A obsessão cubana dos Repórteres sem Fronteiras 19/02/08 por Salim LAMRANI
Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) continuam obcecados por Cuba. Enquanto, segundo seus próprios dados, 86 jornalistas e 20 colaboradores dos meios de comunicação foram assassinados em todo o mundo em 2007, 67 profissionais da imprensa foram seqüestrados e nenhum cubano está nestas listas, a organização parisiense centra-se na maior ilha do Caribe (1). O secretário geral da entidade que pretende defender “a liberdade de imprensa”, Robert Menard, aproveitou as eleições legislativas cubanas para relembrar “a dramática sorte dos jornalistas aprisionados” (2).Durante uma conferência da imprensa em Madrid no dia 16 de janeiro de 2008, a RSF reiterou “seu pedido para que libertem os vinte e quatro jornalistas cubanos aprisionados [...] com o absurdo pretexto de que seriam mercenários a soldo dos Estados Unidos”.A organização refere-se às pessoas condenadas pela justiça cubana a penas que vão de seis a vinte e oito anos de cárcere por associação a uma potência estrangeira e a mercenários (3).A RSF qualifica as acusações das autoridades de “absurdas” e pretendem convencer a opinião pública de que os “vinte e quatro jornalistas cubanos presos” apenas estão nessa situação por causa de seu pensamento de caráter heterodoxo e em nenhum momento fizeram algo que violasse a lei ao aceitar ajuda financeira dos Estados Unidos. É isto que afirma a justiça cubana. Os céticos poderiam colocar em dúvida a imparcialidade do sistema judicial cubano. Que seja.Todavia existe uma fonte que confirma esta realidade e que está fora de qualquer suspeita. Com efeito, os documentos oficiais do governo de Washington confirmam que os Estados Unidos recrutam, treinam e financiam pessoas em Cuba para promover sua política exterior contra o regime revolucionário.
Primeiro, desde o triunfo da Revolução em 1959, os Estados Unidos têm elaborado uma política destinada a criar uma oposição em Cuba. Por exemplo, durante uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, realizada em 14 de janeiro de 1960, o subsecretário Livingston Merchant declarou: “Nosso objetivo é adequar todas as nossas ações a fim de acelerar o desenvolvimento de uma oposição em Cuba [...]”. Por sua vez o secretário adjunto de Assuntos Interamericanos, Roy Rubottom, afirmou que “o programa aprovado [destinado a derrubar o governo cubano] autorizou a oferecer nossa ajuda a elementos que se opõem ao governo de Castro em Cuba para que pareça que a sua queda seja resultado de seus próprios erros” (4).Da mesma forma, em 19 de junho de 1963, Kennedy aprovou o “plano integral de ação encoberta” que pretendia “manter todas as pressões possíveis sobre Cuba, criar e explorar em Cuba situações calculadas para estimular elementos dissidentes do regime [...] com o fim de consumar um golpe de Estado” (5).Essa política continua vigente com uma diferença: o que constituía uma política clandestina e secreta nos anos sessenta se transformou em uma política pública a partir de 1992.Votada em 1992 pelo Congresso estadunidense a lei Torricelli dispõe também de uma parte intervencionista e subversiva. Por exemplo, a seção 1705 normatiza que “os Estados Unidos proporcionará assistência às organizações não governamentais adequadas a apoiar indivíduos e organizações que promovam uma mudança democrática, sem violência, em Cuba” (6).Adotada pela Administração Clinton em 1996, a lei Helms-Burton também prevê agrupar, reforçar e financiar uma oposição interna em Cuba. A seção 109 é muito clara: “O presidente [dos Estados Unidos] está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não governamentais independentes para intensificar esforços com objetivo de construir uma democracia em Cuba” (7).
Em 6 de maio de 2004 o presidente Bush publicou um impressionante relatório de 454 páginas intitulado Comission for Assistance to a Free Cuba (Comissão de Assistência a uma Cuba Livre). Esse relatório informa a elaboração de um “sólido programa de apoio que favoreça a sociedade civil cubana”. Entre as medidas preconizadas, um financiamento no montante de 36 milhões de dólares destina-se ao “apoio da oposição democrática e ao fortalecimento da sociedade civil emergente” (8).Em 3 de março de 2005 Roger Noriega, na época secretário assistente de Assuntos do Hemisfério Ocidental da administração Bush, assinalou que se haviam acrescentado 14,4 milhões de dólares ao pressuposto 36 milhões de dólares previsto no relatório de 2004. Noriega, inclusive, foi tão sincero que chegou a revelar a identidade de algumas pessoas que se encarregam da elaboração da política exterior estadunidense contra Cuba. Citou os nomes de Martha Beatriz Roque, as Damas de Branco e Oswaldo Payá (9).Em 10 de julho de 2006 o presidente Bush aprovou o novo relatório de 93 páginas. O objetivo estabelecido está claro: romper a ordem constitucional vigente em Cuba. A primeira medida adotada disponibiliza um financiamento maior aos grupos de “dissidentes”. Washington estuda acelerar o recrutamento de indivíduos cujo papel será participar da derrocada do governo atual. Aos 36 milhões de dólares previstos no primeiro relatório de 2004 e aos 14,4 milhões de dólares adicionados em março de 2005, acrescenta-se uma nova soma de 31 milhões. O plano de Bush inclusive cita as pessoas encarregadas de liderar as forças subversivas: Martha Beatriz Roque, Oswaldo Payá, Guillermo Farinas e as Damas de Branco, entre outras (10).
A administração Bush também oferece 24 milhões de dólares adicionais a Radio e TV Martí, dois meios de comunicação estadunidenses que se destinam a promover uma “mudança de regime”, para que ampliem as transmissões de programas subversivos para Cuba, infringindo a legislação internacional que proíbe a violação do espaço hertziano nacional. Os membros da “dissidência” cubana receberão uma parte desta soma para adquirir e distribuir equipamentos de rádio e televisão que permitam captar os programas emitidos pelos Estados Unidos. Outros países estão convidados a transmitir os programas subversivos para Cuba. O plano prevê também “treinar e equipar jornalistas independentes da imprensa escrita, radiofônica e televisiva em Cuba” (11).
Desta forma os próprios documentos oficiais dos Estados Unidos confirmam a existência de uma política de subversão e contradizem de maneira indiscutível as afirmações da RSF. Por outro lado, a organização parisiense não hesita em converter delinqüentes em jornalistas de forma que estes – que jamais tinham desempenhado uma atividade jornalística antes de integrar o considerável comércio da dissidência, com duas exceções – escrevam linhas ofensivas contra o governo de Havana.Porém a RSF, cuja agenda é claramente política, multiplica as mentiras. Em seu comunicado declara que “a população de dispõe a indicar, na falta de poder eleger seus representantes na Assembléia Nacional e nas assembléias estaduais” e acrescenta que “não se pode ter ilusões com relação às eleições [...]. O pluralismo político não figura na ordem do dia e os cubanos apenas podem eleger os 614 representantes, já designados, do Partido Comunista Cubano, o único autorizado” (12).O problema é que a legislação cubana proíbe categoricamente ao Partido Comunista indicar candidatos. “Nenhum partido tem direito a indicar candidatos. A indicação dos candidatos se dá diretamente pelos próprios eleitores através de assembléias públicas. O Partido Comunista não é uma organização eleitoral e, sendo assim, não se apresenta para as eleições e não pode indicar candidatos” (13). Além disso, mais da metade dos parlamentares que foram eleitos não são membros do Partido Comunista (14). Com que objetivo a RSF oculta esta realidade senão para enganar a opinião pública e prosseguir sua campanha de satanização de Cuba?
A organização de Robert Menard evoca também “O estado de saúde [...] dos representantes da imprensa dissidente encarcerados em Cuba”, entre os quais alguns estariam “gravemente enfermos”. A RSF afirma que “na cela não lhes proporcionam nem comida nem cuidados adequados” (15). A entidade de “defesa da liberdade de imprensa” não teme parecer ridícula. Com efeito, como pode sobreviver na prisão um detento privado de alimentação adequada e atendimento médico? Acaso pode a RSF citar pelo menos o nome de um individuo que tenha falecido na prisão de Cuba por falta de atendimento médico ou alimentação?Quais as razões da RSF por esta obsessão particular em relação a Cuba? A causa será realmente a situação da imprensa? Pelo que se vê não, pois se fosse o caso suas prioridades seriam o Iraque aonde 47 jornalistas foram assassinados em 2007, na Somália oito jornalistas perderam a vida, no Paquistão seis jornalistas pereceram, no Sri Lanka três jornalistas foram executados, Afeganistão, Eritrea, Filipinas, Nepal e México locais onde também vários jornalistas foram assassinados, porém nenhum em Cuba (16). A resposta é o financiamento da RSF. Naturalmente, a organização é subvencionada pela organização de extrema direita Center for a Free Cuba (Centro por uma Cuba Livre) (17) cujo diretor Frank Calzón é um antigo dirigente da Fundação Nacional Cubana Americana (FNCA), uma organização terrorista responsável por numerosos atentados contra Cuba (18). A RSF também é financiada pelo departamento oculto da CIA que é a National Endowment for Democracy (Fundo Nacional para Democracia) cujo objetivo é promover a agenda política da Casa Branca (19).O escritor e jornalista francês Maxime Vivas acaba de publicar um livro revelador sobre “A Face Oculta dos Repórteres sem Fronteiras” no qual denuncia “os acordos duvidosos, os financiamentos vergonhosos, as desigualdades seletivas [...], as mentiras reiteradas dos Repórteres sem Fronteiras, tudo a serviço de uma causa sem vínculo algum com os objetivos que proclama”. Este livro, particularmente preciso, esclarece o jogo duplo de Robert Menard e revela o verdadeiro rosto da organização parisiense a serviço dos poderosos do mundo (20).
A administração Bush também oferece 24 milhões de dólares adicionais a Radio e TV Martí, dois meios de comunicação estadunidenses que se destinam a promover uma “mudança de regime”, para que ampliem as transmissões de programas subversivos para Cuba, infringindo a legislação internacional que proíbe a violação do espaço hertziano nacional. Os membros da “dissidência” cubana receberão uma parte desta soma para adquirir e distribuir equipamentos de rádio e televisão que permitam captar os programas emitidos pelos Estados Unidos. Outros países estão convidados a transmitir os programas subversivos para Cuba. O plano prevê também “treinar e equipar jornalistas independentes da imprensa escrita, radiofônica e televisiva em Cuba” (11).
Desta forma os próprios documentos oficiais dos Estados Unidos confirmam a existência de uma política de subversão e contradizem de maneira indiscutível as afirmações da RSF. Por outro lado, a organização parisiense não hesita em converter delinqüentes em jornalistas de forma que estes – que jamais tinham desempenhado uma atividade jornalística antes de integrar o considerável comércio da dissidência, com duas exceções – escrevam linhas ofensivas contra o governo de Havana.Porém a RSF, cuja agenda é claramente política, multiplica as mentiras. Em seu comunicado declara que “a população de dispõe a indicar, na falta de poder eleger seus representantes na Assembléia Nacional e nas assembléias estaduais” e acrescenta que “não se pode ter ilusões com relação às eleições [...]. O pluralismo político não figura na ordem do dia e os cubanos apenas podem eleger os 614 representantes, já designados, do Partido Comunista Cubano, o único autorizado” (12).O problema é que a legislação cubana proíbe categoricamente ao Partido Comunista indicar candidatos. “Nenhum partido tem direito a indicar candidatos. A indicação dos candidatos se dá diretamente pelos próprios eleitores através de assembléias públicas. O Partido Comunista não é uma organização eleitoral e, sendo assim, não se apresenta para as eleições e não pode indicar candidatos” (13). Além disso, mais da metade dos parlamentares que foram eleitos não são membros do Partido Comunista (14). Com que objetivo a RSF oculta esta realidade senão para enganar a opinião pública e prosseguir sua campanha de satanização de Cuba?
A organização de Robert Menard evoca também “O estado de saúde [...] dos representantes da imprensa dissidente encarcerados em Cuba”, entre os quais alguns estariam “gravemente enfermos”. A RSF afirma que “na cela não lhes proporcionam nem comida nem cuidados adequados” (15). A entidade de “defesa da liberdade de imprensa” não teme parecer ridícula. Com efeito, como pode sobreviver na prisão um detento privado de alimentação adequada e atendimento médico? Acaso pode a RSF citar pelo menos o nome de um individuo que tenha falecido na prisão de Cuba por falta de atendimento médico ou alimentação?Quais as razões da RSF por esta obsessão particular em relação a Cuba? A causa será realmente a situação da imprensa? Pelo que se vê não, pois se fosse o caso suas prioridades seriam o Iraque aonde 47 jornalistas foram assassinados em 2007, na Somália oito jornalistas perderam a vida, no Paquistão seis jornalistas pereceram, no Sri Lanka três jornalistas foram executados, Afeganistão, Eritrea, Filipinas, Nepal e México locais onde também vários jornalistas foram assassinados, porém nenhum em Cuba (16). A resposta é o financiamento da RSF. Naturalmente, a organização é subvencionada pela organização de extrema direita Center for a Free Cuba (Centro por uma Cuba Livre) (17) cujo diretor Frank Calzón é um antigo dirigente da Fundação Nacional Cubana Americana (FNCA), uma organização terrorista responsável por numerosos atentados contra Cuba (18). A RSF também é financiada pelo departamento oculto da CIA que é a National Endowment for Democracy (Fundo Nacional para Democracia) cujo objetivo é promover a agenda política da Casa Branca (19).O escritor e jornalista francês Maxime Vivas acaba de publicar um livro revelador sobre “A Face Oculta dos Repórteres sem Fronteiras” no qual denuncia “os acordos duvidosos, os financiamentos vergonhosos, as desigualdades seletivas [...], as mentiras reiteradas dos Repórteres sem Fronteiras, tudo a serviço de uma causa sem vínculo algum com os objetivos que proclama”. Este livro, particularmente preciso, esclarece o jogo duplo de Robert Menard e revela o verdadeiro rosto da organização parisiense a serviço dos poderosos do mundo (20).
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