*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Saturday, January 05, 2008

Balanço da situação iraquiana no começo de 2008 05/01/08

As notícias dos médias sobre festas de Ano Novo em certas zonas de Bagdade não conseguem disfarçar o facto de os iraquianos terem pouco a esperar do ano 2008 e ainda menos a festejar quanto a 2007. O ano passado foi mais um ano de morte, de destruição e de sofrimento. Até os dados incompletos compilados pela Associated Press – que apenas incluem as mortes noticiadas, excluindo os chamados “revoltosos” mortos em combate contra as tropas dos EUA do governo iraquiano – mostram que pelo menos 18.610 civis tiveram mortes violentas. Outras dezenas de milhares de mortes foram devidas à malnutrição, à ingestão de águas inquinadas, à contaminação pelo urânio empobrecido e a disfunções do sistema de saúde.2007 será lembrado como o ano em que a maior agência britânica de sondagens, a ORB, calculou que 1,2 milhões de iraquianos foram mortos sob a ocupação dos EUA, vindo assim confirmar o cálculo de mortos antes feito por cientistas para a Universidade Johns Hopkins. Também ficará marcado como o ano em que mais de um milhão de iraquianos foram obrigados a fugir de casa para escaparem à violência sectária fomentada e encorajada pela política imperialista dos EUA. O “reforço” [“surge”] de mais 30.000 soldados estadunidenses chegados ao país entre Março e Junho foi acompanhado pela considerada mais terrível onda de limpeza étnica da história moderna do Iraque.Em 21 de Dezembro a UNICEF publicou estatísticas reveladoras da destruição social: só 28% dos iraquianos com 17 anos de idade se apresentaram ao exames finais do ano lectivo de 2007, e a violência impediu mais de um milhão de crianças de frequentarem a escola primária.Estes números sublinham a acusação feita pelo WSWS em 24 de Maio de 2007 de que os arquitectos da invasão do Iraque tinham cometido um sociocídio – “matança deliberada e sistemática de toda uma sociedade” – com o fim de se apoderarem do território do país e dos recursos petrolíferos para benefício das grandes empresas estadunidenses. Os perpetradores do governo de Bush e os governos seus aliados têm de ser chamados à responsabilidade por estes crimes de guerra.Milhares de famílias de militares estadunidenses e britânicos pagaram um amargo preço. Foram mortos mais militares ocupantes no Iraque em 2007 do que em qualquer outro ano desde a invasão de Março de 2003. No total, perderam a vida 901 soldados estadunidenses, 47 britânicos e 9 de outros países ocupantes. As baixas acumuladas dos EUA nesta guerra ilegal ascendem agora a 3.904 mortos e 28.661 feridos – muitos dos quais com lesões cerebrais, perdas de membros ou outras lesões permanentes. Outros 30.185 soldados tiveram de ser evacuados por razões médicas devido a lesões “não hostis”, como doenças e perturbações psicológicas. Pelo menos 132 militares estadunidenses se suicidaram num país dilacerado pela guerra.Em 2008 assistir-se-á à continuação da matança e da mutilação. Na sua conferência de imprensa de fim de ano, em 29 de Dezembro, o comandante estadunidense no Iraque, general David Petraeus, lançou um balde de água fria sobre as declarações que pretendiam que o reforço [“surge”] das tropas tinha permitido aos EUA controlarem o país. Mesmo admitindo a diminuição do número de baixas nos últimos três meses – as baixas fatais foram as menos numerosas desde o início de 2004 –, ele foi prevenindo que “inevitavelmente continuará a haver duros combates, dias difíceis e semanas difíceis, mas em menos quantidade, se Deus quiser”.A prevenção de Petraeus resulta da natureza claramente temporária da pequena diminuição de riscos de que beneficiaram as tropas estadunidenses. A atenuação dos ataques contra as forças de ocupação não tem origem em qualquer mudança na esmagadora oposição iraquiana à presença dos EUA nem em qualquer melhoria nas condições de vida catastróficas da maioria dos iraquianos. Essa atenuação provém, isso sim, de uma série de negociações desesperadas, orquestradas por Petraeus, para comprar um certo número de grupos resistentes de origem árabe sunita e para assegurar um cessar-fogo com o grosso da oposição xiita fundamentalista à ocupação, o Exército de Mahdi do clérigo Moqtada al-Sadr.


Estes negócios estão a começar a correr mal. Pelo menos 77.000 milícias sunitas estão a ser pagos pelos militares dos EUA no Iraque ocidental e nos enclaves sunitas dentro e à volta de Bagdade. Os dirigentes dessas milícias, muitos deles relacionados com o anterior regime baasista de Saddam Hussein, tentam conseguir mais peso políticopor meio de um sórdido acordo sectário de partilha do poder com os fundamentalistas xiitas e com os partidos nacionalistas curdos que dominam o governo fantoche de Bagdade. Deste modo, todas essas facções estão a ficar em contradição aberta com as esperanças e as aspirações do povo trabalhador iraquiano de todas as seitas e grupos étnicos.Já há dois milhões de refugiados iraquianos na Síria e na Jordânia, a quem é dito que não poderão voltar para casa. A possibilidade de regresso depende de pertencerem à mesma seita que a milícia que controla a sua zona de habitação. Milhares de xiitas estão a ser impedidos de entrar em zonas controladas por milícias sunitas e que, em muitos casos, estão cercadas por muralhas de betão de 4 metros de altura construídas pelos EUA. Ao mesmo tempo, dezenas de milhares de sunitas e de cristãos expulsos por milícias xiitas arriscam-se a perder tudo. O Exército de Mahdi, no âmbito do seu acordo com Petraeus, tomou conta de grandes sectores de Bagdade, onde exérce o seu poder sectário em nome de Sadr.A revolta contra este desmembramento negociado com os EUA e o predomínio das milícias é acrescida pela incapacidade da ocupação para oferecer empregos e serviços básicos. O desemprego e o subemprego combinados, em zonas como Sadr City, elevam-se a 70% e são inevitáveis novos surtos de resistência.Em todo o sul do Iraque, de maioria xiita, a situação é igualmente instável. O acordo de Sadr com os ocupantes implicou, em termos práticos, perder os seus apoiantes, maioritariamente trabalhadores, para os militares EUA e para o Supremo Conselho Islâmico Iraquiano (SCII) – o maior partido xiita pró-ocupação e representante das elites xiitas religiosas e de negócios mais poderosas. Por via disso, centenas de milicianos sadristas têm sido marcados como “fora-de-lei”, perseguidos e presos ou mortos.
Os observadores da política iraquiana falam de um crescente mal-estar nas bases sadristas por causa das negociatas de Sadr e da colaboração com as forças dos EUA. Peter Harling, do International Crisis Group, disse no mês passado à McClatchy Newspapers: “Não vejo como isto se possa manter. Eles [os apoiantes de Sadr] mostram-se muitíssimo desiludidos, aceitarão a decisão de Moqtada [o cessar-fogo] mas não por muito tempo”.Segundo um artigo do Washington Post de 26 de Dezembro, muitos milicianos foram concentrados em Najaf, Kerbala, Hilla e Diwaniya. Há indicações de que os militares estadunidenses, em conjunto com forças do governo iraquiano leais ao SCII, estão a preparar uma ataque em força contra os sadristas e os partidos, milícias e sindicatos a eles ligados na cidade rica em petróleo de Bassorá. Há grandes possibilidades de ser esse o primeiro grande banho de sangue do novo ano, o qual poderá desencadear revoltas anti-ocupação em todo o sul do Iraque.Enquanto a matança continua, vários sectores da elite dirigente dos EUA usam a autêntica carnificina que provocaram para argumentar que as forças estadunidenses têm de ficar no Iraque para estabelecer as condições para a “democracia”. Essa propaganda não passa de uma desavergonhada apologia do primeiro grande crime de guerra em curso no século XXI. A ocupação está a governar por meio da promoção das divisões sectárias e da repressão quotidiana da oposição à sua presença. A primeira condição para que o Iraque possa vir a refazer-se da catástrofe social e política provocada pela guerra liderada pelos EUA é a retirada imediata e sem condições de todas as tropas estadunidenses e de outros países.Artigo original (em inglês) aqui.

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