entrevista Alexandre Adler 18/03/08

Alexandre Adler: Três tipos de leitores fizeram o sucesso de Courrier international. O primeiro grupo de leitores é composto de nossos colegas da imprensa nacional, para quem o Courrier foi uma preciosa fonte de informações e análises. Quando o semanário foi lançado, em 1990, a França encontrava-se em plena crise do Koweit. Nessa época, reinava nas redações uma certa desordem por causa da falta de informações sobre as operações militares que estavam sendo preparadas. Para preencher esse vazio de informações concretas, os jornalistas procuravam saber o que pensava da situação esse ou aquele país. Foi em nossas páginas que eles encontraram as análises da tensão crescente feitas pelos jornalistas e intelectuais dos países envolvidos.
O segundo tipo de leitores reúne os decepcionados com a imprensa francesa, que a consideram excessivamente voltada para as perspectivas puramente francesas, mesmo quando aborda questões estrangeiras. Estes não tardaram a adotar o Courrier International, que desde os seus primeiros números tentou passar, não a visão que nós, franceses, temos dos países estrangeiros, mas a que os países estrangeiros têm deles mesmos.Existe por fim um terceiro grupo, composto de expatriados e jovens que se apegaram ao Courrier porque viram nele uma crítica implícita, mesmo que esta jamais seja formulada totalmente, do europeocentrismo. Ao publicar textos e opiniões publicadas em jornais provenientes de todas as partes do planeta que nem sempre têm direito à palavra, o Courrier nega a centralidade da Europa.


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