*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Tuesday, December 25, 2007

Como salvar a imprensa de qualidade? 25/12/07 por Jürgen Habermas

http://br.youtube.com/watch?v=pW65n-KdirE
Há três semanas o caderno de negóciosdojornal Die Zeit assustou os leitores com a seguinte manchete:"Irá o quarto poder a leilão?".O artigo foi inspirado pelas notícias alarmantes de que o Süddeutsche Zeitung vai por esse caminho, visto que a maioria de seus acionistas querem vender suas ações.Se viesse a ser vendido, um dos dois melhores jornais nacionais da República Federalpoderia cair nas mãos de investidores financeiros,empresas de marca registrada ou gigantes da mídia. Alguns vão dizer: é só mais um negócio, o que há de tão terrível em acionistas fazerem uso de seu direito de vender suas ações, por qualquer razão que seja?Como outros jornais, o Süddeutsche Zeitung tem superado a crise motivada pelo colapso do mercado publicitário, no começo de 2002. As famílias que agora desejam vender –e as que têm mais de 62.5%das ações –escolheram um momento propício.Lucros têm aumentado apesar da competição digital e da mudança de hábito dos leitores. Exceto pelo momento favorável da economia, isso pode ser principalmente atribuído a medidas racionalizadoras que afetam níveis de performance e a liberdade das editorias. As novas do setor norte-americano de jornais confirmam essa moda.OBoston Globe, por exemplo, um dos poucos jornais de esquerda do País, teve que abrir mãode todos os seus The Washington Post e The New York correspondentes estrangeiros. Os navios de guerrada imprensa nacional como temem o controlepor companhias ou fundos que procuram moldaras demandas da mídia comidéias insensatas TimesThe Los Angeles Times, odomínio já está em andamento.de lucro. E noEntão,na semana passada o Die Zeit publicou um segundo artigo sobre a “batalha dos gestores financeiros de Wall Street versos a imprensa americana." O que se esconde em tais manchetes? Claramente o medo de que o mercado no qual os jornais nacionais devem competir hojeirão falhar em fazer justiça às duas funções gêmeas que a imprensa de qualidade tem realizado até agora: satisfazer a demanda por informação e educaçãoenquanto asseguralucros adequados.

Mas não serão os altos lucros uma confirmação de que jornais moldados por negócios melhor satisfazem os desejos de seus leitores? Será que termos vagos como “profissional", "exigente" e "sério" simplesmente não camuflam uma atitude paternalista em direção aos consumidores que sabem perfeitamente bem o que querem? Sob a pretensão de"qualidade", deveria a imprensa ser permitida a circunscrever a liberdade de escolha de seus leitores? Deveria ela ser autorizada a impor a eles reportagens duras ao invés de informação e entretenimento, comentário factual e argumentos complexosao invés de histórias mais acessíveis sobre pessoas e eventos?No fundo da objeção implícita nessas questões está a controversa suposição de que fregueses escolhem de forma independente de acordo com suas preferências. Esse antiquadopedaço de sabedoria de livro escolar é certamente ilusório, considerandoo caráter especial da mercadoria"comunicação cultural e política." Porque essa mercadoria também testa e transforma as preferências de seus consumidores.Leitores, ouvintes e telespectadores são certamente direcionados por várias preferências ao usar a mídia. Eles querem ser entretidos ou distraídos, eles querem ser informados sobre certos tópicos e eventos ou participar de discussões públicas. Mas, assim que eles entram em contato com programas culturais ou políticos, por exemplo ao ler um jornal diário, “oração realista da manhã” de Hegel,eles se expõem ao que é numa maneira de dizer um processo auto paternalista de aprendizagem com um resultado indeterminado.Durante a leitura, novas preferências, convicções e orientações de valores podem ser formados. A meta-preferência que guia tal leitura é orientada sobreas vantagens expressas na auto-imagem profissional do jornalismo independente e que fundamenta a reputação da imprensa de qualidade.Um slogan bastante difundido no tempo da introdução da TVnos EUAcaracteriza a disputa acima do caráter especial das mercadorias de educação e informação: a TV, é o que disseram, é apenas "uma torradeiracom imagens".Isso
significavaque a produção e consumodos programas de televisãopoderiam confiavelmenteser deixados para o mercado. Desde então, empresas de mídia têm produzido programas e vendido a atenção de suas audiências aos publicitários.Este princípio organizacional tem causado estrago à safra política e culturalonde quer que tenha sido introduzido sistematicamente. O sistema germânico dual de televisão é uma tentativa de limitar esse estrago. As leis de mídia dos estados germânicos, as decisõesrelevantes da Corte Constitucional Federal eos guias de programação das emissoras públicasrefletem a idéia de que meios de comunicação de massa eletrônicosnão deveriam apenas satisfazer as necessidades mais comerciais dos clientes por entretenimento e distração.Audiências de rádio e televisão não são apenas consumidores, isto é,participantes do mercado, mas também cidadãos com direito a participar da cultura, observar eventos políticos e formar sua própria opinião. Na base desses direitos, programas que asseguram parte da “cesta básica" da população não podem ser dependentes da eficácia de seus anunciantes ou patrocinadores.Ao mesmo tempo, as verbas politicamente determinadas que financiamessa refeição básica também são independentes das situações orçamentárias dos estados, isto é,dosaltos e baixos da economia. Esse argumento está corretamentesendo usado pelas corporações de transmissão nos procedimentos entre elas e os governos de estado agora pendentesna Corte Constitucional Alemã.Agora estatutos públicos legais podem ser muito bons para a mídia eletrônica. Mas pode isso ser um exemplo de comoSüddeutsche Zeitung ou Frankfurter Allgemeine Zeitung, Die Zeit ou the Spiegel –talvez jornais e revistas sérios comoaté mesmo para as revistas mensais de qualidade–são organizados?
Estudos feitospor cientistas da comunicação são interessantes aqui. Ao menos na área de comunicação política–isto é para o leitor como cidadão–a imprensa de qualidade atua no papel de “mídia líder”.Em sua reportagem política e comentários, rádio, televisão e outros jornais são largamente subsidiados sobre tópicos e histórias adiantadas pelos jornais “argumentativos".Digamos que alguns desses jornais venham a sofrer pressão dos investidores financeiros que estão na expectativa de ganhar um dinheiro rápido e o planejam insensatamente em intervalos curtos de tempo. Quando reorganização e redução de despesas nessa área centralameaçam habituais padrões jornalísticos, atinge em cheio a esfera públicapolítica.Porque sem o fluxo de informação ganho por meio de extensa pesquisae sem o estímulo de argumentos baseados numa perícia que não custa barato, a comunicação pública perde a vitalidade de seu discurso. A mídia pública poderia então acabar de resistir às tendências populistas e poderia não mais realizar a função que deveria no contexto de um estado democrático constitucional.Nós vivemos em sociedades pluralistas. O processo de escolha democrática só pode superar profundas diferenças filosóficas enquanto se desenvolve um forte e legítimo vínculo. Isso deve ser convincente para todos os cidadãos e combinar inclusão, que é a participação igual de todos os cidadãos, com uma mais ou menos atmosfera discursiva de conflito de opinião.Nós chegamos a conclusão de que no final das contas, o procedimento democrático vai ter mais ou menos resultados razoáveis. Mas essa conclusão é fundamentada por sua vez por conflitos deliberativos. O formador de opinião democrático tem uma dimensão epistêmica porque ele é ao mesmo tempo envolvido com a crítica de falsas alegações e avaliações. E uma mídia discursivamentevital é uma participante ativa nisso.
Isso pode ser intuitivamente compreendido na diferença que existe entre “opiniões públicas” competitivas e publicações mostrando a divisão de opiniões coletadas por demoscopia(pesquisa de opinião pública). Por toda sua dissonância, opiniões públicas que foram produzidas por meio de discussão e polêmica já têm sido filtradas por informação relevante e argumentação. Demoscopia, por outro lado, reflete meramente opiniões latentes em seu estado cru e dormente.É claro, o tipo de discussão regrada ou consultada que qualquer um vê nas cortes ou comitês parlamentares está prevenido pelas trocas de comunicação selvagem de uma esfera pública controlada pelos meios de comunicação de massa. Mas na verdade ninguém esperaria discussão tão regulada na vida pública, porque comunicação política é só um elo na cadeia. Ela transitaentre discursos institucionalizados e negociações acontecendo em arenasde um lado, e a intermitente e diária conversa informal de eleitores em potencial de outro.A esfera pública faz a sua parte em legitimar democraticamente a ação do Estado ao selecionar objetos relevantes para decisões políticas, transformando-as em questões e agrupando-as em opiniões públicas competitivas com mais ou menos bem informadas e argumentos razoáveis.Dessa maneira, comunicação pública é uma força que estimula e orienta as opiniões dos cidadãos e desejos, enquanto ao mesmo tempo força o sistema político a adequar-se e tornar-se mais transparente. Sem o impulso de uma imprensa formadora de opinião, uma que informe confiavelmente e comente cuidadosamente, a esfera pública vai perder esse tipo especial de energia. Quando o gás, eletricidade ou água estão em falta, o Estado deve garantir o suprimento de energia para a população.Não deveria ele fazer a mesma coisa quando esse outro tipo de “energia” está em risco –a ausência da qual causará rupturas que prejudicam o Estado? Não é uma “falha do sistema” quando o Estado tenta proteger o bem público ou seja a imprensa de qualidade. A verdadeira questão é apenas a pragmáticade como aquilo pode ser feito da melhor maneira.Frankfurter Rundschau com um empréstimo – em vão. Subsídios isoladosNo passado, o governo Hessiano socorreu o são apenas uma possibilidade. Outros são fundações com participação pública ou redução de impostos para sociedades financeiras de famílianesse setor. Esses experimentos já existem em algum lugar e nenhum deles são livres de problemas. Mas o primeiro passo é se acostumar à idéia de subsidiar jornais e revistas.De um ponto de vista histórico, há alguma coisa contráriaà idéia de reinado na atuação do mercado no jornalismo e na imprensa. O mercado foi a força que propiciou o fórum para pensamentos subversivos se emanciparem de um estado de opressão em primeiro lugar. Ainda omercado pode realizar essa função conquanto princípios econômicos não violem o conteúdo político e cultural que o mercado se serve para expandir. Esta é ainda a parte mais importante no centro da crítica de Adorno à indústria cultural. Observação desconfiável é necessária porque nenhuma democracia pode permitir-se uma falhado mercado nesse setor.


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