*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Sunday, April 27, 2008

José Saramago ele não é marxista?27/04/08 Karl marx morreu precisamente em 1966 quando michel foucault publicou as palavras e as coisas.

Michel Foucault, ao analisar a gênese e a filosofia das ciências, mostra como é recente o aparecimento do "homem" na história do nosso saber. Estuda a mudança interior de nossa cultura do século XVIII ao século XIX, através da gramática geral, que se tornou filologia; da análise das riquezas, que se tornou economia política, e da história natural, que se tornou biologia.
(foto José Saramago)Em entrevista, Samarago fala do pesadelo de sua quase morte .Como o senhor se sente?José Saramago - Em termos relativos, e levando em conta o que sofri nos últimos meses, extraordinariamente bem. Há um termo de comparação: me vejo agora e lembro como estava antes, inclusive encontro certa dificuldade para comparar essas duas pessoas, a que eu fui e esta que está aqui agora. A diferença é de tal magnitude que chego a pensar que tudo aquilo foi um sonho. Ou melhor, um pesadelo. Estou muito bem. Continuo com minha recuperação e estou trabalhando, escrevendo.Pensamos que não fosse viver para contar.Saramago - Não cheguei a pensar nisso; pensei que estava realmente mal, em um estado deplorável, mas tinha muita confiança em meus médicos, nos que me cuidaram. Mas, enfim, em minhas horas de solidão, que no fundo eram quase todas, embora Pilar estivesse sempre ao meu lado, admiti como algo bastante natural que não sairia daquilo. Ou, pior, que saísse para ir para o outro lado... Agora, para mim foi surpreendente a serenidade, a tranqüilidade com que aceitei sem medo e sem angústias a hipótese de não sobreviver à doença. E essa serenidade e essa tranqüilidade, não é que eu tenha me reconciliado com a idéia da morte, porque não se pode reconciliar com a idéia da morte, mas me ajudou a contemplar esse fato como algo natural. E além disso inevitável, não podia fazer nada contra ela. Você pode se armar da força que encontra em si para não ceder ao pânico, ao medo, à angústia de um possível final, e que além disso o esteja vivendo... Tudo isso eu vivi, mas como estou bem agora não lembro como uma situação que passei, mas como um pesadelo. E a única coisa que tinha de fazer era despertar desse pesadelo. Despertei.
O que viu ao despertar?Saramago - Não era como estar no pesadelo do qual despertamos e depois lembramos. Durante todo esse tempo eu não era um, mas dois. Um que padecia uma doença e outro que assistia a tudo o que acontecia a esse enfermo. Eu estava ao mesmo tempo vivendo um pesadelo e assistindo a ele.Isso deve ter criado uma emoção muito forte.Saramago - Não sei. Eu me senti em um estado de quase anestesia total. Quer dizer, eu vivia isso não com indiferença, absolutamente, ao contrário, mas poderia inclusive dizer que o vivi sem emoções. Não lembro de ter cedido ao peso de qualquer sentimento, de medo ou de pena. Não. Eu examinava a mim mesmo com uma frieza quase científica. Desenvolvi, isso sim, um senso de humor muito ativo, nas conversas com os médicos e com as enfermeiras. Nunca fui brincalhão, mas ali me mostrei brincalhão, fiz piadas sobre o que estava acontecendo, desmistifiquei o drama. E eu nunca conto piadas! Creio que isso me protegeu de um sentimentalismo fácil, um pouco chorão; nunca senti esse risco, mas nessa ocasião não o sofri absolutamente. Nunca.Sentiu raiva?Saramago - Raiva de quê?De estar perdendo a vida.Saramago - Mas a raiva é inútil se não tiver um alvo. Que raiva seria? Contra mim mesmo? Contra um poder superior que tivesse decidido que minha vida acabaria ali? E mesmo que esse poder superior existisse, como chegariam a ele os efeitos da minha raiva? Não, nenhuma raiva. Morrer, acabar e sentir raiva, para quê? Quem se crê essa pessoa para sentir raiva? Acreditava que eu tinha o direito de continuar vivendo? Creio que sim. Admito. Mas o que me impressiona é a inutilidade da raiva em circunstâncias como essas.Resignação tampouco?Saramago - Não é resignação, é simplesmente uma aceitação. São dois movimentos distintos. Você o aceita porque não tem outra saída. A resignação é aceitação mas ao mesmo tempo é renúncia. E pode não haver renúncia na aceitação.Isso é como uma ressurreição.Saramago - De certa forma. Porque você é testemunha do despertar de um corpo adormecido, e esse corpo é seu. Os médicos estão fazendo seu trabalho, e o seu é ajudar seu corpo, nesse processo que pode se chamar de ressurreição. Mas eu gosto mais de chamá-lo de processo de regresso, é menos dramático e mais claro. Você está regressando a si mesmo. (...) Fiquei reduzido a alguém que estava ali e não tinha ânimo, força nem vontade para escrever. A única parte do corpo que não sofreu essa perda de tônus creio que foi o cérebro, que demonstrou uma atividade extraordinária, que não posso explicar. Nunca caí nessa sonolência... sempre estive muito desperto, com capacidade de observação e de comentário. Até de piadas!
Isso o salvaria.Saramago - Talvez sim... E o estado excelente de meu coração. Quando o corpo parecia inclinado a renunciar, o coração continuou lutando e ganhou a batalha.E o romance?Saramago - Era algo que podia terminar ou não. Ou você consegue sair e regressa para casa, ou o que estava fazendo fica inacabado. A viagem do elefante. Vai andando.Muitos tememos que esta exposição que se inaugura hoje em Lisboa seria uma exposição póstuma. Como se sente em sua própria cidade e assistindo a ela?Saramago - Muito contente, muito feliz. Não é que esta viagem seja uma espécie de reconciliação com minha cidade, nunca dei as costas ao país onde nasci. Sempre voltei; depois da doença e de tudo isso, se diz que há um reencontro... Para um reencontro são necessários pelo menos dois, a pátria e a pessoa, mas a pátria é uma abstração, não me apareceu, nem agora nem nunca, vestida não imagino como, dizendo "eu sou a pátria". Mas uma pessoa pertence a um lugar, a uma história, a um idioma, e creio que isso é a pátria. Sou muito crítico com a situação social e política em Portugal, penso que o ânimo das pessoas está decaído, parecem ter renunciado ao futuro... Estamos muito sombrios, mas este é meu país, e ponto. Não é o mais belo nem o mais inteligente nem o mais criativo, mas é meu país. Há anos me perguntaram sobre as relações com minha terra, e eu respondi: gosto do que este país fez de mim. Porque você pode protestar contra isto e aquilo, mas não pode negar o bom e o mau que ele lhe fez, e depois decide se gosta ou não. Mas, se gostar, confesse. No fundo, a coisa é muito simples: eu posso criticar Portugal, mas há uma pergunta: e quem seria eu se não tivesse nascido neste lugar do mundo?E a resposta é...?Saramago - Seria mais inteligente, teria escrito uma obra mais importante, seria reconhecido pelas pessoas na rua, dariam meu nome a ruas ou institutos? Não sei. Você é o que é e ponto.

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