entrevista do Secretário de Estado Francês para os Assuntos Europeus.Jean-Pierre Jouyet 14/05/08
Pergunta: Será que esta é uma boa hora para Nicolas Sarkozy assumir a presidência da União Européia, já que ele está em queda vertiginosa nas pesquisas de opinião?Resposta: Essa presidência, prevista há muito tempo, é independente do cursor de popularidade. Ela visa ao relançamento da construção européia, após quinze anos de impasse institucional, através da implementação do Tratado de Lisboa, que foi impulsionado pela França.P.: E se o povo irlandês disser não em seu referendo?
R.: Estamos confiantes em sua sabedoria proverbial e atentos à preservação do que lhe é mais caro.
R.: Estamos confiantes em sua sabedoria proverbial e atentos à preservação do que lhe é mais caro.
P.: Apesar de tudo, a França continua inspirando confiança, com o mais preocupante déficit da zona do euro?R.: Qualquer derrapagem no controle das contas públicas afetaria, de fato, a sua credibilidade. Mas a França respeitará o contrato europeu, com um
endividamento suportável a médio prazo e um controle de suas despesas públicas. O Presidente da República [Nicolas Sarkozy], conduzirá a sua ação estritamente dentro do respeito ao interesse geral da Europa.P.: O interesse geral é o meio ambiente. Como fazer para cumprir com os compromissos assumidos (redução de 20% das emissões de gás de efeito estufa, criação de um mercado interno de energia, 20% de energias renováveis até 2020, etc.) com os países que estão ingressando e preocupados, sobretudo, em recuperar o atraso de produtividade, portanto, poluidores em potencial?R.: A presidência francesa defenderá a coerência das propostas da Comissão Européia sobre essas questões, que subentende o advento de um novo modelo de desenvolvimento econômico.A Europa deve adotar as medidas que possibilitem aos países-membros respeitar esses ambiciosos objetivos e dotar-se de mecanismos, levando em conta, por exemplo, o CO2 nas importações, para evitar as distorções de concorrência que levarem a deslocamentos de empresas em massa. Esse ajuste nas fronteiras naturalmente não teria repercussão senão nos outros países que não tomarem as medidas adequadas de luta contra o aquecimento climático.
P.: Estaríamos caminhando para um pacto pela gestão comum dos fluxos migratórios?R.: Acho que sim. Na França, a questão é colocada em termos ideológicos, enquanto que entre nossos parceiros europeus, prevalece o pragmatismo. A necessidade econômica da imigração vem junto com a necessidade de se lutar contra a chegada de trabalhadores clandestinos. O consenso é mais forte do que se acredita. Será mais difícil obtermos um acordo dobre o direito de asilo. Como será difícil também construirmos uma defesa européia comum, tanto mais que se reprova a Nicolas Sarkozy suas tentações atlantistas...Eu não sou atlantista e milito por uma defesa européia forte, com uma estratégia comum. Um fortalecimento das capacidades operacionais, uma programação mais eficaz das ações em todos os lugares em que a situação o exija e a implementação de uma verdadeira agência européia do armamento. Nada disso será feito em seis meses, mas a presidência francesa pretende dar um impulso irreversível em prol de uma defesa européia que não esteja fundida com a OTAN, mas complementar a ela.
P.: Essa presidência não representa também a oportunidade para que o Banco Central Europeu seja mais ouvido?R.: A zona do euro, que trouxe vantagens algumas vezes esquecidas, deve ser mais visível no plano internacional e ter mais peso em relação às grandes moedas do mundo. É preciso dialogar com o BCE e fazer com que o grau de vigilância econômica seja pelo menos igual ao da vigilância orçamentária.P.: Será necessário ainda concluir o remanejamento da Política Agrícola Comum...R.: A PAC não está ultrapassada. Ela tem que ser renovada, especialmente com relação às grandes culturas. Para alguns, é preciso deixar agir as ferramentas do mercado e, para outros, é necessário manter os subsídios. Ao mesmo tempo, o apoio aos países mais necessitados deve se reforçado, para que eles possam desenvolver sua própria agricultura.
P.: O projeto de uma União do Mediterrâneo defendido por Nicolas Sarkozy provocou uma boa parcela de ceticismo...R.: Trata-se de uma aventura que está fazendo progressos e que convém continuar a conduzir em simbiose com nossos parceiros. O Mediterrâneo é uma prioridade. É preciso ir além do Processo de Barcelona e favorecer uma maior cooperação dos países do Sul entre si. Os mais belos projetos nem sempre são os mais fáceis de serem concretizados...
P.: Se o Presidente da República quer deixar de comparecer à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, como Presidente da União, ele poderá fazê-lo?R.: A França fica feliz com a retomada do diálogo entre o Dalai Lama e as autoridades chinesas. No que se refere à cerimônia de abertura, o Presidente da República só tomará uma decisão na qualidade de Presidente da União depois de consultar seus parceiros, após a reunião do Conselho Europeu do mês de junho.
P.: Em suma, no espaço de seis meses, não se pode fazer grande coisa...R.: Uma presidência bem-sucedida é uma presidência que faz com que o interesse geral da Europa progrida e permita que sejam assentados os marcos para que sejam enfrentados todos os grandes desafios: a política social, a economia, a demografia, a paz no mundo.
P.: Estaríamos caminhando para um pacto pela gestão comum dos fluxos migratórios?R.: Acho que sim. Na França, a questão é colocada em termos ideológicos, enquanto que entre nossos parceiros europeus, prevalece o pragmatismo. A necessidade econômica da imigração vem junto com a necessidade de se lutar contra a chegada de trabalhadores clandestinos. O consenso é mais forte do que se acredita. Será mais difícil obtermos um acordo dobre o direito de asilo. Como será difícil também construirmos uma defesa européia comum, tanto mais que se reprova a Nicolas Sarkozy suas tentações atlantistas...Eu não sou atlantista e milito por uma defesa européia forte, com uma estratégia comum. Um fortalecimento das capacidades operacionais, uma programação mais eficaz das ações em todos os lugares em que a situação o exija e a implementação de uma verdadeira agência européia do armamento. Nada disso será feito em seis meses, mas a presidência francesa pretende dar um impulso irreversível em prol de uma defesa européia que não esteja fundida com a OTAN, mas complementar a ela.
P.: Essa presidência não representa também a oportunidade para que o Banco Central Europeu seja mais ouvido?R.: A zona do euro, que trouxe vantagens algumas vezes esquecidas, deve ser mais visível no plano internacional e ter mais peso em relação às grandes moedas do mundo. É preciso dialogar com o BCE e fazer com que o grau de vigilância econômica seja pelo menos igual ao da vigilância orçamentária.P.: Será necessário ainda concluir o remanejamento da Política Agrícola Comum...R.: A PAC não está ultrapassada. Ela tem que ser renovada, especialmente com relação às grandes culturas. Para alguns, é preciso deixar agir as ferramentas do mercado e, para outros, é necessário manter os subsídios. Ao mesmo tempo, o apoio aos países mais necessitados deve se reforçado, para que eles possam desenvolver sua própria agricultura.
P.: O projeto de uma União do Mediterrâneo defendido por Nicolas Sarkozy provocou uma boa parcela de ceticismo...R.: Trata-se de uma aventura que está fazendo progressos e que convém continuar a conduzir em simbiose com nossos parceiros. O Mediterrâneo é uma prioridade. É preciso ir além do Processo de Barcelona e favorecer uma maior cooperação dos países do Sul entre si. Os mais belos projetos nem sempre são os mais fáceis de serem concretizados...
P.: Se o Presidente da República quer deixar de comparecer à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, como Presidente da União, ele poderá fazê-lo?R.: A França fica feliz com a retomada do diálogo entre o Dalai Lama e as autoridades chinesas. No que se refere à cerimônia de abertura, o Presidente da República só tomará uma decisão na qualidade de Presidente da União depois de consultar seus parceiros, após a reunião do Conselho Europeu do mês de junho.
P.: Em suma, no espaço de seis meses, não se pode fazer grande coisa...R.: Uma presidência bem-sucedida é uma presidência que faz com que o interesse geral da Europa progrida e permita que sejam assentados os marcos para que sejam enfrentados todos os grandes desafios: a política social, a economia, a demografia, a paz no mundo.
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