entrevista Boris Cyrulnik 17/03/08
O que caracteriza um traumatismo e o distingue de uma simples provação física ou moral?Boris Cyrulnik: Para poder falar de traumatismo, é necessário "ter estado morto", repetindo as palavras de escritores como Primo Levi e Jorge Semprun [que estiveram em campos de extermínio nazistas], ou a cantora Barbara [vítima de incesto por parte do pai], bem como por muitas pessoas com as quais trabalhei. Enquanto que na provação sofremos, lutamos, entramos em depressão, ou nos encolerizamos, mas sentimo-nos bem vivos e acabamos por superar as coisas. No caso de um traumatismo, as pessoas permanecem prisioneiras de seu passado e revêem muitas vezes durante anos as imagens do horror que viveram.
Por outro lado, e é a psicanalista Anna Freud que explica isso, é preciso atingir duas vezes para fazer um traumatismo: uma vez na realidade (é a provação, o sofrimento, a humilhação, a perda) e outra na representação do real e no discurso dos outros sobre a pessoa depois do acontecimento. De fato, é, muitas vezes, no discurso social que se deve procurar compreender o efeito devastador do trauma.A idéia que fazemos do que nos acontece depende muito do olhar dos outros. Se você tem desgosto, piedade, horror ao que me aconteceu, é o seu olhar que irá transformar minha provação em traumatismo. Penso nas mulheres violentadas ao dizer isso. Quase todas elas contam que não foi a compaixão que as ajudou a superar o problema, mas quando um homem lhes disse: "preciso de você". O fato de alguém ter novamente manifestado estima por elas foi o que as refez como mulheres.
Por outro lado, e é a psicanalista Anna Freud que explica isso, é preciso atingir duas vezes para fazer um traumatismo: uma vez na realidade (é a provação, o sofrimento, a humilhação, a perda) e outra na representação do real e no discurso dos outros sobre a pessoa depois do acontecimento. De fato, é, muitas vezes, no discurso social que se deve procurar compreender o efeito devastador do trauma.A idéia que fazemos do que nos acontece depende muito do olhar dos outros. Se você tem desgosto, piedade, horror ao que me aconteceu, é o seu olhar que irá transformar minha provação em traumatismo. Penso nas mulheres violentadas ao dizer isso. Quase todas elas contam que não foi a compaixão que as ajudou a superar o problema, mas quando um homem lhes disse: "preciso de você". O fato de alguém ter novamente manifestado estima por elas foi o que as refez como mulheres.
O impacto de um traumatismo depende portanto também da percepção, do sentido que se atribui à pessoa atingida. Existiria uma certa relatividade de causas de traumatismos...Freud ficava surpreso com a grande desigualdade entre os diversos traumatismos. É realmente espantoso perceber que algumas pessoas desabam por razões que, para a maioria das pessoas, e vistas de fora, não possuem a menor gravidade. Ao mesmo tempo, vemos algumas pessoas atravessarem imensas provações e seguir em frente enquanto que a maioria de nós se consideraria incapaz de superar o problema. Essa diferença de reação pode ser explicada especialmente pelo significado que os acontecimentos assumem na história de cada um.
Que tipo de educação e de ligações com a criança, desde a mais tenra idade, e mesmo antes do nascimento, possibilita o desenvolvimento de sua capacidade de superação?Propõe-se a distinção entre os recursos internos e os externos. Os recursos internos são os que foram impregnados em nossa memória biológica antes da palavra, ao longo das interações precoces do bebê com as pessoas que o cercam. Constata-se que, quando uma criança é criada em um meio afetivamente estável, ela adquire uma certa confiança primitiva pré-verbal – é o inconsciente cognitivo, e não o inconsciente freudiano do reprimido – que faz com que, em caso de problemas, receba o "primeiro golpe", sofra, fique infeliz e possa mesmo entrar em depressão, mas que tenha, no seu âmago, o sentimento de ter sido amada e, portanto, que possa ser amada, o que lhe permitirá manter a esperança e recomeçar.Essa segurança afetiva começa a ser construída nas seis últimas semanas da gravidez, se a mãe não estiver estressada e, sobretudo, no primeiro ano após o nascimento. Por outro lado, ela se estabelece desde que a criança participe de uma relação triangular que inclua os dois pais, ou qualquer outro parceiro afetivo sólido da mãe, seja ele um outro homem, sua própria mãe ou seu próprio pai... São três pessoas que, em suas interações, são co-autoras do desenvolvimento da criança, que não é um recipiendário passivo.Após o traumatismo do nazismo na Europa, que glorificara a autoridade a ponto de destruir personalidades, pôde-se assistir a uma rejeição à autoridade. Pensava-se então que quanto menos imposições fossem feitas às crianças, melhor elas se desenvolveriam. Essa idéia moldou uma ou duas gerações de americanos em particular. A nova noção que surge com o conceito de superação é que torna-se necessário dar às crianças oportunidades de vitória com o intuito de reforçar a confiança em si mesmas, e não agir em seu lugar, não protegê-las demais porque isso cria pessoas que, na adolescência, são muitas vezes obrigadas a se colocar à prova por meio de condutas arriscadas, passagens ao ato para descobrir quem são e o que valem realmente.
O que são os tutores de desenvolvimento, aos quais o senhor se refere, e qual é o seu papel?
Fazer nascer uma criança não basta, é preciso também colocá-la no mundo, cercá-la de circuitos sensoriais que lhe sirvam de tutores de desenvolvimento. Mesmo que uma criança seja sadia genética e neurologicamente, se ao seu redor não houver quem a toque, lhe fale, cuide de sua higiene, ou mesmo chame a sua atenção, seu desenvolvimento será gravemente alterado. A privação de contatos e de afeição pode chegar a gerar atrofias físicas e cerebrais. Em instituições onde as crianças órfãs são despersonalizadas, algumas meninas chegam a não desenvolver plenamente sua feminilidade do ponto de vista hormonal.O que demonstra a que ponto a identidade sexual é também resultado de uma construção social e cultural...De fato, a diferença entre os sexos é de ordem hormonal, anatômica, mas também muito de ordem afetiva e cultural. Foi nossa civilização ocidental que colocou separadamente o biológico de um lado e o cultural do outro, mas, na realidade, eles estão em interação. Por essa razão, para se desenvolver bem, uma criança precisa tanto de glucídeos quanto de palavras.Quais são as possíveis reações de um indivíduo após um traumatismo e a que lógica elas obedecem?É preciso saber que um traumatismo é reparável, mas não reversível. Existe uma condição para a metamorfose. Se os recursos internos tiverem sido adquiridos e, ao nosso redor, depois do traumatismo, existirem recursos externos – tutores de superação –, temos mais chance de superar do que de permanecer feridos. Do contrário, tornamo-nos vulneráveis. O impacto dos traumatismos é portanto desigual, conforme a história das pessoas e o ambiente em que vivem.O ser humano possui estratégias de adaptação às perturbações pós-traumáticas que visam fazê-lo sofrer menos. Mas essa adaptação diante de um trauma, principalmente nas crianças, nem sempre é benéfica quando gera uma amputação de sua personalidade, a submissão, a renúncia em tornar-se si mesmo, a busca da indiferença intelectual, o esfriamento afetivo, a desconfiança ou a sedução do agressor.Algumas reações podem ser salvadoras, embora condenadas pela sociedade. Por exemplo, as crianças abandonadas que vivem nas ruas, especialmente na América Latina, só podem sobreviver tornando-se delinqüentes. Aquela que não sabe roubar, que não sabe se juntar a outros para agredir os adultos, possui uma esperança de vida de oito a dez dias. Nesse caso, a delinqüência tem o valor de uma adaptação a uma sociedade louca. Outra reação saudável em alguns casos após o trauma é a recusa de se lembrar. Acho que isso deve ser respeitado, como, por exemplo, no caso de um país que sofreu uma guerra civil e precisa ser reconstruído. É o caso do Camboja, onde os khmers vermelhos comem hoje à mesma mesa que os filhos daqueles que eles assassinaram. Como fazer para coexistir e seguir em frente depois de semelhantes dramas, se a prática da negação não for aplicada?
Seria melhor, portanto, para as sociedades, não assumir em praça pública certos horrores cometidos ou sofridos no passado, para poder se reconstruir?Os habitantes da África do Sul, ao tomar conhecimento de nossos trabalhos, decidiram organizar imediatamente após a abolição do apartheid debates entre brancos e negros, e isso terminou em catástrofe. As tensões se reanimaram e abriu-se um fosso entre as comunidades. As pessoas saíam de lá com ódio, porque a ferida ainda era muito recente.
O senhor não acha importante para um país, a longo prazo, poder olhar de frente a sua história?
CDepende. Eu comparo a negação à reação dos feridos em acidentes rodoviários que, assim que encontram uma posição antálgica, recusam-se a se deixar remover quando se pretende ajudá-los. E têm razão, porque se os tocarmos em qualquer lugar corremos o risco de agravar seus ferimentos e fazê-los sofrer. Mas eles estão enganados também, porque não podemos salvá-los deixando-os na estrada. Acho que é preciso observar esse aspecto. O ideal seria poder abrir os dossiês imediatamente, evitando ao mesmo tempo a guerra civil, o que, infelizmente, raras vezes parece ser possível.Que atitude deveriam adotar os próximos, os profissionais e os poderes públicos para ajudar as pessoas traumatizadas, especialmente as crianças, a se recuperar e se desenvolver livremente?É fundamental salientar que, mesmo nos casos mais terríveis, como os das crianças que assistiram ao massacre de toda a família, existe sempre a esperança, porque os determinismos humanos, em sua maioria, não são definitivos. Mas, para isso, é indispensável não considerar a pessoa como condenada. Declarar que uma criança não tem recuperação e abandoná-la à própria sorte é o mesmo que criar as condições para o que se predisse. Não se deve reduzir a pessoa a seu trauma ou mantê-la na posição de vítima. Por outro lado, a possibilidade de esquecimento depende muito das reações emocionais do meio, para quem muitas vezes é extremamente difícil suportar a representação do choque sofrido por seu filho, cônjuge, pai ou mãe. Porém, não é mergulhando junto que se vai ajudar o filho, a mulher ou o homem feridos.
Qual é a importância da conversa na recuperação?Rua d’Antigua, Guatemala, 1998. É muito importante não impedir as pessoas traumatizadas de falar. Se as reduzirmos ao silêncio, por ser muito difícil ouvir o que têm para contar, porque não o aceitamos, sua personalidade irá de dividir. Uma parte delas, que será obrigada a permanecer secreta, poderá então expressar-se por meio de mudanças de humor ou de agressividade aparentemente inexplicável. Os soldados das guerras não assumidas por seus países (como Argélia e Vietnã) não conseguem se recuperar, ao passo que aqueles que foram apoiados por seus próximos, ou pela sociedade, não desenvolvem a síndrome pós-traumática.
Para completar, seria necessário oferecer à vítima a oportunidade de se dar, de se tornar útil, para que possa reparar a auto-estima. Temos aí todo um trabalho cultural a fazer para não nos contentarmos em prestar assistência às pessoas. No caso de crianças em dificuldade, violentas, delinqüentes, trata-se de lhes dar responsabilidades, confiando-lhes tarefas remuneradas que as valorizem e que sejam úteis à comunidade, como foi feito na Grécia, na Suécia ou na Islândia, por exemplo.E os tutores de resiliação?Devemos dispor ao redor das crianças atingidas tutores que as ajudem a retomar o seu desenvolvimento. O importante é convidar essas crianças a fazer alguma coisa de seu trauma, sem esperar que o acaso da vida coloque em seu caminho um encontro, uma paixão que lhes permita recomeçar. Por essa razão, se lhes é excessivamente difícil expressar verbalmente o que lhes aconteceu, nós propomos às crianças outras formas de expressão, especialmente artísticas (desenho, criação de peças teatrais, poesia, etc.) que possibilitem o domínio da emoção e o distanciamento do trauma.Um grande número de crianças traumatizadas assumem atividades artísticas ou militantes a serviço de outras pessoas. Quase todas procuram compreender a razão do que lhes aconteceu e desenvolvem uma grande capacidade de intelectualização. O que, para elas, é um mecanismo de defesa precioso também tem o mérito de ser proveitoso a toda a sociedade. Essa formas de superação são culturais e benéficas para todos. Elas poderiam facilmente ser aplicadas em todas as culturas.
O que são os tutores de desenvolvimento, aos quais o senhor se refere, e qual é o seu papel?
Fazer nascer uma criança não basta, é preciso também colocá-la no mundo, cercá-la de circuitos sensoriais que lhe sirvam de tutores de desenvolvimento. Mesmo que uma criança seja sadia genética e neurologicamente, se ao seu redor não houver quem a toque, lhe fale, cuide de sua higiene, ou mesmo chame a sua atenção, seu desenvolvimento será gravemente alterado. A privação de contatos e de afeição pode chegar a gerar atrofias físicas e cerebrais. Em instituições onde as crianças órfãs são despersonalizadas, algumas meninas chegam a não desenvolver plenamente sua feminilidade do ponto de vista hormonal.O que demonstra a que ponto a identidade sexual é também resultado de uma construção social e cultural...De fato, a diferença entre os sexos é de ordem hormonal, anatômica, mas também muito de ordem afetiva e cultural. Foi nossa civilização ocidental que colocou separadamente o biológico de um lado e o cultural do outro, mas, na realidade, eles estão em interação. Por essa razão, para se desenvolver bem, uma criança precisa tanto de glucídeos quanto de palavras.Quais são as possíveis reações de um indivíduo após um traumatismo e a que lógica elas obedecem?É preciso saber que um traumatismo é reparável, mas não reversível. Existe uma condição para a metamorfose. Se os recursos internos tiverem sido adquiridos e, ao nosso redor, depois do traumatismo, existirem recursos externos – tutores de superação –, temos mais chance de superar do que de permanecer feridos. Do contrário, tornamo-nos vulneráveis. O impacto dos traumatismos é portanto desigual, conforme a história das pessoas e o ambiente em que vivem.O ser humano possui estratégias de adaptação às perturbações pós-traumáticas que visam fazê-lo sofrer menos. Mas essa adaptação diante de um trauma, principalmente nas crianças, nem sempre é benéfica quando gera uma amputação de sua personalidade, a submissão, a renúncia em tornar-se si mesmo, a busca da indiferença intelectual, o esfriamento afetivo, a desconfiança ou a sedução do agressor.Algumas reações podem ser salvadoras, embora condenadas pela sociedade. Por exemplo, as crianças abandonadas que vivem nas ruas, especialmente na América Latina, só podem sobreviver tornando-se delinqüentes. Aquela que não sabe roubar, que não sabe se juntar a outros para agredir os adultos, possui uma esperança de vida de oito a dez dias. Nesse caso, a delinqüência tem o valor de uma adaptação a uma sociedade louca. Outra reação saudável em alguns casos após o trauma é a recusa de se lembrar. Acho que isso deve ser respeitado, como, por exemplo, no caso de um país que sofreu uma guerra civil e precisa ser reconstruído. É o caso do Camboja, onde os khmers vermelhos comem hoje à mesma mesa que os filhos daqueles que eles assassinaram. Como fazer para coexistir e seguir em frente depois de semelhantes dramas, se a prática da negação não for aplicada?
Seria melhor, portanto, para as sociedades, não assumir em praça pública certos horrores cometidos ou sofridos no passado, para poder se reconstruir?Os habitantes da África do Sul, ao tomar conhecimento de nossos trabalhos, decidiram organizar imediatamente após a abolição do apartheid debates entre brancos e negros, e isso terminou em catástrofe. As tensões se reanimaram e abriu-se um fosso entre as comunidades. As pessoas saíam de lá com ódio, porque a ferida ainda era muito recente.
O senhor não acha importante para um país, a longo prazo, poder olhar de frente a sua história?
CDepende. Eu comparo a negação à reação dos feridos em acidentes rodoviários que, assim que encontram uma posição antálgica, recusam-se a se deixar remover quando se pretende ajudá-los. E têm razão, porque se os tocarmos em qualquer lugar corremos o risco de agravar seus ferimentos e fazê-los sofrer. Mas eles estão enganados também, porque não podemos salvá-los deixando-os na estrada. Acho que é preciso observar esse aspecto. O ideal seria poder abrir os dossiês imediatamente, evitando ao mesmo tempo a guerra civil, o que, infelizmente, raras vezes parece ser possível.Que atitude deveriam adotar os próximos, os profissionais e os poderes públicos para ajudar as pessoas traumatizadas, especialmente as crianças, a se recuperar e se desenvolver livremente?É fundamental salientar que, mesmo nos casos mais terríveis, como os das crianças que assistiram ao massacre de toda a família, existe sempre a esperança, porque os determinismos humanos, em sua maioria, não são definitivos. Mas, para isso, é indispensável não considerar a pessoa como condenada. Declarar que uma criança não tem recuperação e abandoná-la à própria sorte é o mesmo que criar as condições para o que se predisse. Não se deve reduzir a pessoa a seu trauma ou mantê-la na posição de vítima. Por outro lado, a possibilidade de esquecimento depende muito das reações emocionais do meio, para quem muitas vezes é extremamente difícil suportar a representação do choque sofrido por seu filho, cônjuge, pai ou mãe. Porém, não é mergulhando junto que se vai ajudar o filho, a mulher ou o homem feridos.
Qual é a importância da conversa na recuperação?Rua d’Antigua, Guatemala, 1998. É muito importante não impedir as pessoas traumatizadas de falar. Se as reduzirmos ao silêncio, por ser muito difícil ouvir o que têm para contar, porque não o aceitamos, sua personalidade irá de dividir. Uma parte delas, que será obrigada a permanecer secreta, poderá então expressar-se por meio de mudanças de humor ou de agressividade aparentemente inexplicável. Os soldados das guerras não assumidas por seus países (como Argélia e Vietnã) não conseguem se recuperar, ao passo que aqueles que foram apoiados por seus próximos, ou pela sociedade, não desenvolvem a síndrome pós-traumática.
Para completar, seria necessário oferecer à vítima a oportunidade de se dar, de se tornar útil, para que possa reparar a auto-estima. Temos aí todo um trabalho cultural a fazer para não nos contentarmos em prestar assistência às pessoas. No caso de crianças em dificuldade, violentas, delinqüentes, trata-se de lhes dar responsabilidades, confiando-lhes tarefas remuneradas que as valorizem e que sejam úteis à comunidade, como foi feito na Grécia, na Suécia ou na Islândia, por exemplo.E os tutores de resiliação?Devemos dispor ao redor das crianças atingidas tutores que as ajudem a retomar o seu desenvolvimento. O importante é convidar essas crianças a fazer alguma coisa de seu trauma, sem esperar que o acaso da vida coloque em seu caminho um encontro, uma paixão que lhes permita recomeçar. Por essa razão, se lhes é excessivamente difícil expressar verbalmente o que lhes aconteceu, nós propomos às crianças outras formas de expressão, especialmente artísticas (desenho, criação de peças teatrais, poesia, etc.) que possibilitem o domínio da emoção e o distanciamento do trauma.Um grande número de crianças traumatizadas assumem atividades artísticas ou militantes a serviço de outras pessoas. Quase todas procuram compreender a razão do que lhes aconteceu e desenvolvem uma grande capacidade de intelectualização. O que, para elas, é um mecanismo de defesa precioso também tem o mérito de ser proveitoso a toda a sociedade. Essa formas de superação são culturais e benéficas para todos. Elas poderiam facilmente ser aplicadas em todas as culturas.
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