O fanatismo religioso de Bush
por Altamiro Borges:
“Bush acha que Deus fala com ele... Ele se julga em missão divina... Reiterou que sua missão é ditada do alto, a pretexto de que ‘a liberdade é uma dádiva do todo-poderoso’... Essencialmente, o que ele disse foi ter sido ‘convocado’ para esse papel... George W. Bush foi colocado na Casa Branca por Deus”.Bob Woodward, no livro Plan of attack, com base em declarações do próprio presidente-maníaco.
O choque de civilizações foi escrito em 1993. O livro de cabeceira dos republicanos afirma que o mundo vive uma fase de transição e que a maior ameaça ao “ocidente” viria da chamada “conexão islâmica-confuciana”, incluindo os países árabes e a perigosa China. Diante deste cenário apocalíptico, Huntington sugere que o “mundo ocidental” deve usar meios militares para desestabilizar as “civilizações hostis” e preservar a sua hegemonia. “Um mundo sem o primado americano terá mais violência e desordem, menos democracia e crescimento, do que um mundo no qual os EUA continuem a ter mais influência do que qualquer outro país na formação dos negócios globais”. Os atentados de 11 de setembro seriam a prova cabal do acerto desta “teoria”.
“Enviado de Deus na Terra”
Por detrás desta “teoria insana” se escondem muitos tiranos maníacos. A mídia hegemônica, que costuma fazer grosseiras caricaturas do islamismo e de outros credos, não enfatiza que o próprio George W. Bush é um ativo partidário da intolerância e do fanatismo religioso. Ele jura que é um “enviado de Deus na terra” – ou, como escreveu um colunista do Washington Post, “é o próprio aiatolá da América”. Na sessão conjunta do Congresso de setembro de 2001, quando decretou sua “guerra infinita”, o atual presidente dos EUA esbravejou: “Ou você está conosco, ou está com os terroristas. De hoje em diante, qualquer nação que continuar a acolher ou apoiar o terrorismo será encarada pelos EUA como regime hostil”.
Foi nesta ocasião que Bush pregou a “cruzada contra o terrorismo”, numa versão cristã da Jihad, a guerra santa dos mulçumanos. Poucos dias depois, o pastor Jerry Falwell, um de seus “conselheiros espirituais”, aproveitou o clima de histeria decorrente dos atentados de 11 de setembro para afirmar que “Maomé é terrorista”. Já o reverendo Pat Robertson disse que aquele ataque fora “um castigo de Deus por causa da legalização aborto e da ação das feministas e gays”. E a jornalista Ann Coulter, entusiasta da “guerra santa”, escreveu: “Devíamos invadir o país deles, matar os líderes deles e convertê-los ao cristianismo”.
O “renascimento em Cristo”
De há muito que a família Bush explora a religiosidade dos estadunidenses para escamotear seus negócios ilícitos e justificar sua política ultraconservadora. Segundo vários dos seus biógrafos, após uma longa fase de “beberrão a arruaceiro”, o atual presidente difundiu amplamente a imagem do “renascido em Cristo” – born again Christian –, o que rende muitos votos no segmento mais atrasado do eleitorado. Ele inclusive passou a fazer pregações em igrejas e nos shows evangélicos de televisão, nos quais satanizava as demais religiões e dizia que relia a Bíblia a cada dois anos. O reverendo Tony Evans, seu confidente em Dallas quando ele era governador do Texas, relata que Bush “sentia que Deus falava com ele” e rezava várias vezes ao dia “para ser, tanto quanto possível, um bom mensageiro da vontade de Deus”.
Bush gostava de relatar que o seu “renascimento em Cristo” se dera com a ajuda do pastor midiático Billy Grahan, cultuado como o “estadista evangélico da América”. Grahan é um antigo conselheiro espiritual da família Bush, tendo passado várias férias na residência de praia em Kenneebunkport, no extremo oeste dos EUA. O reverendo inclusive teria uma ligação afetiva com baby-Bush devido à semelhança do seu problema com o do seu filho, Franklin Grahan, que aos 22 anos voltou a se dedicar à religião após longa fase de vícios e internações. Segundo relato do próprio Grahan, foi numa conversa com o atual presidente, durante uma caminhada na praia de Kennebunkport, em 1986, que baby-Bush se reconverteu à religião.
“Livrar-se do último demônio”
“Quando a gente está sem Deus nesta vida, amarga terrível solidão... Há uma coisa que gostaria que você fizesse ao voltar ao Texas. Deus ama você, George. Deus está interessado em você. Para voltar a dedicar a vida a Jesus Cristo e se tornar um homem novo, você terá de se livrar daquele último demônio. George, dê isso a ele. Deus vai assumir a carga e você será libertado”, orientou o pastor. Segundo relato do próprio Bush, ele só teria se libertado dos seus “demônios” durante uma festa com os amigos texanos de Midland para comemorar o seu 40º aniversário. Após aquela longa folia, ele jurou que nunca mais iria beber.
Bush garante a sua vida mudou radicalmente depois que ele ouviu os “conselhos espirituais” do reverendo Grahan. Antes de “excomungar seus demônios”, afastando-se do alcoolismo e de outros vícios, ele havia fracassado na vida política (foi derrotado numa eleição para deputado em 1978) e no mundo dos negócios (suas três empresas do ramo de petróleo faliram entre 1976 e 1983). Após a “reconversão”, ele se tornou governador do Texas, em 1993 (reeleito em 1977), e presidente dos EUA, em 2000. Daí ele afirmar, com uma convicção hipócrita e oportunista, que é um predestinado, um “enviado de Deus na terra”.
O falso moralismo dos theocons
Na eleição de 2000, George Bush teve apoio ativo dos pastores ultraconservadores, como Pat Robertson, Jerry Falwell e do midiático Billy Grahan. Os seus cabos eleitorais foram os fanáticos das organizações religiosas de extrema direita dos EUA, como a Maioria Moral e a Coalizão Cristã, secretariada por Ralph Reed. Este só não pôde participar mais ativamente da campanha eleitoral porque foi revelada sua atuação ilegal e criminosa de lobista da Microsoft e da corrupta Enron. Para colegas evangélicos, o pastor Reed jurava que “Deus escolheu Bush porque sabia de suas qualidades de líder vigoroso e resoluto”.
A agressividade dos tele-evangelistas contra as “civilizações hostis”, as liberdades democráticas, o aborto e o homossexualismo acabou rendendo votos entre o eleitorado mais conservador e chauvinista dos EUA. Além disso, ela foi apimentada pelo falso moralismo destas seitas. Isto apesar de denúncias contra muitos pastores. Um deles, Jim Baker, dono de império de hotéis, escandalizou o país ao admitir que mantinha relações extra-conjugais e ao ser preso por desvio de dólares dos fiéis. Já Jimmy Swaggart, cuja pregação alcançava mais de 100 países, incluindo o Brasil, caiu em desgraça ao se descoberto em prostíbulos. Ele chorou, pediu desculpas e, pouco depois, voltou à ativa, tornando-se ativo apoiador de George W. Bush.
Já Pat Robertson, criador da Coalizão Cristã, detém postos de comando no Partido Republicano e possui milionários negócios, como a exploração de minas de ouro na Libéria e uma influente rede de televisão – Cristian Broadcasting Network (CBN). Seu programa diário na TV é famoso pelas agressivas campanhas contra o aborto e o casamento gay, pela obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas e pela defesa dos “valores da família”. No ano passado, causou celeuma no país ao pregar o assassinato do presidente Fidel Castro. A Coalizão diz possuir um milhão de adeptos e se vangloria de ter já elegido vários deputados, senadores e governadores. Ela tem um luxuosa sede em Washington que serve para sua ação lobista.
“A cruzada sanguinária” de Bush
Na verdade, toda esta encenação religiosa serve aos propósitos dos republicanos ultraconservadores. De há muito que o Partido Republicano sofre enorme influência da direita religiosa dos EUA, dos chamados theocons. Nela militam não apenas reverendos fascistas, como Pat Robertson e Jerry Falwell, mas vários advogados com notável dedicação às campanhas moralistas. O grupo teve muito poder nos dois mandatos de Ronald Reagan, sendo baluarte da luta contra o comunismo, e também no governo de Bush-pai. Mas depois caiu no descrédito, sendo responsabilizado pelas duas derrotas consecutivas dos republicanos. Na gestão de Bill Clinton, os theocons lideraram a campanha moralista pelo impeachment do presidente.
Com a vitória de baby-Bush e, principalmente, após os atentados de 11 de setembro de 2001, este grupo retornou com toda força ao poder e hoje ocupa postos-chaves em várias áreas do governo, especialmente no Departamento de Justiça. O atual presidente usou, de forma oportunista, de toda a carga religiosa e das contribuições dos theocons para decretar sua “guerra santa ao terrorismo” e para proclamar o “choque de civilizações” como forma de justificar as criminosas ocupações do Afeganistão e, depois, do Iraque. Ele se postou como “mensageiro de Deus” nesta “cruzada” sanguinária. A direita religiosa também conseguiu emplacar a sua política contra as liberdades civis, o direito ao aborto e o homossexualismo nos EUA.
“Bush acha que Deus fala com ele... Ele se julga em missão divina... Reiterou que sua missão é ditada do alto, a pretexto de que ‘a liberdade é uma dádiva do todo-poderoso’... Essencialmente, o que ele disse foi ter sido ‘convocado’ para esse papel... George W. Bush foi colocado na Casa Branca por Deus”.Bob Woodward, no livro Plan of attack, com base em declarações do próprio presidente-maníaco.
O choque de civilizações foi escrito em 1993. O livro de cabeceira dos republicanos afirma que o mundo vive uma fase de transição e que a maior ameaça ao “ocidente” viria da chamada “conexão islâmica-confuciana”, incluindo os países árabes e a perigosa China. Diante deste cenário apocalíptico, Huntington sugere que o “mundo ocidental” deve usar meios militares para desestabilizar as “civilizações hostis” e preservar a sua hegemonia. “Um mundo sem o primado americano terá mais violência e desordem, menos democracia e crescimento, do que um mundo no qual os EUA continuem a ter mais influência do que qualquer outro país na formação dos negócios globais”. Os atentados de 11 de setembro seriam a prova cabal do acerto desta “teoria”.
“Enviado de Deus na Terra”
Por detrás desta “teoria insana” se escondem muitos tiranos maníacos. A mídia hegemônica, que costuma fazer grosseiras caricaturas do islamismo e de outros credos, não enfatiza que o próprio George W. Bush é um ativo partidário da intolerância e do fanatismo religioso. Ele jura que é um “enviado de Deus na terra” – ou, como escreveu um colunista do Washington Post, “é o próprio aiatolá da América”. Na sessão conjunta do Congresso de setembro de 2001, quando decretou sua “guerra infinita”, o atual presidente dos EUA esbravejou: “Ou você está conosco, ou está com os terroristas. De hoje em diante, qualquer nação que continuar a acolher ou apoiar o terrorismo será encarada pelos EUA como regime hostil”.
Foi nesta ocasião que Bush pregou a “cruzada contra o terrorismo”, numa versão cristã da Jihad, a guerra santa dos mulçumanos. Poucos dias depois, o pastor Jerry Falwell, um de seus “conselheiros espirituais”, aproveitou o clima de histeria decorrente dos atentados de 11 de setembro para afirmar que “Maomé é terrorista”. Já o reverendo Pat Robertson disse que aquele ataque fora “um castigo de Deus por causa da legalização aborto e da ação das feministas e gays”. E a jornalista Ann Coulter, entusiasta da “guerra santa”, escreveu: “Devíamos invadir o país deles, matar os líderes deles e convertê-los ao cristianismo”.
O “renascimento em Cristo”
De há muito que a família Bush explora a religiosidade dos estadunidenses para escamotear seus negócios ilícitos e justificar sua política ultraconservadora. Segundo vários dos seus biógrafos, após uma longa fase de “beberrão a arruaceiro”, o atual presidente difundiu amplamente a imagem do “renascido em Cristo” – born again Christian –, o que rende muitos votos no segmento mais atrasado do eleitorado. Ele inclusive passou a fazer pregações em igrejas e nos shows evangélicos de televisão, nos quais satanizava as demais religiões e dizia que relia a Bíblia a cada dois anos. O reverendo Tony Evans, seu confidente em Dallas quando ele era governador do Texas, relata que Bush “sentia que Deus falava com ele” e rezava várias vezes ao dia “para ser, tanto quanto possível, um bom mensageiro da vontade de Deus”.
Bush gostava de relatar que o seu “renascimento em Cristo” se dera com a ajuda do pastor midiático Billy Grahan, cultuado como o “estadista evangélico da América”. Grahan é um antigo conselheiro espiritual da família Bush, tendo passado várias férias na residência de praia em Kenneebunkport, no extremo oeste dos EUA. O reverendo inclusive teria uma ligação afetiva com baby-Bush devido à semelhança do seu problema com o do seu filho, Franklin Grahan, que aos 22 anos voltou a se dedicar à religião após longa fase de vícios e internações. Segundo relato do próprio Grahan, foi numa conversa com o atual presidente, durante uma caminhada na praia de Kennebunkport, em 1986, que baby-Bush se reconverteu à religião.
“Livrar-se do último demônio”
“Quando a gente está sem Deus nesta vida, amarga terrível solidão... Há uma coisa que gostaria que você fizesse ao voltar ao Texas. Deus ama você, George. Deus está interessado em você. Para voltar a dedicar a vida a Jesus Cristo e se tornar um homem novo, você terá de se livrar daquele último demônio. George, dê isso a ele. Deus vai assumir a carga e você será libertado”, orientou o pastor. Segundo relato do próprio Bush, ele só teria se libertado dos seus “demônios” durante uma festa com os amigos texanos de Midland para comemorar o seu 40º aniversário. Após aquela longa folia, ele jurou que nunca mais iria beber.
Bush garante a sua vida mudou radicalmente depois que ele ouviu os “conselhos espirituais” do reverendo Grahan. Antes de “excomungar seus demônios”, afastando-se do alcoolismo e de outros vícios, ele havia fracassado na vida política (foi derrotado numa eleição para deputado em 1978) e no mundo dos negócios (suas três empresas do ramo de petróleo faliram entre 1976 e 1983). Após a “reconversão”, ele se tornou governador do Texas, em 1993 (reeleito em 1977), e presidente dos EUA, em 2000. Daí ele afirmar, com uma convicção hipócrita e oportunista, que é um predestinado, um “enviado de Deus na terra”.
O falso moralismo dos theocons
Na eleição de 2000, George Bush teve apoio ativo dos pastores ultraconservadores, como Pat Robertson, Jerry Falwell e do midiático Billy Grahan. Os seus cabos eleitorais foram os fanáticos das organizações religiosas de extrema direita dos EUA, como a Maioria Moral e a Coalizão Cristã, secretariada por Ralph Reed. Este só não pôde participar mais ativamente da campanha eleitoral porque foi revelada sua atuação ilegal e criminosa de lobista da Microsoft e da corrupta Enron. Para colegas evangélicos, o pastor Reed jurava que “Deus escolheu Bush porque sabia de suas qualidades de líder vigoroso e resoluto”.
A agressividade dos tele-evangelistas contra as “civilizações hostis”, as liberdades democráticas, o aborto e o homossexualismo acabou rendendo votos entre o eleitorado mais conservador e chauvinista dos EUA. Além disso, ela foi apimentada pelo falso moralismo destas seitas. Isto apesar de denúncias contra muitos pastores. Um deles, Jim Baker, dono de império de hotéis, escandalizou o país ao admitir que mantinha relações extra-conjugais e ao ser preso por desvio de dólares dos fiéis. Já Jimmy Swaggart, cuja pregação alcançava mais de 100 países, incluindo o Brasil, caiu em desgraça ao se descoberto em prostíbulos. Ele chorou, pediu desculpas e, pouco depois, voltou à ativa, tornando-se ativo apoiador de George W. Bush.
Já Pat Robertson, criador da Coalizão Cristã, detém postos de comando no Partido Republicano e possui milionários negócios, como a exploração de minas de ouro na Libéria e uma influente rede de televisão – Cristian Broadcasting Network (CBN). Seu programa diário na TV é famoso pelas agressivas campanhas contra o aborto e o casamento gay, pela obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas e pela defesa dos “valores da família”. No ano passado, causou celeuma no país ao pregar o assassinato do presidente Fidel Castro. A Coalizão diz possuir um milhão de adeptos e se vangloria de ter já elegido vários deputados, senadores e governadores. Ela tem um luxuosa sede em Washington que serve para sua ação lobista.
“A cruzada sanguinária” de Bush
Na verdade, toda esta encenação religiosa serve aos propósitos dos republicanos ultraconservadores. De há muito que o Partido Republicano sofre enorme influência da direita religiosa dos EUA, dos chamados theocons. Nela militam não apenas reverendos fascistas, como Pat Robertson e Jerry Falwell, mas vários advogados com notável dedicação às campanhas moralistas. O grupo teve muito poder nos dois mandatos de Ronald Reagan, sendo baluarte da luta contra o comunismo, e também no governo de Bush-pai. Mas depois caiu no descrédito, sendo responsabilizado pelas duas derrotas consecutivas dos republicanos. Na gestão de Bill Clinton, os theocons lideraram a campanha moralista pelo impeachment do presidente.
Com a vitória de baby-Bush e, principalmente, após os atentados de 11 de setembro de 2001, este grupo retornou com toda força ao poder e hoje ocupa postos-chaves em várias áreas do governo, especialmente no Departamento de Justiça. O atual presidente usou, de forma oportunista, de toda a carga religiosa e das contribuições dos theocons para decretar sua “guerra santa ao terrorismo” e para proclamar o “choque de civilizações” como forma de justificar as criminosas ocupações do Afeganistão e, depois, do Iraque. Ele se postou como “mensageiro de Deus” nesta “cruzada” sanguinária. A direita religiosa também conseguiu emplacar a sua política contra as liberdades civis, o direito ao aborto e o homossexualismo nos EUA.
amercia latina te espera facista.
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