*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

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Saturday, October 14, 2006

Mais privatizações: Alckmin estaria escondendo o jogo?



O candidato tucano Geraldo Alckmin hoje afirma que não venderia a Petrobras, mas há poucos meses prometia retomar a política de privatizações de FHC. Em campanha eleitoral, o tucano-pefelista Geraldo Alckmin vem repetindo que, se eleito, não privatizaria a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Um pequeno histórico de suas declarações e, mais importante, de suas ações no governo de São Paulo, contradiz seu discurso de candidato. Há alguns meses, Alckmin afirmava abertamente que, se eleito, retomaria a política de privatizações do governo FHC. Em entrevista concedida ao jornal O Globo em 15 de janeiro 2006, Alckmin afirmou que ''tem muita coisa que se pode privatizar''.

Os anos em que o candidato tucano esteve à frente do governo de São Paulo são prova suficiente de sua índole privatista. Desde a criação do Programa Estadual de Desestatização (PED), em julho de 1996, setores estratégicos da economia paulista foram vendidos para os monopólios privados por preços irrisórios.

O vice-governador Alckmin, como presidente do PED, privatizou dezenas de empresas públicas, entre as quais Eletropaulo, CPFL, Elektro, Cesp, Comgás e Ceagesp. Já as rodovias Bandeirantes, Anhangüera, Castelo Branco, Dom Pedro, Carvalho Pinto, Ayrton Senna, Imigrantes e Anchieta tiveram concessão cedida a empresas privadas. Desde então, os paulistas passaram a pagar altos pedágios nessas estradas.

Danos a São PauloA lista das privatizações se intensificou com a venda de ações da Nossa Caixa e da Nossa Caixa Previdência, em 2002, quando Alckmin já tinha se tornado governador. Os danos causados à economia paulista foram incalculáveis. O tradicional banco estadual Banespa, por exemplo, contava com ativos de R$ 29 bilhões e patrimônio de R$ 11 bilhões antes do leilão, em 2000, mas foi vendido ao espanhol Santander por apenas R$ 7,05 bilhões.

Após a privatização o banco ainda demitiu 13 mil bancários e obteve R$ 10 bilhões de lucros nos três primeiros anos de operação. E a política de privatizações de Alckmin em São Paulo não foi uma ação isolada. Desde o início dos anos 90, a venda do patrimônio público tem sido uma das prioridades dos governos do PSDB com o objetivo de reduzir o tamanho do setor público, em detrimento dos interesses do País.

O governo FHC vendeu estatais estratégicas, como a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderurgia Nacional e a Embraer. As empresas passaram para mãos privadas de forma açodada e a preços baixos. O argumento dos tucanos era o de que os recursos de U$ 70,9 bilhões arrecadados com a venda de 68 estatais seriam usados no abatimento da dívida interna.

Mas a dívida líquida do setor público, que era de R$ 153,2 bilhões em dezembro de 1994 (30% do PIB), passou no final de 1998 para R$ 385,9 bilhões (41,7% do PIB), pela política equivocada de câmbio e de juros elevados. Ou seja: o patrimônio público construído por gerações de brasileiros e brasileiras foi jogado pelo ralo.

O terrível Mendonça de BarrosOs mentores da área econômica do PSDB defendem abertamente a política de privatizações. Um dos ícones desse pensamento tucano é Luis Carlos Mendonça de Barros, que no governo FHC foi ministro das Comunicações na época da privatização da Telebrás, em 1998, e presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em entrevista à revista Exame, em junho 2005, Mendonça de Barros disse acreditar na privatização como uma forma de driblar o desperdício do dinheiro público. Na mesma entrevista, defende abertamente a privatização da Petrobras. ''Se eu estivesse no próximo governo, trabalharia forte na privatização da Petrobrás'', afirmou o tucano. Na opinião dele, para a venda da empresa tudo tem que de ser muito bem estudado, muito bem planejado.

O planejamento a que o tucano se refere é a tática utilizada pelos governos do PSDB para ''justificar'' a venda do patrimônio público: parar de investir nas empresas estatais, promovendo seu sucateamento e desvalorização. Há fortes suspeitas de má administração proposital, conduzindo ao corte de investimentos mesmo quando muitas das empresas que foram privatizadas apresentavam significativos lucros.

Programas diferentesO descaso dos tucanos é evidente. Pregam a venda da Petrobras, sem levar em consideração que a empresa é reconhecida internacionalmente como uma das gigantes do setor. A Petrobras, além de ter levado o país a tornar-se auto-suficiente em petróleo, teve um lucro líquido consolidado de R$ 13,6 bilhões no primeiro semestre de 2006, de acordo com o último balanço. Esse resultado é 37% maior com relação ao primeiro semestre do ano passado. O valor de mercado da Petrobras cresceu 60% em um ano, atingindo R$ 202,6 bilhões. Ela é, hoje, a maior empresa da América Latina.

Leia, abaixo, parte do texto da entrevista de Alckmin publicado na revista Época, edição de dezembro de 2005. Em termos de projeto, a principal proposta de Alckmin é a defesa de uma tesourada radical nos gastos públicos - caminho, segundo ele, para derrubar as taxas de juros, acelerar o crescimento, aumentar os investimentos públicos e reduzir a carga tributária.

Com pequenas variações, é a mesma fórmula que tem sido seguida nos últimos 12 anos de administração tucana em São Paulo. O governador não pensa em intervenções heterodoxas no modelo econômico, mas em melhorar sua gestão. E isso é outro motivo pelo qual a candidatura de Alckmin é hoje a mais simpática para o empresariado.

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