A guerra invisível na República Democrática do Congo 17/03/08 por Amy GOODMAN
República Democrática do Congo Um caso exemplar de pilhagem e submissão
http://resistir.info/africa/congo_pilhagem.html
É o conflito mais mortífero desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 5 milhões de pessoas morreram nos últimos 10 anos, no entanto continua praticamente a passar despercebido e sem que se fale sobre o assunto nos Estados Unidos da América. Este conflito ocorre na República Democrática do Congo, na África Central. No centro desta guerra estão os recursos naturais que o Congo possui e as empresas multinacionais que os extraem. As perspectivas de paz melhoraram ligeiramente: foi assinado um acordo de paz nas províncias do leste do Congo, em Kivu. No entanto, sem um processo de reconciliação que abranja todo o país, e uma renegociação de todos os contratos mineiros, o sofrimento continuará sem dúvida nenhuma.
No relatório mais recente sobre a mortalidade na República Democrática do Congo o International Rescue Committee revela que desde 1998 ocorreram mais de 5.4 milhões de mortes. Estas mortes superam aquelas que teriam ocorrido normalmente. Por outras palavras, uma perda de vidas humanas na escala do que aconteceu no 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque, mas de dois em dois dias, num país que tem uma sexta parta da população dos Estados Unidos da América.
E um pouco de história: depois de apoiar os aliados na Segunda Guerra Mundial, o Congo obteve a independência em 1960 e elegeu como primeiro-ministro Patrice Lumumba, um pan-africano progressista. Pouco depois foi assassinado num complô no qual esteve implicada a CIA. Os Estados Unidos da América instalaram e apoiaram Mobutu Sese Seko, que governou tiranicamente e roubou a nação durante mais de 30 anos. O Congo está em guerra desde a sua morte, de 1996 a 2002 esta guerra foi provocada pelas invasões dos países vizinhos: Ruanda e Uganda; e desde então o conflito continua. Um aspecto particularmente horrível deste conflito é a violência sexual massiva usada como arma de guerra. A activista de direitos humanos Christine Schuler Deschryver falou-me sobre as centenas de milhares de mulheres e crianças que são vítimas de violação: “Já não estamos a falar das violações normais. Falamos de terrorismo sexual, porque as destroem (não se pode imaginar o que está a acontecer no Congo)… Falamos de um novo tipo de cirurgia para reparar as mulheres, porque estão completamente destruídas”. Ela descreveu o dano físico infringido às mulheres, às crianças: “Uma tinha 10 meses de idade. São violações que implicam a inserção de paus, pistolas e plástico derretido”. Deschryver esteve nos Estados Unidos da América como convidada de V-Day, uma campanha de Eve Ensler para pôr fim à violência contra as mulheres, numa tentativa de alertar o público para este genocídio e apoiar o Hospital de Panzi, em Bukavu, a aldeia de Deschryver.
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É o conflito mais mortífero desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 5 milhões de pessoas morreram nos últimos 10 anos, no entanto continua praticamente a passar despercebido e sem que se fale sobre o assunto nos Estados Unidos da América. Este conflito ocorre na República Democrática do Congo, na África Central. No centro desta guerra estão os recursos naturais que o Congo possui e as empresas multinacionais que os extraem. As perspectivas de paz melhoraram ligeiramente: foi assinado um acordo de paz nas províncias do leste do Congo, em Kivu. No entanto, sem um processo de reconciliação que abranja todo o país, e uma renegociação de todos os contratos mineiros, o sofrimento continuará sem dúvida nenhuma.
No relatório mais recente sobre a mortalidade na República Democrática do Congo o International Rescue Committee revela que desde 1998 ocorreram mais de 5.4 milhões de mortes. Estas mortes superam aquelas que teriam ocorrido normalmente. Por outras palavras, uma perda de vidas humanas na escala do que aconteceu no 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque, mas de dois em dois dias, num país que tem uma sexta parta da população dos Estados Unidos da América.
E um pouco de história: depois de apoiar os aliados na Segunda Guerra Mundial, o Congo obteve a independência em 1960 e elegeu como primeiro-ministro Patrice Lumumba, um pan-africano progressista. Pouco depois foi assassinado num complô no qual esteve implicada a CIA. Os Estados Unidos da América instalaram e apoiaram Mobutu Sese Seko, que governou tiranicamente e roubou a nação durante mais de 30 anos. O Congo está em guerra desde a sua morte, de 1996 a 2002 esta guerra foi provocada pelas invasões dos países vizinhos: Ruanda e Uganda; e desde então o conflito continua. Um aspecto particularmente horrível deste conflito é a violência sexual massiva usada como arma de guerra. A activista de direitos humanos Christine Schuler Deschryver falou-me sobre as centenas de milhares de mulheres e crianças que são vítimas de violação: “Já não estamos a falar das violações normais. Falamos de terrorismo sexual, porque as destroem (não se pode imaginar o que está a acontecer no Congo)… Falamos de um novo tipo de cirurgia para reparar as mulheres, porque estão completamente destruídas”. Ela descreveu o dano físico infringido às mulheres, às crianças: “Uma tinha 10 meses de idade. São violações que implicam a inserção de paus, pistolas e plástico derretido”. Deschryver esteve nos Estados Unidos da América como convidada de V-Day, uma campanha de Eve Ensler para pôr fim à violência contra as mulheres, numa tentativa de alertar o público para este genocídio e apoiar o Hospital de Panzi, em Bukavu, a aldeia de Deschryver.
Maurice Carney, director executivo de Amigos do Congo, em Washington, afirma: “No Congo ocorrem basicamente dois tipos de violação: a violação das mulheres e crianças e a violação da terra, os recursos naturais. O Congo tem recursos naturais extraordinários: 30% das reservas mundiais de coltan. Temos que entender a influência das empresas em tudo o que acontece no país”. Entre as companhias que Carney culpa por avivar a violência está a OM Group, com sede em Cleveland, líder mundial da produção de químicos especiais baseados em cobalto e um dos principais fornecedores de químicos especiais com base em níquel. E também o gigante da química Cabot Corp que produz coltan, também conhecido como tântalo, um componente difícil de extrair, mas que é essencial em todos os circuitos electrónicos, usado em telemóveis e outros artigos electrónicos. Diz-se que a procura excessiva de coltan é responsável de alimentar a segunda guerra do Congo, entre 1998 e 2002. Um antigo director executivo de Cabot é, nem mais nem menos, que o actual secretário de estado da Energia do governo de Bush, Samuel Bodman. Outra destas companhias é Freeport McMoRan, com sede em Phoenix, que assumiu o controlo da enorme concessão mineira de Phelps Dodge no Congo.As Nações Unidas têm publicado vários relatórios muito críticos em relação à exploração ilegal que as empresas fazem dos minerais do Congo. Uma revisão realizada pelo governo congolês de mais de 60 contratos mineiros faz um apelo para que estes sejam novamente negociados ou cancelados imediatamente. Carney afirma: “Oitenta por cento da população vive com menos de 30 centavos de dólar, ou menos, por dia, enquanto milhões de dólares saem discretamente do país para os bolsos das grandes companhias mineiras”. Uma questão importante para nós nos Estados Unidos da América é: Como pode ser que num país, em menos de 10 anos, morreram 6 milhões de pessoas devido à guerra e doenças relacionadas e nós nem sabemos de nada?
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