*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Tuesday, September 26, 2006

Qual é o verdadeiro alcance do projecto norte-americano do «Grande Médio Oriente.por Michel Chossudovsky




Qual é o verdadeiro alcance do projecto norte-americano do «Grande Médio Oriente»? Esse plano tem pelo menos uma década. Quando consultei documentos da administração Clinton percebi que já na altura admitiam guerras de «teatros reais» no Iraque, Irão e Síria, ou seja, não só previam acções «punitivas», como também operações militares de ocupação. Posteriormente, em 2000, publicaram um projecto intitulado «Um novo século americano», que é a agenda da administração Bush. Por que razões escolheram estes três países como alvos? Não escolheram necessariamente, até porque têm planos mais vastos como se prova pelo estabelecimento de «alianças» económicas e de cooperação militar com países como a Geórgia, o Uzbequistão, o Tajiquistão, que possuem hidrocarbonetos ou encontram-se na passagem de oleodutos e gasodutos. A região não se limita ao Médio Oriente, alarga-se a uma zona onde se concentram cerca de 70 por cento das reservas mundiais de petróleo e gás natural e estende-se até ao Mar Cáspio e à Ásia Central. Claro, não temos ecos deste projecto nos meios de comunicação dominantes. O que nos querem fazer acreditar é que os EUA agem em nome do combate ao terrorismo da Al-Qaeda, que intervieram no Afeganistão por razões humanitárias, mas não informam que os Talibãs foram instruídos e financiados pelos EUA. CONTRADIÇÕES INTER-IMPERIALISTAS E A CRISE DO CAPITAL Mas além da justificação mediática foram envolvidas instituições como a ONU na legitimação das várias guerras, embora em relação ao Iraque com oposição da França… Mesmo com a cumplicidade da ONU, que na prática sustentou as campanhas militares dos EUA no Iraque, no Afeganistão e nos Balcãs, não nos podemos esquecer que tais acções violaram o direito internacional e a Carta das Nações Unidas. Quando o secretário-geral e o Conselho de Segurança (CS) da ONU violam o documento fundamental da organização estão a rescrever a sua filosofia porque introduzem a guerra como instrumento de uma estrutura comprometida com a paz. A França e a Alemanha opuseram-se à invasão do Iraque porque havia negócios e interesses europeus no país. A França, por exemplo, assinou acordos de exploração petrolífera com o governo de Saddam Hussein e apenas procurou travar o monopólio das companhias anglo-americanas. Estamos a falar dos interesses de empresas como a francesa Total, mas também a espanhola Repsol e a italiana Eni. A guerra movida pelos EUA e pela Grã-Bretanha foi para controlar o petróleo iraquiano, mas também para garantir que outros não o controlassem. Apesar disso, a Espanha e a Itália suportam a ocupação. Essas contradições ajudam a perceber as expressões «velha Europa» e «nova Europa» proferidas por Donald Rumsfeldt? Parte da estratégia dos EUA em matéria de diplomacia internacional passa por criar uma fractura entre os países da UE. Claro que se mantêm os laços sobretudo por via da Nato, mas, muito cruamente, a UE é o inimigo de longo prazo dos EUA, até porque existem interesses antagónicos entre as duas potências económicas. A aliança Franco-alemã que domina a UE constitui uma ameaça para os EUA ao nível da exploração do petróleo, da produção de armamento, e o que me parece muito importante, na imposição de uma moeda de referência no sistema de trocas mundial. A questão monetária assume papel central devido à dívida externa norte-americana e ao surgimento do Euro? O défice comercial dos EUA só se sustenta porque os EUA podem «imprimir» dinheiro do nada, na medida em que não garantem reservas para tal operação. Isto quer também dizer que os EUA adquirem recursos e bens provenientes de países subdesenvolvidos a preços mínimos e usam o dólar como moeda de referência em todo o mundo, coordenando o seu valor com as políticas de desestruturação implementadas pelo Fundo Monetário Internacional. Então o alargamento da UE ou a Constituição Europeia surgem como contra-respostas à hegemonia norte-americana? A diferença fundamental entre o projecto de dominação dos EUA e a Constituição Europeia é que a UE não possui o mesmo poder militar, por isso responde com a construção de um bloco económico e militar concorrente, embora menos agressivo nas pretensões hegemónicas. Num certo sentido, a força de defesa europeia é uma reacção ao facto dos EUA serem o poder dominante dentro da Nato, o que é inquestionável, mas não existe nenhum projecto alternativo da parte dos europeus, têm a mesma agenda neoliberal, os mesmos objectivos económicos, as mesmas fórmulas de destruição do Estado Social. A solução não reside na construção de um poder oposto ao dos norte-americanos e o movimento antiguerra europeu deve focar a sua luta nesta matéria sem distingui-la do projecto apresentado pelos EUA. A corrida pela supremacia militar nos dois blocos surge igualmente como uma resposta à crise económica nas respectivas áreas de influência? Não há dúvida disso, mas não é a solução para a crise. O desenvolvimento da indústria militar faz parte da agenda neoliberal ao mesmo tempo que se mantêm os critérios financeiros de contenção do défice público nos países da UE, o que leva à privatização dos serviços públicos e das garantias sociais dos Estados. Os recursos são captados pela indústria militar e são usados para a construção de equipamentos e armas mais sofisticadas, em vez de ser investido na criação de emprego ligado ao sector público. Nos EUA é igual. Nos contratos estabelecidos entre o departamento de Defesa dos EUA e a Lockheed Martin - que é o maior produtor militar mundial - a administração Bush garante à empresa, por cada emprego criado, entre 25 e 66 milhões de dólares. A agenda de guerra do séc. XXI rouba recursos a outros sectores de actividade mas não tem peso na criação de postos de trabalho. NOVAS ARMAS, NOVOS PERIGOS Que implicações tem a ascensão do poder destes complexos militares? Poucos se aperceberam que as novas armas nucleares - recentemente desclassificadas como «convencionais» pelo Senado norte-americano - vão mesmo ser usadas sem qualquer fiscalização política, o que faz parte dos objectivos da indústria militar anglo-americana desde Agosto de 2003. Nesse ano, no dia em que se assinalava o aniversário dos bombardeamentos nucleares em Hiroshima, os EUA organizaram uma reunião onde decidiram convidar o sector privado a participar, não só do ponto de vista da produção, mas também na concepção e determinação das políticas da agenda nuclear. Estabeleceram a privatização do sector da mesma forma fácil que o poderiam fazer em relação ao sector eléctrico. A RESISTÊNCIA DOS POVOS De que forma os povos se podem opor a esta escalada da violência e ao perigo de conflitos com recurso a armas nucleares? Na minha opinião depende do conteúdo e da capacidade de articulação dos movimentos sociais e de massas. A minha percepção destes movimentos é que, tanto nos EUA como na Europa, estão construídos na base do sentimento antiguerra e não se concentram no derrube dos criminosos que a promovem. Há alguns elementos de resistência efectiva, mas regra geral trata-se da simples promoção de manifestações pela paz. A grande questão passa não só pela defesa da paz ou até pela derrota das políticas conjunturais de guerra e agressão, mas sobretudo pela conquista do poder à agenda militar e aos complexos económicos dominantes por trás desta. Só quebrando a legitimidade do poder estabelecido é possível alcançar os objectivos de paz e progresso. Não penso que tal seja imediato porque estes movimentos sociais ou cívicos são pouco esclarecidos relativamente ao que realmente se está a passar. Basta lembrar que muitos dos seus membros apoiaram os ataques contra a Jugoslávia e o Afeganistão, mas insurgiram-se contra a guerra e ocupação do Iraque. Não faz sentido diferenciar os três processos. Se são a mesma guerra, a mesma agenda militar, porque razão haveria de ser legítimo o ataque à Jugoslávia ou ao Afeganistão? Só porque havia um mandato da ONU e quiseram-nos fazer crer que eram guerras que se apoiavam em supostos princípios humanitários? È preciso desmontar o sistema e os interesses e poderes que o suportam e, nesse sentido, neste momento não entendo como uma revolução deste género pode suceder sem recurso ao confronto violento. O derrube do poder passa por atacar a legitimidade dos que o dominam, e um bom princípio é, no actual contexto, a desmistificação do que nos querem fazer passar por «guerra contra o terrorismo». Mesmo dentro das forças armadas existem militares e cientistas que se opõem à agenda militar, o problema é que não podem expressar-se sob pena de represálias e quando o fazem podem mesmo ser assassinados. Está a reportar-se ao caso do cientista britânico David Kelly? Sim, na minha opinião ele foi assassinado por razões políticas. Alguém no interior dos serviços secretos britânicos com interesse em defender a estratégia de guerra tratou de o silenciar, até porque as provas indicam que o relatório da autópsia foi manipulado. Não é caso único de silenciamento de resistentes, o mesmo sucedeu com Yasser Arafat. As pessoas têm uma memória muito curta, mas em Setembro ou Outubro de 2003, há pouco mais de um ano e meio, o governo de Israel afirmou que tinha o objectivo de eliminar Arafat. No seguimento dessa decisão houve uma resolução do CS da ONU, vetada pelos EUA, na qual se condenava Israel. Quando Yasser Arafat morreu houve rumores, suspeitas, algumas vozes lançaram acusações mas nada mais se soube, nunca se promoveu uma investigação exaustiva sobre a influência do objectivo israelita na «doença» e consequente falecimento de Arafat. A dita «comunidade internacional» fez mesmo circular a ideia de que a morte de Arafat traria vantagens para o avanço do processo de paz no Médio Oriente, quando deviam ter investigado a suspeita que apontava os serviços secretos israelitas como responsáveis pelo assassinato de Arafat. Neste momento a Autoridade Nacional Palestina é governada por o que eu considero uma marioneta dos EUA que só serve para que Washington possa manipular o processo de paz enquanto se mantêm os palestinianos na ilusão. Que planos de trabalho tem agendados para o futuro próximo? Neste momento trabalho no desenvolvimento do tema da guerra e da globalização que procurarei centrar no período do pós 11 de Setembro, sobretudo do ponto de vista da manipulação mediática, da fabricação de um inimigo, onde conto incluir um capítulo sobre um sujeito chamado Al-Zarqawi, que é uma fabricação mediática. Espanta-me como é que as pessoas podem pensar que um indivíduo de quem só conhecemos uma imagem, sempre a mesma foto, pode ser declarado inimigo principal de uma coligação militar com tamanho poder. É absurdo! Um outro projecto é fazer a análise da guerra desde aos Balcãs até à situação actual, dos seus diversos episódios, os quais considero estarem intimamente ligados. A região também detém importantes corredores de oleodutos, assegura uma presença militar norte-americana naquela zona da Europa e foi, simultaneamente, a porta principal para a entrada no Mar Cáspio e na Ásia Central. Depois quero envolver-me mais na acção política, até porque entendo que os frutos destas pesquisas devem ser usados e as pessoas devem desenvolver instrumentos para compreenderem e agirem em resposta aos processos económicos e políticos em curso. São contributos para a tal dinâmica de que falava estarem necessitados os movimentos sociais? Muito clara e francamente, o movimento antiguerra é demasiado ambíguo, particularmente o movimento que conhecemos como antiglobalização. O meu contributo tem sido fundamentalmente através das investigações e publicações. Se olharmos para os Fóruns Social Mundial e Europeu, onde existem Organizações Não Governamentais (ONG's), temos que perceber quem é que as financia. Chegamos à conclusão que são a Fundação Rockefeller, a Fundação Ford, muitas vezes os governos. O que eu tenho defendido é que não se pode afirmar que se combate o sistema e ao mesmo tempo pedir que seja ele a financiar as lutas. Este é um aspecto que merece ser debatido porque constitui um dos obstáculos principais à constituição de movimentos sociais consistentes. Vamos dizer que para inverter o nó temos que quebrar os laços entre o capitalismo e este tipo de organizações, percebermos que o capitalismo não só está a combater todo o tipo de resistência como, paralelamente, está a criar a «sua» própria resistência na medida em que financia o «seu» próprio antidiscurso, obrigando, claro, à manutenção deste no nível estrito da condenação da guerra, mas não do sistema. Vemos a Fundação Soros e outras ONG's, ligadas aos serviços secretos, terem poder para destabilizar e fazerem pender a seu favor processos políticos como os que ocorreram na Ucrânia ou na Geórgia. É muito importante termos a noção de que para construir uma resistência efectiva não se pode depender da «nova ordem mundial» e manter um nível politicamente correcto. A exemplo, a discussão em torno de medidas como a Taxa Tobin é ridícula na medida em que não afecta a estrutura, é um despojo mínimo das actividades especulativas que, mais uma vez, se alimentam da guerra. Seria como colocar uma taxa para os assaltos! Há muito folclore e ficção nestes movimentos, mas ainda não podemos discutir objectivamente estas questões porque somos imediatamente acusados de negativismo. O original encontra-se em http://www.avante.pt/noticia.asp?id=8799&area=5 . Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

2 Comments:

  • At 11/13/2006, Anonymous Anonymous said…

    Achei demais
    o que você escreveu.
    Eu nunca tinha pensado nesse ponto
    de vista que você retrata sobre as ONG'S,porém tem total razão,como combater o capitalismo dependendo dele???
    virei sempre visitar o seu blogger
    oara ficar antenada.
    obrigada!

     
  • At 11/24/2006, Anonymous Anonymous said…

    Genial!!!!
    Excelente texto!!
    Continue assim cara, parabens!!
    valeu

     

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