das fronteiras de cada estado. No entanto, os EUA (apoiados pela Câmara de Comércio Internacional) andam a fazer lobby para conseguir que não haja restrições a esse comércio, de forma a poderem comprar tantas licenças de emissão quantas quiserem, sem terem que fazer grande coisa no sentido de alterarem os seus comportamentos económicos. 4. Plantação de "Florestas-sumidouros de carbono" 4.1 - A fotossíntese revisitada As plantas absorvem o dióxido de carbono (CO2). A fotossíntese resume-se à separação que fazem deste gás, armazenando o carbono (C) e libertando o oxigénio (O2). Nestes tempos de alargamento dos negócios ao mais ínfimo pormenor da vida (chamam-lhe economia de mercado, mas trata-se, tão só, de capitalismo), os governantes vêem, aqui, uma alternativa à diminuição das emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis, mantendo a capacidade de atingir as metas a que se comprometeram em Kyoto. A lógica é simples: queimar combustíveis fósseis liberta CO2 para a atmosfera. A árvores absorvem-no. As emissões totais poderiam ser calculadas subtraindo a quantidade de carbono retido nas árvores à quantidade total de emissões. Os factos já não são tão simples. Só se dá uma retenção significativa de carbono quando se trata de florestas em crescimento. Por outro lado, uma plantação em regime de monocultivo de uma espécie de crescimento rápido retém mais carbono do que uma floresta madura. Há, ainda, a questão de estarmos, literalmente, a retirar carbono do interior do planeta para o colocar à superfície. Este processo é irreversível. Enquanto só se adivinha o que isso pode provocar debaixo dos nossos pés (há quem fale em alterações de correntes magnéticas do planeta, o que poderia ter consequências desastrosas), não é difícil adivinhar algumas consequências à superfície. A retenção de carbono na madeira não é um fenómeno eterno. Fogos, secas, cheias e doenças, significam riscos graves de libertação de carbono das florestas. Este risco é, pura e simplesmente, ignorado nas contas dos defensores desta solução. Uma "floresta-sumidouro de carbono" só é contabilizada no que diz respeito à quantidade de madeira que possui. Independentemente de quem plante uma tal floresta, fa-lo-á por razões económicas e, portanto, optará pela solução mais barata e mais eficiente: o monocultivo de espécies de crescimento rápido, baixas em biodiversidade, sorvedoras de água e de nutrientes do solo. Os terrenos escolhidos serão, certamente, os mais baratos, ou seja, os que são usados por populações indígenas e camponeses pobres. 4.2 - O caso de Chiapas Vejamos o caso de Chiapas, no Sul do México. Trata-se de uma área onde isto já é evidente. Dão-se os primeiros passos no negócio das "florestas-sumidouros de carbono" e já a Fédération International de l'Automobile, através duma empresa inglesa chamada "Future Forests", tratou de arranjar forma de plantar árvores que retenham o carbono emitido anualmente pelas corridas de Fórmula 1. Esta terra, até há tempos parte da Selva Lacandona, é habitada por comunidades Maias indígenas. Os efeitos que as plantações de florestas tiveram na área já são suficientemente maus: o que resta da floresta original não ultrapassa 1/3 do seu tamanho inicial, sendo que a maior parte dessa perda ocorreu nos últimos 25 anos. A indústria de plantação tem uma quota parte importante de responsabilidades nesta destruição, não só por plantar em zonas de floresta, mas também pela emigração de indígenas e camponeses para fora das suas terras. Recentemente, a administração mexicana começou a permitir a plantação de 300 mil hectares (cerca de 3 biliões de metros quadrados) de eucaliptos em terras índias. Uma das companhias envolvidas é a International Paper, que é a maior terratenente estado-unidense e a maior empresa mundial de florestação. Está envolvida na vida política, tanto através do seu próprio peso, como via American Forest and Paper Association, que foi quem mais pressionou no sentido de os produtos florestais serem incluidos na Organização Mundial de Comércio (OMC) e que é um óptimo instrumento no assegurar que as "florestas-sumidouros de carbono" são boas para a indústria da madeira. Parte do envolvimento da International Paper em Chiapas vem duma joint venture, com outras duas empresas madeireiras e a Monsanto (sempre presente quando se trata de destruir o ambiente), que tem por objectivo criar a primeira plantação de eucaliptos geneticamente manipulados. Isto traz-nos de volta às "florestas-sumidouros de carbono", porque a capacidade de modificar árvores de forma a que cresçam mais rapidamente e a que absorvam mais carbono é uma das maiores forças por trás da investigação sobre a genética das árvores. Foi este tipo de invasão do capital que provocou a revolta zapatista na zona. Não só as companhias madeireiras, mas também as plantações de café, os grandes conglomerados de cereais e, mais recentemente, as companhias petrolíferas. Depois de séculos de opressão, a população indígena e camponesa sabia que lhes restava a revolta ou a morte. Então, escolheram o dia 1 de Janeiro de 1994 para a sua sublevação. Era a data de entrada em vigor da NAFTA (North American Free Trade Association), que iria abrir as suas terras à exploração empresarial. As novas plantações estão a ser usadas pelo governo como uma arma na guerra de baixa intensidade que se tem mantido desde essa data. As novas estradas abertas para servir as novas plantações estão a ser utilizadas como um meio de os militares ganharem um controlo mais eficaz sobre a zona; e o emprego que as novas plantações irão gerar, como pastilha alienante do descontentamento. Graças à revolta zapatista e aos laços de solidariedade que alcançou por todo o mundo, a situação em Chiapas é conhecida. Mas, por todo o mundo, a situação está a ser clonada e podemos ter a certeza que a maior parte dos crimes deste tipo não é conhecida. Mesmo uma coisa aparentemente tão boa como plantar árvores, quando levada a cabo em função do lucro empresarial e num local tão longínquo que não proporcione indignação moral, pode-se tornar em mais uma fonte de pobreza e exploração.
Alterações Climáticas
GREENPEACE
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