*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Friday, November 30, 2007

quem é Heinz Dieterich? 30/11/07 um novo marx?um novo gênio revolucionário?

(foto Heinz Dieterich.conselheiro do governo e defensor das teses polêmicas do “Socialismo do Século XXI”, uma proposta que, por seu conteúdo, desde seu anúncio, tem perturbado os meios políticos da América Latina.Autor de mais de 30 livros em que debate os problemas do desenvolvimento latino-americano, a sociedade global, a função dos intelectuais, ideologias e paradigmas científicos, Heinz Dieterich apresenta uma incomum carreira acadêmica. Doutorado em Ciências Sociais e Econômicas e alemão de nascimento, adotou a cidadania mexicana e passou a ocupar a cátedra de professor na Universidade Autônoma e Metropolitana do México (UNAM), conhecida por seu envolvimento nas lutas políticas do país. Aliás, sobre as universidades, Heinz Dieterich reserva a crítica de que se transformaram em nada mais que igrejas.Amigo de Hugo Chávez, e um dos poucos intelectuais que se atrevem a traduzir o pensamento do presidente venezuelano, o sociólogo foi recentemente entrevistado por Fernando Fuentes, do diário La Tercera, de Santiago do Chile. No encontro, o professor surpreende mais uma vez ao referenciar a proposta de desenvolvimento estatal chavista nos programas de reformas implementadas, há décadas, por Perón, Getúlio Vargas, Cárdenas e Allende. Também não esconde suas restrições à presidente do Chile, Michelle Bachelet. Da mesma forma mostra certa contrariedade com as políticas de aliança inter-classes de Lula, o dirigente brasileiro, que comemora a entrada do Brasil no seleto clube dos países que atingiram o Produto Interno Bruto (PIB) de mais de um trilhão de dólares. Sobre os parceiros da Venezuela no Mercosul, diz que os novos governos populares-boliviarianos não mais tolerarão a exploração do sub-imperialismo brasileiro e argentino, uma frase carregada de conteúdo que pode soar pesado em um continente onde as notícias voam e a diplomacia nem sempre demonstra paciência.)
``O império soviético faliu porque era, no fundo, uma economia de mercado com forte influência estatal. O risco aqui é o mesmo``Heinz Dieterich
Heinz Dieterich Steffan, professor da progressista Universidade Autônoma Metropolitana (UAM), no México. “A idéia é criar uma sociedade pós-capitalista que ponha fim aos 5 mil anos da economia de mercado”, anuncia o ideólogo. Em entrevista exclusiva ao Correio, Dieterich esclarece os fundamentos de sua teoria, uma combinação de democracia participativa com um sistema econômico não mais regido por preços. “Os produtos terão um valor, baseado no tempo médio gasto em sua produção”, diz. Desde que Chávez chegou ao poder, o alemão se tornou mais que seu companheiro de idéias, tendo assumido, por vezes, o papel de conselheiro informal. “Tenho liberdade para lhe dizer certas verdades e discordar”, comenta Dieterich, buscando se diferenciar dos asseclas subservientes que rondam o mandatário venezuelano. “Chávez acha que Jesus foi o primeiro grande socialista, mas eu já lhe disse que Jesus e a Bíblia não podem aportar nada ao socialismo. Jesus resolvia problemas de falta de vinho ou pão com milagres. Nós precisamos de ciência e tecnologia”, ironiza. Puxões de orelha como esse são freqüentes, embora pouco eficazes. As nacionalizações anunciadas por Chávez nesta semana, por exemplo, representam um risco para o projeto socialista. “São medidas para recuperar as forças produtivas. Isso não é o socialismo, mas o tradicional nacional-desenvolvimentismo de Juan Perón (Argentina), Getúlio Vargas (Brasil) e Lázaro Cárdenas (México).” Dieterich acredita que a Venezuela vive um processo histórico de transição, durante o qual são necessárias doses cavalares de perseverança e lucidez: “Neste ano, veremos se há vontade política para mudar ou repetir o passado”. Em 2004, ele acompanhou Chávez em um encontro com Lula, em Manaus. “Infelizmente não chegamos a conversar”, lamenta.
Em que consiste o socialismo do século 21? O conceito foi formulado por mim em 1998, na busca por um modelo alternativo à economia de mercado. A idéia é criar uma sociedade pós-capitalista, que ponha fim a esse ciclo de 5 mil anos, levando em conta a intenção humanista do socialismo histórico, mas com diferenças qualitativas. Há dois elementos principais. O primeiro se baseia na economia de equivalência, de valores, já discutida por Karl Marx e David Ricardo. Quero dizer que a economia deve operar sobre valores, não mais sobre preços. O segundo é a ampla participação dos cidadãos no processo decisório, seja político, econômico ou social. O cidadão comum participará na aprovação do orçamento federal, decidirá se o país deve ir à guerra. Participará em questões federais, municipais e empresariais, podendo decidir sobre investimento e jornada de trabalho. O Legislativo é dispensável? Não. Essa participação popular deve ser gradual. Trata-se de um longo processo de transição, que requer aprendizagem. Para decidir sobre orçamento, o povo precisa saber de economia. Num primeiro momento, por exemplo, se poderia submeter a consulta popular eletrônica 10% da lei do orçamento, enquanto 90% seriam decididos normalmente, pelos parlamentares. Tudo isso implica conflito de interesses. Os ministérios não vão querer ceder no orçamento, as elites econômicas não aceitarão um referendo em que se decida um aumento de impostos. É um conflito normal da democracia. Poder popular e poder de Estado precisam coexistir. Explique a questão dos preços. Eles serão abolidos? Toda economia precisa de um sistema para medir e expressar o valor de um produto. Na de mercado, esse sistema é o preço, que expressa a correlação de poder entre dois sujeitos econômicos. Não se trata apenas de poder econômico, mas militar, cultural e político. E isso explica por que esse princípio de regulação opera em benefício do poderoso. Os bancos definem os juros, o empresário define os salários e o dono do mercado, seus preços. Uma sociedade diferente precisa de uma economia qualitativamente diferente. Os produtos terão um valor, baseado no tempo médio gasto em sua produção, ou time-imput. Se um aparato de medicina de Cuba representa 100 horas de trabalho, e o mesmo ocorre na produção de 500 barris de petróleo, podemos trocá-los de forma justa. O Estado será o gestor econômico? Ele terá a responsabilidade de elaborar a escala de valores, e planejar a economia sobre o valor dos produtos. Uma economia planificada democraticamente é um problema de tecnologia. Num país grande, como o Brasil, se tomam bilhões de decisões econômicas num dia. Processar essas informações é complicado, requer o uso de informática e internet. A Venezuela está avançando? Há um grande avanço no convencimento da maioria dos cidadãos. Há confiança de que o presidente não vai instalar uma tirania, e que a qualidade de vida vai seguir avançando. Com as reformas educacionais, o nível de educação e de discussão política é hoje muito superior ao de há cinco anos. O confronto com os Estados Unidos também serviu para criar consciência política na sociedade, especialmente na classe média. O crescimento econômico permite que as pessoas se concentrem nesse projeto histórico. Há as condições ideais para a transição ao socialismo, mas há um problema. Muita gente do governo Chávez ainda não está ciente do que consiste a economia do socialismo do século 21. Alguns apostam no escambo, outros na expropriação da propriedade privada. O cidadão deve ser aliado e fiscalizador do governo, pois há risco de corrupção e da soberba de funcionários do Estado. As nacionalizações não são parte do socialismo? São medidas para recuperar as forças produtivas. Isso não é o socialismo, mas o tradicional nacional-desenvolvimentismo de Juan Perón (Argentina), Getúlio Vargas (Brasil) e Lázaro Cárdenas (México). É importante que alguns setores fiquem na mão do Estado, como energia, segurança aérea e administração de aeroportos. Mas isso não muda a lógica do comportamento de mercado, e a nacionalização indiscriminada pode comprometer a eficiência econômica. O império soviético faliu porque era, no fundo, uma economia de mercado com forte influência estatal. O risco aqui é o mesmo. Pode estatizar, criar cooperativas. Se for baseada no preço, a economia não deixa de ser capitalista. Chávez está traindo os princípios do socialismo? Não. Creio que há um esforço consciente no desenvolvimento e na blindagem do governo. Mas o socialismo do século 21 só começará na Venezuela quando Chávez instituir a contabilidade do valor no Estado e nos três principais setores econômicos: a PDVSA (petroleira estatal), a Corporação Venezuela de Guayana (indústria básica de energia) e as cooperativas. Isso se faz paralelamente à contabilidade normal. A PDVSA continuará negociando com o mundo em preços. No início, será um modelo híbrido. Os pequenos empresários e as cooperativas começam a adotar o sistema do valor, ampliando o circuito não-capitalista. Depois a prática se estende ao exterior, via Cuba, Bolívia e Nicarágua. Quando Chávez se interessou por sua teoria? Eu o conheci em 1999, quando ele tinha três meses de governo. Estava num hotel em Caracas, e ele me ligou: “Heinz, estou em grande dívida contigo”. E explicou que uma amiga lhe havia dado de presente, quando ele estava na prisão, um livro meu sobre Manuela Sáenz, filha de Simón Bolívar. “Esse livro foi muito importante para mim”, me disse. Fui ao Palácio de Miraflores e passamos a noite conversando, ficamos amigos. Chávez é muito inteligente e um humanista autêntico. Um dia lhe falei do socialismo do século 21 e da teoria do bloco regional de poder. Não sou assessor de Chávez, mas acho que meus conselhos são importantes. Uma vez, Marta Harnecker lhe sugeriu que governasse sem partidos políticos. Eu disse que era um absurdo, pois eles são a base do sistema burguês, e a Venezuela tem uma superestrutura burguesa. Talvez daqui a 50 anos, mas por enquanto é necessário.
O guru de Chávez:O cientista político alemão Heinz Dieterich começou sua vida política correndo da polícia nas ruas de Frankfurt. Nos idos de 68, ao lado do hoje ministro alemão Joschka Fischer e no mesmo time de ninguém menos que o franco-alemão e ex-agitador-mor Daniel Cohn-Bendit, Dieterich erguia barricadas, desafiava a polícia e tirava o sono das ordeiras autoridades germânicas. Enquanto seus companheiros "adaptaram-se" ao etablishement e tornaram-se dedicados políticos e até ministros de estado, Dieterich preferiu evoluir com seus estudos e seguir o caminho acadêmico, ao mesmo tempo que partia para o continente que então mais despertava as atenções do mundo: América Latina. Discípulo de Adorno, Habermas e da vanguarda intelectual que sacudiu a Europa naqueles idos, Dieterich formou-se em Ciências Políticas seguindo depois para o México, em um programa de intercâmbio acadêmico. Ficou, aprofundou-se em seus estudos e tornou-se professor da Universidade Autônoma do México, ao mesmo tempo que, para não perder o lado prático, liderava iniciativas de apoio e solidariedade à Nicarágua, Cuba e Chile.Hoje Heinz Dieterich é um dos mais respeitados teóricos da nova esquerda e o papa da "quarta via", o caminho político defendido por ele e principal foco de discussões da, após a queda do muro, ainda perdida intelectualidade mundial. O cientista com queda para o lado prático, que tem sido alvo de calorosos debates da intelectualidade européia, possui pelo menos um seguidor que tem tirado o sono de alguns governantes do hemisfério norte: O venezuelano Hugo Chávez.
O vanguardismo político da América Latina está renascendo Foi na prisão, em 1992, que Chávez teve o primeiro contato com Dieterich, ao ler seu livro sobre Simon Bolivar e Manuela Saenz. Pessoalmente os dois somente vieram a conhecer-se em 1998, após a vitória eleitoral de Chávez. A partir daí passou a se processar uma metamorfose ideológica no político venezuelano, até então mais um caudilho cheio de bravatas, que não incomodava além de seus próprios opositores locais. A amizade entre os dois tornou-se uma união ideológica que vai além dos encontros pessoais. Dieterich é o principal responsável pela simpatia que Chávez possui na Europa, principalmente na França e Alemanha. Uma simpatia cada vez mais necessária diante da crescente animosidade do governo de Bush. Heinz Dieterich, que é o mais traduzido autor em Cuba e tem seus artigos publicados em muitos países do ocidente, considera que o caminho de uma política própria e independente de potências como os EUA seja o principal canal para que a América Latina consiga o desenvolvimento tanto econômico quanto político. Os povos latinoamericanos possuem, em sua tradição e história, a impetuosidade política que sempre preocupou o imperialismo e sempre foi sufocada à bala pelas potências dominantes. Trata-se de uma guerra na surdina, que sempre foi vencida no plano político com tiros, golpes (miltares e correlatos), embargos e boicotes pelas forças dos interesses da dominação colonialista. A América Latina somente unida e desprendida dos demais blocos, fechada em si na quarta via, fazendo-se respeitar e defendendo seus interesses monoliticamente, conseguirá prosperar socialmente. Os princípios da libertação não mudaram através dos séculos, como não mudaram os problemas em si. O vanguardismo latinoamericano nasce em ciclos periódicos desde os tempos dos navios negreiros, da mesma forma que suas derrotas. Bush non pasará e a revolução continua
É também atribuído a Dieterich o rompimento de Chávez, em 1999, com o neofascista argentino Noberto Ceresole, espécie de assessor especial do venezuelano, defensor de princípios de extrema-direita. Ceserole foi expulso sumariamente do país.Ainda muito por trás do palco, por seu voluntário recatamento e concentrado em seus estudos, o cientista político alemão com coração latino passa a maior parte de seu tempo na capital mexicana em seu pequeno apartamento no campus da universidade.Ele foi um dos primeiros que percebeu os passos do governo norte-americano na invasão do Iraque e, talvez por ter fidedígnas fontes de informação em estratégicos governos europeus, vem há muito alertando Chávez, seja pessoalmente, seja em seus artigos, sobre a tendência do governo Bush de interferir internamente na Venezuela. "A única forma de defender-se do militarismo ianque ou seus fantoches locais é, idem, militarmente", defende Dieterich. Ele prega o armamento popular para o caso de uma "guerra assimétrica" contra os EUA, como os exemplos do Iraque e Vietnã. Pelo menos nisso ele tem razão.Talvez ele possua informações privilegiadas, talvez tenha em sua análise componentes de um cientista político formado sob a ótica do detalhismo alemão ou, como não-latino, perceba movimentos que fogem à percepção de quem está na roda. Para todos os efeitos, Dieterich não se deixa levar apenas pela teoria. A exemplo de seus ex-companheiros de lutas nas ruas de Frankfurt, ele não abandona a efetividade da militância. A diferença, segundo ele próprio, é que alguns, como o ministro do exterior alemão Fischer, mudaram de lado.A revolução continua e ele não prescinde da forma mais moderna e prática de defendê-la: O site http://www.rebelion.org/ é o seu bastião para propagar sua coalizão pela América Latina: Non Pasarón, diz com seus botões. - Bush que se segure.
LT – Você é catalogado como um dos assessores mais próximos a Hugo Chávez. Como se desenvolve a relação entre ambos? HD - Sou amigo do presidente, não assessor, desde que o conheci pessoalmente em 1999. Desde o primeiro momento em que nos vimos no Palácio de Miraflores, tive a impressão de que se tratava de uma pessoa honesta e capaz, que merecia o apoio internacional. Apoiei Hugo Chávez, como apoiei, em seu momento, Salvador Allende, os sandinistas, Cuba e a revolução vietnamita. Até o dia de hoje considero que este julgamento foi correto.Além do pessoal, pensei que seu projeto histórico era a melhor esperança para as maiorias e a Pátria Grande, nas condições contemporâneas da América Latina. Tampouco me equivoquei nesse ponto. Trata-se do desenvolvimentismo estatal europeu-asiático, inventado pelos britânicos há 200 anos, seguido pela Alemanha, Japão, os Tigres asiáticos e a China. Na América Latina, é o modelo de Perón na Argentina, de Getúlio Vargas no Brasil, de Lázaro Cárdenas no México e de Salvador Allende no Chile.LT - Em 2005, você afirmou que a implantação do Socialismo do século XXI "não enfraquecerá a empresa privada". Como se entende então o processo de nacionalizações empreendido por Chávez?FD - Todas as economias existentes são economias mistas, com três formas principais de propriedade: a privada, a estatal e a social. E, em todas essas economias, o Estado tem o direito constitucional de adquirir, expropriar, confiscar ou nacionalizar propriedades privadas ou sociais, quando o bem da comunidade assim o requer, e quando o procedimento respectivo se realiza dentro da lei e com a devida indenização. Todas essas determinações jurídicas têm sido cumpridas rigorosamente na Venezuela.Do ponto de vista da ciência econômica, uma estatização de outras formas de propriedade tem sentido em quatro casos: 1. para fomentar a integração e o desenvolvimento da nação; 2. para permitir ao governo ingressos que são necessários para financiar o Estado de bem-estar; 3. por razões de segurança nacional e, 4. quando uma empresa viola repetidamente as leis ou foi mal havida. Todas as estatizações na Venezuela obedecem a essa lógica da economia de mercado.No tão trombeteado caso da empresa de mídia RCTV e seu dono Marcel Granier, trata-se de um delinqüente empresarial, que participou no golpe militar contra o governo constitucional de Hugo Chávez, em 11 de abril de 2002, que há anos não paga impostos e que, em sua soberba, agora pretende desconhecer a base jurídica da economia de mercado: a diferença entre a propriedade e a posse de um ativo econômico. Detém, na forma de arrendamento (leasing) um bem do Estado (o espectro eletromagnético), e, ao terminar o contrato, pretende se apropriar ilegalmente dele, esperando que o apoio de Washington, da SIP e dos meios oligárquicos lhe permitam essa operação de enriquecimento ilegal.LT – Qual a sua opinião sobre Kirchner, Lula e Bachelet?
FD - Kirchner perdeu a hegemonia do processo argentino. Não conseguiu construir uma base social comprometida com ele, e está sendo desmontado passo a passo pela oligarquia por meio de uma série de micro-golpes, como o desaparecimento de Julio López e a paulatina destruição da base sindical do “Negro” Moyano, único apoio social orgânico que tem. Duvido muito que alcançará êxito a tentativa de última hora de mimetizar a corrente bolivariana hemisférica, de converter a senadora Cristina Kirchner em uma espécie de Evita Perón-Manuel Sáenz renascida, e se apoiar na comunidade judaica internacional.Lula aproveitou com enorme êxito a escassa margem de manobra que a grande burguesia paulista lhe concedeu há quatro anos, e tem, agora, mais poder político que qualquer um de seus antecessores nos últimos vinte anos. Terá que controlar as forças anti-bolivarianas dentro e fora de seu governo e ser muito hábil, porque os novos governos populares-bolivarianos não tolerarão mais a exploração do sub-imperialismo brasileiro - nem tampouco do argentino-, por exemplo, através de Yaciretã, Itaipú e Petrobras.
Entretanto, Lula está forte e aproveita que o Brasil é o único país latino-americano com tecnologias de ponta, um poder territorial-demográfico-militar considerável, uma Argentina desaparecida da política internacional, e uma posição singular frente a Washington. Podemos esperar mais protagonismo latino-americano e latino-americanista e uma política desenvolvimentista com maior componente popular, para equilibrar o poder esmagador da grande burguesia.Michelle Bachelet é uma pessoa respeitável, mas não tem poder. No Chile governam as três forças hegemônicas de sempre: a elite econômica, a Força Armada e o alto clero. Dói dizê-lo com uma paráfrase econômica, e o digo sem a intenção de ferir ninguém, mas é o mais exato: Michelle Bachelet não é o Chief Executive Officer (CEO) da empresa, mas sim, essencialmente, uma imagem corporativa.LT – No ano passado, você denunciou que militares chilenos estavam envolvidos em uma eventual conspiração contra Evo Morales. Posteriormente, afirmou que o Chile era o "peão na subversão de Bush contra Chávez e Morales". Por que o Chile merece uma análise tão negativa de sua parte?FD - O Chile é um país do qual gosto muito e, sem dúvida, não merece uma análise “negativa”. Não, minha análise se refere a um sistema político que persegue brutalmente os donos originais da terra, os mapuches, ao mesmo tempo que permitiu que um genocida como Pinochet morresse na cama, e que o exército lhe destinasse uma despedida “na qualidade de comandante-em-chefe benemérito”.Um enterro, no qual o chefe do Exército, o general Oscar Izurieta, manifesta a crença em que a morte de Pinochet ajude a mitigar "as paixões que geram sua vida e obra". "Deixemos para a história um exame objetivo e justo em relação a seu protagonismo nos processos políticos, econômicos e sociais nos quais lhe coube participação", afirmou Izurieta. Em outro momento de sua intervenção, disse que as violações de Direitos Humanos foram o aspecto mais "controvertido" da gestão de Pinochet.
“Paixões”, “exame objetivo” e aspectos “controvertidos”. A linguagem delata a apologia do terrorismo de Estado. E é o mesmo general que apresentou, em 17 de agosto de 2006, ao então Comandante-geral do Exército de Bolívia, Freddy Bersatti, “a oferta do Exército de Chile de abrir suas escolas ao Exército boliviano e a seus integrantes". E o que os militares chilenos vão ensinar a seus homólogos do altiplano? O que, sim, aprenderam com Pinochet: desde a Operação Condor até a colaboração com as forças militares da OTAN na guerra das Malvinas.Então, não se trata, de nenhuma maneira, de uma análise “negativa” do país irmão e do povo chileno, mas, sim, da constatação de determinadas políticas de instituições da ditadura militar na revolução latino-americana que vivemos. Nesse contexto seria bom que a presidente Bachelet mandasse investigar uma visita de dois generais do Exército chileno a La Paz, umas três semanas antes do pretendido golpe militar de 11 de outubro, contra Evo Morales, e que se deslocaram até o centro da conspiração, Santa Cruz, para se reunir com o Comitê Cívico e o prefeito faccioso do Departamento de Santa Cruz.LT - O avanço da "Revolução Bolivariana" e o "Socialismo do Século XXI" não admitem que haja outro tipo de projetos na região, como o de Uribe na Colômbia, o de García no Peru e o de Bachelet no Chile, o "Eixo do Mal do Pacífico", como você o chamou?FD - Sim, existem projetos diferentes. Sua viabilidade depende, em grande medida, de como e quando os Estados Unidos consigam sair do Iraque e Irã. O projeto de Uribe está seriamente debilitado por quatro razões: a) o fracasso de seu plano de contra-insurgência contra as FARC; b) sua vinculação com os narco-paramilitares; c) a aparição do Pólo Democrático Alternativo e, d) sua crescente conversão a uma hipoteca para o império, que poderia prescindir de seus serviços em determinado momento, como ocorreu com Pinochet.Alan García não tem um projeto, além do próprio poder. Chegou ao governo pelo medo de Bush e da oligarquia peruana a Ollanta Humala. Bateu em Chávez para subir e agora busca seu apoio para se manter em pé, porque Bush e a oligarquia não lhe dão o que necessita. É débil e patético.Bachelet também é débil, mas estável, porque: a) não disputa o poder com os amos do país; b) porque não existe uma alternativa popular-bolivariana ou socialista do Século XXI na pátria de Neruda e Allende, nem no coletivo, nem entre as lideranças individuais e, c) tem uma economia competitiva em alguns nichos do mercado mundial. Seu governo será, lamentavelmente, um governo sem registro nem glória.LT - Tanto Chávez como Rafael Correa (presidente de Equador), utilizam, freqüentemente, seu conceito de "Socialismo do Século XXI". Como poderia resumir esse conceito?FD - O ser humano existe dentro de quatro relações sociais básicas: a econômica, a política, a militar e a cultural. “Socialismo do Século XXI” ou “Democracia Participativa”, que são sinônimos em minha teoria da civilização global pós-capitalista, significam que as maiorias tenham o maior grau de decisão historicamente possível nas instituições econômicas, políticas, culturais e militares, que regem sua vida. No econômico, significa a substituição da economia de mercado voltada ao dinheiro por uma economia política sustentável, orientada para as necessidades básicas da população; o valor (time inputs) como princípio operativo e de contabilidade; a equivalência como sistema de troca e a incidência real dos cidadãos e trabalhadores em nível macroeconômico (nação), mesoeconômico (município) e microeconômico (empresa).LT - Você disse que na Venezuela "criaram-se condições para construir o Socialismo do Século XXI". Quais são essas condições? Acredita que possam ser replicadas em outros países da região?FD - Menciono só algumas. Quase dois terços da população votaram pelo presidente em dezembro de 2006, com pleno conhecimento de sua intenção de chegar ao Socialismo do Século XXI. Esse é um mandato substancial e um voto de confiança para a bandeira política do presidente, de parte dos cidadãos. O parlamento, solidamente, respalda o presidente, graças ao autismo subversivo da oposição. Os avanços do sistema educativo, da saúde, da economia -- três anos de crescimento do PIB de 10 por cento -- do combate à pobreza e da consciência do povo, foram notáveis.Existe também uma cultura de debate político entre os cidadãos que há cinco anos era impensável. A criação dos conselhos comunitários é um passo extraordinário para envolver as maiorias na administração da riqueza social da nação. A integração econômica e política latino-americana já parece irrefreável e a destruição da Doutrina Monroe é uma possibilidade real, pela primeira vez em 200 anos. As forças armadas agora são confiáveis e a capacidade de defesa militar convencional e irregular deu um salto qualitativo. Vários setores chaves da economia nacional estão em mãos do Estado ou de cooperativas, entre eles: o próprio Estado; PdVSA; CVG; CANTV; o Banco Central; a distribuidora Mercal e mais de cem mil cooperativas.Criar as circunstâncias para iniciar a transição ao Socialismo do Século XXI requer duas condições: a) um projeto histórico encabeçado por um líder popular que alcance a legítima adesão das maiorias e, b) uma democracia burguesa constitucional na qual não haja golpes militares. Em todos os países latino-americanos onde ocorrem as duas condições podem se desenvolver projetos do tipo de Hugo Chávez ou de Rafael Correa.
http://www.marxists.org/portugues/index.htm

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