Peixe na água! 23/01/08 por Gorka ANDRAKA
A um pobre não se dá peixe, ensina-se a pescar. As velhas receitas não servem. Pelo menos, não servem para os pobres. Os peixes gordos, os “pescanovos”, têm a exclusividade. Pescar, arrasar. Uma faina. Um roubo. A um pobre não se dá peixe, ensina-se a patrulhar. O presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, disse esta semana em Madrid: “procuro um sócio para vigiar as águas senegalesas e acabar com a pesca clandestina”. Precisamos de guardas costeiros. “Esses jovens que vêm para Espanha em barcos são, em muitos casos, pescadores que não podem pescar um único peixe nas águas do meu país, espoliadas por barcos europeus e asiáticos” – denuncia o presidente do Senegal. “Tínhamos um dos bancos pesqueiros mais ricos do mundo, mas essa riqueza foi esgotada por piratas que capturam tudo o que apanham, até alevinos”. Para Abdoulaye Wade, tanto mal, até o mar, ainda tem remédio: “se nos aliássemos para desenvolver o sector pesqueiro e acabar com a pesca ilegal, a situação podia mudar e os pescadores podiam ficar no Senegal” – insiste o presidente.
A metade do peixe que se consome hoje na Europa foi capturada nos países pobres de forma ilegal. São peixes de contrabando. O nosso continente converteu-se no principal mercado da pesca pirata, um negócio que todos os anos movimenta mais de 14.000 milhões de euros. E a procura aumenta. Devora. Devasta. Esgota os mares.Um camponês moçambicano contou esta história ao escritor Mia Couto: “um macaco estava perto dum rio, viu um peixe dentro da água e pensou ‘este animal está a afogar-se’. O macaco meteu a mão na água, apanhou e tirou o peixe da água. E quando o peixe se começou a agitar o macaco disse: ‘que pena, se tivesse chegado antes’.” Assim estamos, continuamos. Oferecemos canas. Formamos pescadores. Patrocinamos os iscos. Fazemos alianças de civilizações. Chegamos tarde, mais uma vez. E ainda nos dá pena. Que macacada!
A metade do peixe que se consome hoje na Europa foi capturada nos países pobres de forma ilegal. São peixes de contrabando. O nosso continente converteu-se no principal mercado da pesca pirata, um negócio que todos os anos movimenta mais de 14.000 milhões de euros. E a procura aumenta. Devora. Devasta. Esgota os mares.Um camponês moçambicano contou esta história ao escritor Mia Couto: “um macaco estava perto dum rio, viu um peixe dentro da água e pensou ‘este animal está a afogar-se’. O macaco meteu a mão na água, apanhou e tirou o peixe da água. E quando o peixe se começou a agitar o macaco disse: ‘que pena, se tivesse chegado antes’.” Assim estamos, continuamos. Oferecemos canas. Formamos pescadores. Patrocinamos os iscos. Fazemos alianças de civilizações. Chegamos tarde, mais uma vez. E ainda nos dá pena. Que macacada!
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