*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Tuesday, February 12, 2008

Brasil:50 empresas controlam preço dos alimentos 12/02/08 entrevista com José Batista de Oliveira.

http://www.mst.org.br/mst/home.php
Os preços dos alimentos estão subindo apenas pelo aumento da procura?Não tem nada a ver com a procura. O preço dos alimentos está a subir por causa do aumento da taxa de lucro média na agricultura na venda de produtos específicos valorizados no mercado internacional, como o etanol. Ao subir o lucro médio, todos os produtores agrícolas têm três opções: migrar para a produção de cana e óleo vegetal, aumentar o preço da sua produção ou desaparecer. Por isso, Fidel Castro denunciou, com razão, que o estímulo da produção de etanol no Terceiro Mundo aumentaria o preço dos alimentos, não apenas pela diminuição de área plantada ou pela concorrência. Na agricultura, a taxa média de lucro vale para todos os produtos, diferentemente da indústria, na qual a taxa média é dada por ramo de produção.As multinacionais podem estar a especular com o preço dos alimentos ou a usar o argumento da inflação com outros objectivos para forçar os países em desenvolvimento a adoptarem políticas económicas exclusivamente de combate à inflação, em detrimento do crescimento da economia?
As empresas transnacionais controlam toda a produção das principais commodities e controlam o comércio mundial. Em cada ramo, temos, no máximo, dez empresas que controlam produção, processamento e comércio. Portanto, hoje o preço de cada mercadoria internacionalizada é objecto de especulação. Já não há uma relação directa do preço com o custo de produção, que é apenas uma referência. A manipulação maior dessas empresas sobre a produção nacional e o comércio internacional é um instrumento para alcançar os seus lucros. A influência desse sector sobre a política económica do governo Lula é por meio do Banco Central, que monitora as taxas de juros e câmbio.Que empresas controlam o comércio de commodities da alimentação?
O preço e o comércio de soja e das commodities agrícolas em geral são manipulados por conglomerados estrangeiros, como a americana Cargill, a holandesa Bunge, a americana-canadense ADM, a suíça Syngenta, a americana Monsanto, e a francesa Dryfuss. Na área de lacticínios, o mercado é manipulado por apenas três: a suíça Nestlé, a italiana Parmalat e a francesa Danone. Na área de venenos e remédios, também são poucas empresas, como a alemã Bayer, a suíça Syngenta, a alemã Basf e a suíça Norvartis.
Qual a relação destas últimas com o comércio de alimentos geneticamente modificados, conhecidos como transgénicos?Essas empresas querem impor os transgénicos, por meio do qual passam a ter controle absoluto dos agricultores e da taxa de lucro do comércio internacional. Imagine que essas empresas têm a petulância de impor sementes transgénicas modificadas geneticamente para que o agricultor compre um específico produto agrotóxico que vendem. E, além disso, cobram royalties dos agricultores por apenas usarem as sementes deles, que registaram como propriedade privada intelectual.Como assim?
São os próprios agricultores que produzem as sementes, mas por reproduzirem a soja transgénica da Monsanto, que nem produz tanta semente, têmm de pagar royalties todos os anos.
Até que ponto a produção convencional pode ser aumentada para fazer frente à procura crescente por alimentos no mundo?As grandes empresas não querem produzir alimentos, querem produzir lucro. Cerca de 50 empresas transnacionais controlam toda a produção agrícola no mundo. Aqui no Brasil, cerca de 50 empresas controlam quase todo o comércio agrícola nacional, sendo 30 transnacionais e 20 brasileiras. Por isso, elas não têm como objectivo alimentar o mundo, mas produzir commodities valorizadas no mercado internacional.
O Brasil lucra com o agronegócio?O agronegócio é a parceria entre o latifúndio, as empresas transnacionais da agricultura e o mercado financeiro, que subordina o uso das terras e os recursos naturais brasileiros às necessidades das grandes empresas e à especulação. Se a procura se mantiver alta, as empresas e investidores estrangeiros vão continuar a comprar fazendas no país, comprometendo a capacidade de produção das nossas terras, exaurindo os nossos recursos naturais com práticas técnicas que comprometem o futuro da natureza, com a imposição da monocultura, que destrói a biodiversidade e expulsa mão-de-obra do campo. Isso é um perigo para a nossa soberania nacional, pois os estrangeiros obedecem a interesses de fora e não têm qualquer compromisso com a preservação do meio ambiente, explorando-nos ao máximo para depois se irem embora com seus lucros.Qual o papel da agricultura familiar nesse contexto?
Os agricultores familiares passam por uma crise de falta de mercado e de contenção de preços. A população não tem rendimento para aumentar o consumo de queijo, pão, leite, iogurte, carnes e embutidos produzidos por essa faixa. A pequena agricultura não consegue avançar sem um projecto de desenvolvimento nacional que tenha como centro o fortalecimento do mercado interno, a distribuição de rendimento, a indústria nacional para sustentar a geração de emprego e o rendimento para o povo. Precisamos de um novo modelo agrícola baseado na pequena e na média propriedade, na prioridade à produção de alimentos para o mercado interno, na criação de uma nova matriz produtiva no campo, na adopção de técnicas de produção que respeitem o ambiente, sem agrotóxicos.Se realmente a procura está a crescer mais que a produção, os transgénicos passam a ser uma boa opção?Não. Os transgénicos não são simplesmente organismos geneticamente modificados, mas produtos criados em laboratórios que colocam a agricultura nas mãos do mundo financeiro e industrial. Não estamos mais diante da agricultura tradicional, mas de grupos que lançam mãos de transgénicos para controlar as sementes e impor o uso de insumos e venenos que produzem. Os transgénicos passam para as transnacionais o papel dos camponeses e povos originários de fazer o melhoramento das sementes e cultivos. Além disso, não existem estudos que comprovem que esses produtos não causam problemas à saúde.
Como o movimento avalia a política do governo com relação à reforma agrária em 2007?
A política de reforma agrária do governo Lula foi insignificante em comparação à ofensiva do capital na compra de terras e sobre o controle da produção agrícola no país. Os número divulgados neste ano confirmam a nossa avaliação de que a Reforma Agrária deixou de ser uma prioridade do governo Lula, que fez uma opção pela monocultura para exportação do agronegócio, que concentra terra e destrói o ambiente, beneficiando somente empresas estrangeiras e latifundiários. O governo está em dívida com os 150 mil trabalhadores rurais do movimento acampados em todo o país e precisa honrar os seus compromissos históricos com a Reforma Agrária e com o combate à pobreza no campo.Se por um lado os números mostram 2007 como o pior ano da gestão Lula, de outro, o Ministério da Agricultura afirma que 2007 foi o ano em que mais se investiu em qualidade da reforma agrária nos últimos 10 anos. O argumento tem sentido?O aumento dos investimentos do ministério é importante, mas a Reforma Agrária depende antes de tudo de vontade política e coragem para enfrentar o agronegócio e mudar a política económica, que beneficia por meio de empréstimos do Banco do Brasil e do BNDES as empresas transnacionais. O governo precisa criar coragem e cumprir a Constituição, que determina que áreas que desrespeitam a legislação trabalhista e ambiental, como fazem os produtores de cana, seja desapropriada e destinada para a Reforma Agrária.Esses recursos do Ministério da Agricultura foram aplicados num modelo de reforma agrária que agrada ao movimento? Se não, quais são as principais críticas ao modelo?
O problema não é a forma como o ministério está a investir os seus recursos, mas o papel que o governo reserva para o campo e para a agricultura. Em 2007, o governo federal pagou R$ 160,3 mil milhões em juros, quatro vezes mais do que tudo o que gastou no social e correspondente a 6,3% do PIB (Produto Interno Bruto), passando o dinheiro pago em impostos por toda a sociedade para o mercado financeiro e para os especuladores, que investem justamente nas empresas transnacionais da agricultura. O ministro Cassel ignora essa brutal transferência de renda para as empresas do agronegócio quando comemora o investimento realizado no ano passado.Qual deve ser a postura do MST frente à lentidão do governo na reforma agrária?
O MST e todos os movimentos da Via Campesina do Brasil vão continuar a fazer luta, com ocupações de terras e protestos para denunciar a destruição ambiental e a concentração de terra pelo avanço do agronegócio. Em 2007, fizemos grandes mobilizações. Vamos continuar o trabalho de consciencialização da população e alertar para esse perigo de desnacionalização da nossa agricultura. Infelizmente, nós não conseguimos avançar na resolução dos problemas concretos da classe trabalhadora. Esperamos que as mobilizações para o ano que vem aumentem e que essas mobilizações consciencializem o próprio governo Lula



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