*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Tuesday, April 29, 2008

Seymour Hersh: bombardeamento de Israel à Síria foi acto de guerra

No dia 6 de Setembro do ano passado, quatro aviões israelitas invadiram o espaço aéreo sírio e bombardearam um local a cerca de 90 milhas a norte da fronteira com o Iraque. Apesar de se tratar de um acto de guerra, o governo de Israel não fez qualquer declaração sobre o assunto. A Síria denunciou a invasão, mas nos dias que se seguiram multiplicou as informações contraditórias: negou o bombardeamento, depois admitiu que existira mas disse que não atingira nada, e só dias depois o presidente Bashar Assad reconheceu que houvera instalações bombardeadas.O assunto atraiu a atenção do repórter investigativo Seymour Hersh, que publicou na edição de Fevereiro da revista norte-americana New Yorker o artigo "Um ataque no escuro" sobre este incidente. Foi sobre isso que a rede de TV Al Jazeera o entrevistou, um texto que publicamos em seguida.Já depois da entrevista, no dia 24 de Abril, um responsável pela segurança nacional americana disse no Congresso que o raide israelita de 6 de Setembro de 2007 na Síria visara um reactor nuclear construído com tecnologia norte-coreana. Segundo a Casa Branca, houve "cooperação nuclear clandestina da Coreia do Norte com a Síria" e, quando foi destruído, o reactor sírio estava próximo da "capacidade operacional".A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) afirmou que vai investigar as acusações, mas Mohamed El Baradei, director da agência, criticou Washington por não ter fornecido à AIEA a informação agora divulgada, e Israel, pela "utilização unilateral da força".Segundo El Baradei, e de acordo com a informação fornecida pelos americanos, "o reactor não estava operacional e não continha material nuclear". Na sua opinião, a AIEA deveria ter podido investigar previamente se havia actividades nucleares.No dia 27, o presidente da Síria, Bashar Assad, negou ao jornal al-Watan, do Qatar, que as instalações destruídas por Israel tivessem como objectivo produzir armas nucleares.

Por que Israel bombardeou um alvo na Síria?Não tenho todas as respostas para essa pergunta directa - uma coisa muito significativa é que Israel e o seu principal aliado, os Estados Unidos, optaram por não dizer nada oficialmente acerca deste incidente e foi isso que despertou o meu interesse - quem já ouviu falar de um país que bombardeia outro e nada diz sobre isso, achando, de alguma forma, que tinham esse direito?Em 1981, quando Israel bombardeou o reactor de Osirak no Iraque, fizeram imenso barulho e tornaram tudo público. Desta vez, nada disseram publicamente, mas depois de semanas começaram a deixar passar [informação].Começaram a contar a alguns repórteres uma série de histórias muito grandiosas sobre o que estava a acontecer - navios a chegar com material ilícito, descarregados por pessoas com equipamento protector... de um porto do Mediterrâneo, atravessando até o local do bombardeamento, comandos no terreno, mostras de solo.E nada disso se provou ser verdade, ou pelo menos não encontrei quaisquer provas.Por isso, tenho de dizer que se este artigo que escrevi provocar a decisão de Israel vir a público com o seu esmagador dossier que irá responder a todas as perguntas, será óptimo... mas não o fizeram e [acho terrível] o excesso de confiança, a arrogância de pensar de que se pode cometer um acto de guerra e depois nada dizer sobre isso.A Síria ainda ampliou o problema, ao dar uma resposta desastrada e preguiçosa. Demorou, penso eu, até 1 de Outubro, quase quatro semanas depois do incidente, para o presidente da Síria, Bashar al-Assad, reconhecer que realmente a Síria tinha sido bombardeada.Por que foi a reacção da Síria tão atenuada?Penso que foram apenas desastrados. Penso que não têm a menor ideia acerca do ciclo noticioso de 24 horas - é simplesmente desconhecido para eles.Por isso o que aconteceu foi: houve um raid, anunciaram rapidamente que tinha havido uma intrusão dos israelitas, disseram inicialmente, depois de dois dias, que tinham bombardeado munições, a seguir o ministro dos Negócios Estrangeiros diz na Turquia quatro ou cinco dias depois do incidente que nada foi bombardeado, que houve bombas a cair mas não acertaram nada.Três semanas mais tarde, o presidente diz: "Ah, bem, realmente foi destruído um edifício". Não se pode programar uma coisa e sair de forma tão desastrada. Eles realmente não se saíram nada bem. Mas há outros factores.
Como a Coreia do Norte?Havia coreanos do norte, como disseram os israelitas, no local. Estavam a construir instalações, instalações militares, esse é o meu palpite.Disseram-me duas coisas diferentes na Síria. Uma fonte disse-me que talvez fosse uma instalação química destinada à guerra química, outra disse-me de forma mais persuasiva que "Não, era para mísseis - mísseis de curto alcance para serem usados no caso de sermos atacados por Israel, responderíamos assimetricamente com mísseis."Porque eles acham que armas químicas são de pouca utilidade contra uma potência nuclear?Sim, seriam incinerados. Disseram-me que tomaram essa decisão há mais tempo do que pensávamos.
Disseram-me que realmente desvalorizavam o uso de armas químicas como dissuasor, porque a resposta seria nuclear.Alguma das suas fontes disse-lhe que havia provas que apoiassem a teoria de que os EUA queriam que Israel testasse as defesas aéreas sírias, porque são semelhantes às do Irão?No início. Este plano foi preparado pelo Estado-maior conjunto dos EUA, no gabinete do vice-presidente.O pouco que eu sei sobre este processo é que foi no Verão, meses antes da missão, houve muita conversa sobre levar a cabo a missão e houve um relatório da comunidade de informações da Agência de Informações de Defesa (Defence Intelligence Agency) dizendo que a Síria tinha aumentado dramaticamente a capacidade do seu radar e do sistema de controlo de comando.[Dizia que tinha] radar anti-aéreo parecido ou paralelo ao que se sabia ter sido instalado no Irão - por isso esta operação era uma forma de testar o radar sírio.Pode-se andar por toda a Síria e ninguém se importa, é um país pequeno de 17 milhões de pessoas. Mas ir para o Irão e testar radares sobrevoando qualquer lugar, provocaria um contra-ataque.Os israelitas sobrevoaram impunemente, não havia muito o que a Síria pudesse fazer e [os israelitas] sabiam que a Síria nada faria.Por isso, no início os meus amigos acharam que era uma operação de radar, só depois é que ficaram a saber outra coisa.Foi muito difícil obter informação [em Israel] porque têm uma barreira contra falar e foi imposta censura militar nesta questão.Mas houve pessoas que me disseram: "Ah, essa coisa do radar foi [disparate] - nunca ia acontecer, é uma forma de fazer entrar um veículo".Parece claro, do que soube dos meus amigos americanos e dos sírios e dos israelitas, que o único alvo foi o que foi bombardeado.Não estavam à procura de qualquer radar, simplesmente entraram e destruíram o alvo.Chega-se assim ao nível seguinte de perguntas, que são as que eu coloco no artigo, porque são muito hipotéticas - quem autorizou?
Com quem é que falaram? Quer dizer: Israel não faz um raid como este sem falar com a Casa Branca, e não encontro ninguém que soubesse antecipadamente que eles iam atingir a instalação.
Pode ter acontecido que eu simplesmente não tivesse encontrado quem soubesse, o que não quer dizer que essa pessoa não existisse, e também pode ter acontecido que alguém como Dick Cheney, que já o fez anteriormente, tivesse ultrapassado a cadeia de comando.Por outras palavras, normalmente toda esta informação sobre um ataque israelita iria passar pelo Estado-Maior conjunto, mas talvez ele tenha abreviado esse processo - já fez o mesmo noutros incidentes - mas não posso dizer de certeza que foi o que aconteceu neste caso.
O objectivo do raid foi agir como um dissuasor potencial em relação ao Irão?Claro que os EUA tinham essa intenção, deixar que os iranianos soubessem que apesar da estimativa de informações nacionais, "estamos prontos... temos um mandato e os israelitas vão agir por nós se precisarmos"Mas é claro que Israel tinha outro ponto de vista em relação à missão. Penso que os israelitas estavam perturbados pela presença dos coreanos do norte, estavam perturbados pela construção, e pensaram: "Que diabo, seja o que for, não vamos deixar que exista. Vamos atingir as instalações antes que estejam prontas, sejam o que forem."
Se pensaram que era nuclear, espero que nos mostrem, de outra forma, apenas destruíram um edifício que ainda não estava pronto.E o resultado foi óptimo para eles, porque fez com que Olmert desse um salto, um grande impulso no apoio.
Refere-se à situação posterior à guerra do Líbano de 2006?
Absolutamente. E também foi visto como uma mensagem para Bashar Assad, o presidente da Síria, que os israelitas acreditam que se tornou arrogante depois da guerra do Hezbollah, pelo apoio que deu a Hassan Nasrallah [o líder do Hezbollah] - é um grande amigo de Assad.Os israelitas pensaram que lhe podiam fazer baixar o tom, e também que podiam enviar uma mensagem a Bashar Assad: "O que é que o Irão está a fazer por ti, amigo? Nós vamos aí e damos-te na cabeça e o Irão faz alguma coisa?"E a imprensa americana e internacional acabou por ser usada nesta história de uma forma escandalosa.Sobre a culpabilidade dos média, este foi um assunto muito importante no processo que deu origem à guerra em 2003 - provas questionáveis que supostamente davam uma razão para a guerra. Os média estão a ser manipulados outra vez?A imprensa foi preguiçosa sobre este assunto, e crédula, e tomou tudo pelo seu valor de face.Para mim, a imprensa dos EUA não enfrentou o que aconteceu aqui... os jornais perderam sem dúvida a maior questão moral da última década, que foi o caminho ilegal para a guerra do Iraque.E o nosso papel não é perder essas coisas, o nosso papel não é ouvir o presidente. Havia elementos do mesmo padrão ocorrendo e isso é muito perturbador.Com as eleições dos EUA este ano, acha que vai mudar alguma política externa com um novo presidente, especialmente em relação a Israel, ao Irão e à Síria?Certamente não vai mudar com McCain, ele defende nem sequer mudar a guerra, o que eu acho um grande erro.
Alguém que conheço escreveu um belo ensaio fazendo o ponto da situação, e dizendo que o Iraque é um cadáver, e David Petraeus, o general, e o nosso embaixador Ryan Crocker, são os coveiros, e o papel deles é manter o baton e a maquilhagem durante os próximos seis meses, até passarem as eleições - esse é o objectivo deles.[Sobre Israel] é muito difícil, sabe que ninguém o questiona na América. A influência dos judeus americanos é enorme. Há muito dinheiro.
Só gostava que muitos judeus americanos lessem jornais israelitas - principalmente o Haaretz - mais cuidadosamente, e que vissem que existe realmente uma crítica vibrante do governo israelita... mas isso não se vê hoje.Eu sou judeu e não sou anti-semita a não sou anti-israelita. Os israelitas entendem isso, assim como, já agora, muitos americanos não entendem que o mesmo acontece em relação à liderança do Hamas e outros. Nem todos passam a vida à espera de matar judeus, estão mais dispostos do que se pensa a acreditar na coexistência, apenas não gostam da forma como o sistema funciona.
O que pensa do legado de Bush ao mundo?Ele fez mais para aterrorizar o mundo do que qualquer um que eu conheça. O mundo actual é muito mais perigoso.Tenho um amigo muito sábio, nascido na Síria, que me disse, logo depois de começarem os bombardeamentos no Iraque: "Esta guerra não vai mudar o Iraque - o Iraque é que vos vai mudar", e foi o que eu vi acontecer, e é assustador.É muito assustador ver como as coisas estão tão frágeis agora, nada de bom acontece no Líbano, nada de bom na Síria, nem no Irão... Não podemos falar com as pessoas de que não gostamos?Temos de negociar, é a única forma de resolver os nossos problemas.


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