Privatização familiar 03/01/08 por Amauri Ferreira
Uma das questões mais essenciais da nossa época refere-se à crescente degradação ambiental e social que caracteriza as sociedades modernas. Vemos uma enorme valorização de tudo que é privado, em detrimento do espaço público. O filósofo Gilles Deleuze e o psicanalista Félix Guattari, através da contundente obra “Capitalismo e Esquizofrenia”, nos dizem que a família moderna tornou-se um microcosmo, virando as costas para a produção social.O homem moderno passa a caracterizar-se por um desenfreado consumo de imagens de dois tipos: imagens de pessoa social e imagens de pessoa privada. O que ele conhece através das transmissões televisivas, das capas de revistas ou dos anúncios publicitários é sempre uma imagem idealizada de um sujeito bem-sucedido profissionalmente e pessoalmente. Interessante captura do desejo: o homem moderno deseja uma vida bem-sucedida que é restrita às imagens oferecidas no conforto do seu lar.
Portanto, tudo passa a ser privatizado, na medida em que as vantagens que são oferecidas apenas podem ser adquiridas de acordo com o poder de compra de quem recebe essas imagens. Resta à família, fechada em si mesma, consumir as imagens que são preenchidas pelo campo de imanência do capitalismo – o que reforça a fissura entre ela e o campo social. Tudo passa a ser privatizado: o carro, a casa, os seguranças, o cachorro. Como dizem os anúncios publicitários com imagens de famílias sorridentes: “Você e sua família terão segurança e vantagens!”. Miséria, desespero e violência tornam-se apenas imagens televisivas – já não nos assustamos mais com isso. Porém, quando os efeitos sociais produzidos por uma privatização do sujeito explodem ao nosso lado, constatamos que a realidade do que se vê na televisão é bem diferente daquela que se vê com um olhar já sem adornos.Entendemos que os problemas sociais e ambientais não são distintos da privatização da família. E na medida em que isso cresce, o cinismo surge à tona: dizem que ainda se espera amenizar esses problemas, mas desde que não coloque em risco a permanência dos interesses econômicos em que tudo segue privatizado. Na esteira de Deleuze e Guattari, nos parece ser de absoluta importância um despertar da prática micropolítica, onde o desejo deixa de investir em um sujeito privado e passa a abrir-se aos agenciamentos coletivos, criando novos espaços territoriais afetivos. Isso faz romper com uma divisão estabelecida socialmente, ou seja, a rigidez nos horários, a rotina, os compromissos (já que tal divisão torna não somente a família, mas também o sujeito num microcosmo), e restabelece o investimento do desejo naquilo que faz com que o novo, o inédito, o diferente, tornem-se aliados em uma transformação social.
Portanto, tudo passa a ser privatizado, na medida em que as vantagens que são oferecidas apenas podem ser adquiridas de acordo com o poder de compra de quem recebe essas imagens. Resta à família, fechada em si mesma, consumir as imagens que são preenchidas pelo campo de imanência do capitalismo – o que reforça a fissura entre ela e o campo social. Tudo passa a ser privatizado: o carro, a casa, os seguranças, o cachorro. Como dizem os anúncios publicitários com imagens de famílias sorridentes: “Você e sua família terão segurança e vantagens!”. Miséria, desespero e violência tornam-se apenas imagens televisivas – já não nos assustamos mais com isso. Porém, quando os efeitos sociais produzidos por uma privatização do sujeito explodem ao nosso lado, constatamos que a realidade do que se vê na televisão é bem diferente daquela que se vê com um olhar já sem adornos.Entendemos que os problemas sociais e ambientais não são distintos da privatização da família. E na medida em que isso cresce, o cinismo surge à tona: dizem que ainda se espera amenizar esses problemas, mas desde que não coloque em risco a permanência dos interesses econômicos em que tudo segue privatizado. Na esteira de Deleuze e Guattari, nos parece ser de absoluta importância um despertar da prática micropolítica, onde o desejo deixa de investir em um sujeito privado e passa a abrir-se aos agenciamentos coletivos, criando novos espaços territoriais afetivos. Isso faz romper com uma divisão estabelecida socialmente, ou seja, a rigidez nos horários, a rotina, os compromissos (já que tal divisão torna não somente a família, mas também o sujeito num microcosmo), e restabelece o investimento do desejo naquilo que faz com que o novo, o inédito, o diferente, tornem-se aliados em uma transformação social.
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