*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Monday, March 31, 2008

Entrevista:Erik Olin Wright e Michael Burawoy 31/03/08

Soviet revolution
http://www.youtube.com/watch?v=wpKRd2xQeq8
- Gostaríamos de começar com um questão proposta recentemente por Seymour Lipset: por que não houve um movimento socialista forte nos Estados Unidos? É possível explicar isso - como faz o autor - por um suposto "excepcionalismo norte-americano"?MICHAEL BURAWOY e ERIK OLIN WRIGHT - Essa questão tem um caráter muito diferente se ela fizer referência apenas ao passado - por que não houve um movimento socialista forte - ou se fizer referência à trajetória das lutas de classe e às políticas nos países capitalistas desenvolvidos. Nesse segundo caso, o fator principal é que em nenhum país capitalista desenvolvido de hoje existe um "movimento socialista forte". Os Estados Unidos, a Inglaterra, os países do norte da Europa e da Europa continental - em nenhum desses lugares há algo que possa ser chamado de um forte partido político ou movimento social anti-capitalista. Dada a presente realidade, a questão em relação ao passado assume um caráter diferente. É certo que houve condições históricas especiais nos Estados Unidos - agrupadas como "excepcionalismo norte-americano" - que explicam porque um capitalismo hegemônico se consolidou aqui antes e de tal modo que os movimentos anti-capitalistas perderam força. Mas talvez a melhor forma de propor o problema seja "por que houve tanto atraso nesse processo na Europa?", e não "por que não houve socialismo nos Estados Unidos?". Sem dúvida, uma resposta completa para essa questão seria muito complexa, mas incluiria o fato de que, desde o início, o desenvolvimento capitalista nos Estados Unidos não foi limitado pela persistência das estruturas econômicas pré-capitalistas (com a exceção óbvia da escravidão), e isso permitiu que uma forma mais dinâmica e hegemônica de capitalismo se desenvolvesse rapidamente. Então, para responder à pergunta: hoje, os Estados Unidos não deveriam ser considerados exceção e, sim, a norma à qual aspiram tantas burguesias nacionais - pense na competição entre a Índia e a China para emular o livre mercado controlado pelos Estados Unidos, na adoção entusiástica dos princípios de mercado por toda a antiga União Soviética e seus países satélites. Até na África e no mundo árabe, a hostilidade aos Estados Unidos não implica a rejeição do mercado capitalista. Vamos deixar nossos leitores decidirem se a América Latina, seja o Brasil, a Bolívia ou a Venezuela, oferecem alternativas genuínas para o modelo americano. Talvez a grande ironia esteja no fato de que os Estados Unidos, de várias maneiras, são uma das mais conhecidas exceções à sua própria celebração dos livres mercados, da democracia liberal e dos direitos humanos.
- Apesar da inexistência de um Partido Socialista forte, é possível afirmar que um tipo de pensamento radical sempre esteve presente nos Estados Unidos durante o século 20?M.B. e E.W. - Como o pensamento radical nos Estados Unidos nunca foi representado por um partido político estável e de massa, é fácil pensar que ele está perpetuamente à margem da vida intelectual e cultural, com pouca continuidade e impacto. Isso é um erro. Sempre houve diversas correntes de pensamento radical dentro dos Estados Unidos, mas essas correntes não se cristalizaram em torno de um programa unificador, como acontece quando um forte partido político de esquerda está presente. Assim, nos últimos 50 anos, nos Estados Unidos, idéias radicais e críticas contemplaram principalmente questões vinculadas à raça, aos gêneros, ao meio-ambiente e à sexualidade, e não à classe e ao trabalho - embora existam algumas exceções recentes, como veremos. Algumas dessas correntes de pensamento radical são vibrantes, criativas e contribuíram muito para discussões globais. O melhor trabalho do feminismo e do ambientalismo norte-americanos, por exemplo, certamente influenciou a discussão dessas questões ao redor do mundo. Mas essas discussões geralmente estiveram desconectadas da crítica do capitalismo e da política de classe. Além disso, a ausência de um partido de massa com tendência esquerdista ou social-democrata, e, ao mesmo tempo, de um movimento trabalhador institucionalizado diminuiu a durabilidade e a continuidade de uma política oposicionista. Lutas de classe vieram em ondas, mas existem poucas instituições para manter vivas as lembranças coletivas dessas lutas, de modo que cada época de movimentos precisa começar do zero. Não existe um legado oposicionista como nos países europeus - embora mesmo lá essas memórias nacionais estejam ficando cada vez mais anacrônicas no mundo globalizado.
http://sociology.berkeley.edu/faculty/burawoy/
http://www.ssc.wisc.edu/~wright/
- Perry Anderson afirma que, na década de 1970, um forte movimento intelectual marxista - ou pelo menos influenciado pelo marxismo - surgiu nos Estados Unidos, restabelecendo temas clássicos como a análise dos processos de trabalho e as teorias de classe e exploração. Como você avalia o florescimento do marxismo teórico nos Estados Unidos, depois de 1968?M.B. e E.W. - De fato, houve um certo florescimento do marxismo, especialmente nos anos 1970 até os 1980, mas há um pouco de exagero nisso, já que esse florescimento se limitou ao mundo acadêmico, sem muita articulação com movimentos sociais fora da universidade, mais sensível ao marxismo. Hoje o marxismo, na prática, quase desapareceu da academia, embora deva ser dito que alguns dos temas centrais do marxismo foram absorvidos pelas principais correntes de algumas disciplinas, especialmente a sociologia. Os estudantes de sociologia continuam atraídos por perspectivas críticas, incluindo o feminismo, a análise crítica de raça e os estudos culturais, e muitos dos estudantes de graduação ainda querem fazer pesquisa sobre questões ligadas à justiça e mudança sociais. Mas o marxismo como sistema abrangente para a análise social já não está no centro desses esforços. Ironicamente, conforme o poder do capital se consolida local, nacional ou globalmente, a capacidade explicativa do marxismo aumenta, mas, ao mesmo tempo, o marxismo como ideologia - no melhor sentido da palavra: idéias tornando-se uma força material - se enfraquece. A renovação do marxismo acompanha a expansão dos movimentos sociais, a efervescência da sociedade civil e as ofensivas trabalhistas. Hoje, isso é encontrado fora dos Estados Unidos, talvez na América Latina.
- Ainda é possível observar a vitalidade deste movimento intelectual hoje?M.B. e E.W. - Se existe vitalidade no pensamento radical ou crítico, hoje, ela vem principalmente das disciplinas híbridas que emergiram em resposta aos movimentos sociais dos anos 1960 e que criaram novos departamentos dentro das universidades, como o de Estudos Afro-Americanos, Estudo Étnicos, Estudos Nativo-Americanos, Estudos Femininos. Eles ainda abrigam uma forte tendência oposicionista. Em disciplinas mais tradicionais, perspectivas críticas continuam presentes, especialmente, de novo, na sociologia. Vale lembrar, por exemplo, que em anos recentes vários presidentes da Associação Americana de Sociologia foram imediatamente identificados com a esquerda - Frances Fox Piven (2007), Troy Duster (2005), Michael Burawoy (2004) e Joe R. Feagin (2000). No interior da sociologia, ainda há claramente uma forte propensão a perspectivas críticas, oposicionistas. O recente interesse pela sociologia pública, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior, comprova um desejo latente de retorno às raízes da sociologia de transformação social. Se o impulso marxista dos anos 1970 fez com que os movimentos sociais construíssem uma nova sociologia contra as teorias esclerosadas da modernização e do triunfo americano, o impulso crítico do novo século se virou para fora, tomando o desafio de compreender o disaster capitalism e, ao fazê-lo, precisou sacrificar a pureza teórica em nome do engajamento prático.
- Recentemente, duas questões políticas e sociais chamaram atenção nos Estados Unidos: a Guerra no Iraque e os direitos dos imigrantes. Aconteceram mobilizações importantes. Como os intelectuais radicais se posicionaram em relação a esses movimentos?M.B. e E.W. - Os intelectuais nos Estados Unidos protestaram contra a Guerra do Iraque porque ela é inumana, irracional. A quantidade de protestos no início da Guerra do Iraque - em número maior do que aqueles contra a Guerra do Vietnã - não conseguiu reverter a política militarista do Estado, mantida por uma visão estreita e inconseqüente. Mais bem sucedidos têm sido os inesperados e intensos protestos em defesa dos direitos dos imigrantes, que possuem os piores empregos do setor de serviços. Imigrantes latinos - documentados ou não - estão na vanguarda dos movimentos sociais quando manifestam suas exigências, em uma linguagem compreensível a todos - os direitos humanos. A grande mudança veio em 2000, quando a AFL-CIO (União dos Sindicatos dos Estados Unidos) mudou sua posição em relação aos imigrantes e, em vez de colocarem barreiras para sua entrada, escolheu se aliar com eles, já que eles provaram ser os mais militantes entre os trabalhadores. Em pouco tempo, de imigrantes desmobilizados transformaram-se nos trabalhadores mais suscetíveis à organização. Essa transformação é parte de uma série de mudanças na estratégia trabalhista que aconteceu nos últimos dez anos, uma passagem do sindicalismo de negócios, focado no que era uma aristocracia trabalhista de operários industriais, para o sindicalismo de um movimento de trabalhadores marginalizados do setor de serviços. Aqui, intelectuais radicais ficaram divididos - alguns se opuseram a qualquer separação do movimento trabalhista, que já era fraco, enquanto outros viam a necessidade de abandonar as estratégias trabalhistas antigas em favor das novas.- Muitos autores, como David Harvey, renovaram o conceito de Imperialismo para explicar a posição atual dos Estados Unidos no cenário internacional. A teoria marxista de Imperialismo ainda faz sentido?M.B. e E.W. - Existe, é claro, uma grande variedade de teorias "marxistas" de "Imperialismo". Algumas enfatizam a centralidade da competição militar em padrões globais de expansão econômica; outras usam o termo para designar relações de dominação política entre Estados centrais e periféricos do sistema global; outras ainda usam o temo principalmente para designar o caráter global de acumulação do capital e do desenvolvimento desigual. Todas essas idéias são relevantes para a atual situação de uma forma ou de outra. Portanto, as discussões marxistas sobre o imperialismo ainda são úteis. Outra coisa é imaginar que, considerando o atual estágio do capitalismo, de interdependência global, ainda seja plausível pensar em imperialismo no sentido de um projeto de hegemonia global baseado na manutenção de uma superpotência militar. Essa é uma especulação política condenada ao fracasso. Os neo-conservadores nos Estados Unidos anunciaram a ambição de estabelecer uma ordem imperial militarizada em um famoso documento escrito no final dos anos 1990, The project for a new american century. A guerra ao terror deu abertura política para a realização agressiva dessa visão. O desastre no Iraque com certeza dificultou esse plano, mas não o destruiu. Em todo caso, parece pouco provável que uma revisão dos detalhes estratégicos de um plano imperial teria permitido que ele fosse bem-sucedido, dada a estrutura desenvolvida do capitalismo global e a notória transferência do locus dinâmico de acumulação para a Ásia Oriental.
- Durante a crise do mercado de ações em 1997, a revista New Yorker publicou um artigo de John Cassidy na qual ele notava a importância de Marx para entender o capitalismo do presente. Nesse momento os Estados Unidos passam por uma nova crise econômica. Como o marxismo poderia explicá-la?M.B. e E.W. - O marxismo nunca teve muita dificuldade para explicar as crises do capitalismo. No centro da atual crise econômica dos Estados Unidos está o efeito acumulativo da trajetória de políticas vinculadas ao neoliberalismo: o desenrolar de um boom especulativo no mercado imobiliário causado pela desregulamentação do mercado de crédito, o desequilíbrio comercial a longo prazo ligado ao processo de desindustrialização, a enorme dívida pública gerada pelos gastos militares, combinada com uma progressiva redução nos impostos. Esses processos são familiares aos marxistas, mas é claro que também são familiares aos não-marxistas que são críticos do neoliberalismo. O diferencial da visão marxista é encarar esses tipos de fenômenos como intimamente ligados às estruturas centrais e às instituições do capitalismo, apoiados pelas configurações das forças de classe. O marxismo pode ser bom no diagnóstico das crises e das contradições capitalistas, mas falhou na antecipação de algo novo. Por muito tempo, o marxismo dependeu de teorias da história problemáticas e de equívocos na compreensão da dinâmica dos sistemas econômicos. A aspiração do marxismo foi imaginar o futuro socialista como conseqüência imanente dessa mesma dinâmica. Nós já não temos essa muleta, e se quisermos nos manter críticos radicais do capitalismo, precisamos refletir mais seriamente a respeito das alternativas do capitalismo. Precisamos explorá-las onde quer que elas apareçam, pensar sobre suas condições de existência e de difusão. Precisamos manter viva a imaginação de utopias alternativas, que não sejam fantasias, mas utopias concretas, criadas nas frestas do capitalismo. Ao mantê-las vivas, criaremos forças tanto para a melhoria das condições dentro do capitalismo quanto para a possibilidade de algo novo.- O que pode mudar na política externa americana depois das eleições?M.B. e E.W. - As eleições podem viabilizar a chance para corrigir os erros da política externa, como a Guerra do Iraque. Elas raramente dão oportunidade para mudanças cruciais na política externa, porque isso é moldado pela nova ordem global em que vivemos. À exceção do libertário meio louco, Rob Paul, do Partido Republicano (que promete desmilitarizar completamente a política externa norte-americana, fechando todas as bases do país no exterior e reduzindo o orçamento militar em cerca de 70%), nenhum dos candidatos à presidência renunciou ao uso da força militar como importante instrumento de política externa - embora a opinião pública tenha se voltado contra a guerra. Todos os candidatos afirmam basicamente a mesma coisa em relação aos principais focos de tensão da política externa: inequívoco apoio a Israel, hostilidade estridente ao Irã, comprometimento com a guerra ao terrorismo, preocupação com a elevação da China à potência econômica. Todos estão comprometidos em manter a supremacia militar norte-americana, afirmando que o princípio de intervenção militar dos Estados Unidos é uma legítima ferramenta de política externa, e não está sujeita a restrições formais por órgãos internacionais. Esse tipo de militarismo está no centro da política externa por mais de meio século, apoiada tanto pelo Partido Democrata quanto pelo Republicano. Nada disso tende a mudar, independente de quem seja eleito. Há mais incerteza em relação às perspectivas de qualquer mudança substancial na repressão interna contra minorias raciais, obviamente medida pelos crescentes índices de prisões de afro-americanos, e tornada ainda mais evidente ao mundo inteiro no caso do abandono e posterior expulsão dos afro-americanos de New Orleans depois do Furacão Katrina. Por um lado, há importantes segmentos da base eleitoral do Partido Democrata que estão profundamente preocupados com a pobreza, a marginalização e o racismo. Eles reconhecem a enorme injustiça e o custo humano das políticas socioeconômicas dos últimos 25 anos, e se irritam principalmente com a indiferença da administração Bush pelas políticas de bem-estar social. Os principais candidatos democratas manifestaram estas preocupações pelo menos simbolicamente. Por outro lado, o desmantelamento do já mínimo Welfare State americano e a impregnante desregulamentação da economia do país foram apoiados pelos líderes do Partido Democrata, e há poucos motivos para acreditarmos que qualquer candidato presidencial, que recebe sólido apoio de grandes corporações e instituições financeiras, iria reverter isso. É pouco provável que qualquer presidente americano tenha um projeto político sério para reduzir a desigualdade econômica e a marginalização, sem movimentos enérgicos e vibrantes por justiça social.

O enigma Rimbaud 31/03/08

Em 10 de novembro de 1891, em um asilo de Marselha, morria Arthur Rimbaud, ao final de uma longa e dolorosa agonia. Ele tinha trinta e sete anos e sofria de câncer nos ossos, o que o levou à amputação da perna direita em uma primeira hospitalização. Por mais breve que tenha sido, a vida de Rimbaud não deixa de constituir um dos grandes enigmas da literatura francesa.
Gênio precoce, ele produziu entre os quinze e os dezoito anos uma obra poética de grande maturidade, fundadora da poesia moderna, antes de renunciar à escrita para se tornar explorador e traficante de armas na Abissínia (atual Etiópia). Rimbaud nunca mais escreverá e chegará mesmo a classificar a sua obra de outrora de “rinçures” (de má qualidade). Mais de cem anos após a sua morte, os pesquisadores e críticos literários continuam a se interrogar sobre as verdadeiras razões que puderam levar o poeta do Bateau Ivre (Barco embriagado) a rejeitar de maneira tão brutal a poesia e cortar as pontes com o mundo literário parisiense que antes ele queria tanto surpreender.Para Claude Jeancolas, que acaba de dedicar ao poeta uma imponente biografia, é preciso buscar essas razões não em uma crise qualquer de fim de adolescência, nem na falta de reconhecimento, mas na tomada de consciência fatídica de que a poesia é incapaz de “Mudar a vida”. “Ele havia amado o mundo, escreve o biógrafo. A terra, sua terra, não seria o lugar de aflição das almas à espera de uma salvação, seria um planeta vivo onde o espírito sopraria para longe essas imagens do inferno, onde os homens viveriam como reis. E os sonhos desmoronaram, com o abismo debaixo dos pés, a dúvida, o comum a ser aceito e a amar, mesmo com um estranho sentimento de compaixão, embora ele não fosse senão um pálido reflexo e excessivamente vulgar da verdadeira vida, entrevista em sonho e em projeto. (...) A poesia que havia sido o instrumento primeiro dessa busca viu-se ao mesmo tempo acusada de impotência e banida.”Autor de várias obras sobre Rimbaud, Claude Jeancolas é um dos maiores especialistas da “Rimbaldia”. Nessa biografia em que ele segue passo a passo seu modelo, “das brumas do Meuse ao inferno dos desertos dankalis” (da Etiópia) passando por Paris, Londres e Bruxelas, onde se desenrolaram os amores e a ruptura dramática de Rimbaud com Verlaine, ele traça o perfil de um homem revoltado, incompreendido, que impõe para si o silêncio “de uma noite sem fundo” para esquecer as miragens da poesia. É um livro extraordinariamente erudito e profundamente comovente!

entrevista Benedito Nunes 31/03/08 Crítico paraense defende a radicalidade dos escritores para afirmar grandeza da Amazônia.

- O senhor é um intelectual extremamente fiel à região amazônica. Não paga um caro preço por essa fidelidade?Benedito Nunes - Não. Se é isso o que você quer saber, mesmo aqui jamais perco contato com o que se passa no resto do mundo. Tenho sempre me afastado da Amazônia, mas são afastamentos por tempo determinado, com volta fixa e garantida. Minha temporada mais longa no Exterior ocorreu na segunda metade dos anos 60, quando fui leitor em Rennes, na França. Depois, nos anos 80, retornei à França por mais um ano, já como professor. Tenho viajado freqüentemente a Paris e aos Estados Unidos, em particular a Austin, no Texas, para aulas, conferências e debates. Mas faço sempre um movimento de saída e retorno, que é importante porque me confere certo afastamento, sem que os vínculos se quebrem. Não tendo uma radicação extrema ao meio, posso pensar com mais independência e vigor. As viagens me fortalecem.- O senhor não se sente isolado em relação ao resto do País? Convites para lecionar em grandes capitais brasileiras, certamente, não lhe faltam.Nunes - Mas prefiro permanecer aqui. Não me sinto isolado em Belém do Pará simplesmente porque sou um homem que gosta do isolamento. No Pará tenho muitas relações, muitos amigos, é bom dizer. Mas conservo também, é verdade, a distância e a calma que, para mim, são condições fundamentais para o trabalho intelectual. Vivo sim em um certo isolamento que não deve ser confundido, no entanto, com insulamento. Não estou incomunicável e não é uma fuga. A distância geográfica, ao contrário, me proporciona um refúgio, para o qual posso sempre retornar em segurança. Mas não sou uma planta nativa, presa definitivamente à floresta. Talvez por isso eu entenda a região amazônica sem precisar do apoio dos localismos. Prefiro falar, por exemplo, em uma literatura "da Amazônia" e não em literatura "amazônica", denominação que inclui uma perspectiva regionalista. Ao falar em literatura "da Amazônia", estou me referindo apenas a uma origem, uma procedência e nada além disso.
- Quem são, segundo sua avaliação, os grandes prosadores vivos dessa literatura da Amazônia?Nunes - Temos de falar, primeiro, de Haroldo Maranhão. Ele se mudou há muitos anos para o Rio, mora atualmente em Juiz de Fora, mas tem uma escrita que é muito paraense. Embora com um círculo de leitores bastante restrito, Haroldo é, há algumas décadas, uma figura-chave para a literatura amazônica. Em 1946, ele foi o inventor do suplemento literário da Folha do Norte, de Belém, um importante jornal que não existe mais, com o qual colaboraram não apenas escritores da região, mas também poetas como Bandeira, Cecília e Drummond. O suplemento durou até meados de 1951, mas, antes disso, surgiu um outro, igualmente importante, editado semanalmente pelo jornal A Província do Pará. Foi nesse caderno que Mário Faustino começou sua carreira de escritor, publicando crônicas no estilo de Rubem Braga.- Quais são outros nomes injustamente esquecidos?Nunes - Penso, por exemplo, em Dalcídio Jurandir, que começou ainda nos anos 40 com um romance chamado Chove nos Campos de Cachoeiro e não parou mais de escrever. Cachoeiro é uma cidade da Ilha do Maranhão, onde Dalcídio nasceu. De lá para cá, seus romances formam um imenso ciclo amazônico que guarda, no entanto, considerável distância das experiências regionalistas. São ficções que apresentam uma interiorização muito grande, cada vez mais densa; são, na verdade, as aventuras de uma experiência interior. Chego a pensar que o conjunto desses romances forma uma espécie de À La Recherche... escrita na Amazônica e que Dalcídio é, um pouco, o nosso Proust. Pois veja o paradoxo: ele sempre foi um escritor publicado no Sul, pela Martins, e só agora está sendo republicado lentamente em Belém, pela Cejup,uma pequena editora que se originou do Centro de Estudos Jurídicos da Universidade do Pará.- No Sul e no Sudeste falamos em literatura do Amazonas e pensamos imediatamente em Márcio Souza e seu Galvez, o Imperador do Acre. O que o senhor pensa desse livro?Nunes - Você fala em Márcio Souza e eu penso em Benedito Monteiro, outro escritor paraense bastante esquecido, autor de dois livros, em particular, de que gosto muito: Verde Vago Mundo e O Minossauro. Ambos são escritores que fazem uma elaboração muito importante das experiências lingüísticas da Amazônia, da diversidade de línguas e perspectivas. São exemplos enfáticos de uma literatura não-regionalista, embora feita com matéria-prima da região. Não faz mais sentido pensar, hoje, em literatura regionalista. O regionalismo tem data certa: nasceu romântico, foi batizado pelo naturalismo e foi crismado em 30, pelos modernistas. Depois, se tornou crônico e, por fim, anacrônico. Os dois golpes de morte mais duros no regionalismo brasileiro foram dados por Graciliano Ramos e João Cabral de Melo Neto. Essa distinção entre literatura regionalista e não-regionalista é muito importante para entendermos a produção contemporânea, do contrário continuamos presos a velhos mitos e nos cegamos. A literatura regionalista, oje, não tem mais força na Amazônia. Basta pensar em Márcio Souza e também em Milton Hatoum. Ela sobrevive, de forma decadente, apenas entre os contistas. Nada mais.
- Qual a importância de Galvez para a literatura da Amazônia?Nunes - Galvez é um romance escrito dentro da tradição picaresca e foi muito importante retomá-la na Amazônia. Haroldo Maranhão escreveu também um romance dentro dessa tradição, em que ele a prepara ainda com mais refinamento. Refiro-me a O Tetraneto del Rey, em que ele faz uma paródia do modo de escrever seiscentista. Haroldo Maranhão tem sempre muito sucesso nessas experiências. Em Memorial do Fim, sobre os últimos dias de Machado de Assis, por exemplo, ele mimetiza de modo impressionante a escrita machadiana. Eis outro livro que passou despercebido, mas tem qualidades parodísticas extraordinárias. - O senhor não parece muito empolgado com Márcio Souza.Nunes - Dos outros romances de Márcio Souza, na verdade, eu não gosto tanto. Penso que, embora aqui e ali ele encontre certa perspicácia, no geral ele perde por completo a mão na linguagem. Há quem relacione essa degeneração com sua mudança para o Sul, mas penso que é mais um fato interno da obra. A verdade é que, depois do Galvez, ele nunca mais foi o mesmo escritor.- Qual a real importância do Relato de um Certo Oriente, de Milton Hatoum?Nunes - É a "desterritorialização", que Milton sabe transformar em qualidade. Já me referi a essa experiência quando falei de mim mesmo. No livro de Milton, há distância, mas há ao mesmo tempo proximidade. A distância está mais na elaboração. O romance se transforma na busca de um tempo perdido, mas em local bem delineado, pintado com tintas que não são regionalistas. Em dado momento, Milton descreve o quintal de uma casa e, ali, o leitor defronta com todo o mundo amazônico. Esse mundo aparece também nas recordações de seus personagens. Mas há, sempre, um distanciamento reflexivo que confere grandeza ao texto.- A Amazônia tem, hoje, bons poetas?Nunes - Temos Max Martins, um poeta que já está com seus 70 anos e tem uma obra de primeira linha, reunida no volume intitulado Para não Consolar. Temos também o Age de Carvalho, que publicou pela coleção Claro Enigma, aquela que foi dirigida pelo Augusto Massi, em São Paulo. É bem mais jovem, deve ter seus 40 anos, mas é muito chegado a Max Martins. Os dois escreveram, até, um poema a quatro mãos chamado A Fala entre Parênteses, em cuja feitura adotaram os procedimentos da renga. É preciso citar ainda João de Jesus Paes Loureiro, um pouco mais velho que o Age, outro excelente poeta. Temos na Amazônia hoje toda uma geração de bons poetas, mais numerosa e até mais importante que a dos ficcionistas.
- Seu livro mais recente, No Tempo do Niilismo e Outros Ensaios, lançado pela Ática em 1993, é uma coletânea de ensaios filosóficos. A filosofia está se tornando mais importante para o senhor do que a literatura?Nunes - Minha origem é a literatura. Meu primeiro livro, O Mundo de Clarice Lispector, editado em 1965 pelo governo do Amazonas, é prova disso. Ele reúne artigos que publiquei no suplemento literário do Estadão, ainda no tempo em que ele era dirigido pelo Décio de Almeida Prado. Tenho também um livro mais recente sobre a Clarice, O Drama da Linguagem, que a Ática publicou em 1989.- Por que essa dedicação, que se alonga por três décadas, ao estudo da obra de Clarice Lispector?Nunes - O que se pode dizer, depois de tudo, sobre a importância de Clarice? Sua escrita é absolutamente ímpar. Há alguns anos participei da organização do volume a ela dedicado pela coleção Archives, de Paris. Organizamos uma edição crítica de A Paixão Segundo G.H., uma edição crítica atípica, porque não havia originais do livro. Para compensar, a Casa de Rui Barbosa me ofereceu para consulta os originais de um conto de Clarice, A Bela e a Fera, um dos últimos que escreveu. Nós o reproduzimos na edição crítica de G.H. e pudemos assim mostrar a maneira entrecortada de escrever que Clarice cultivava. É como se ela escrevesse por fulgurações. O confronto do original com o texto definitivo mostra com muita clareza esses movimentos dentro de sua escrita.- O que houve com os originais de G.H.?Nunes - Infelizmente, eles estão perdidos, ao que parece para sempre. Tentei localizá-los nos arquivos da extinta editora Sabiá, que primeiro editou o livro, mas não tive sorte. Têm um destino enigmático. A Clarice talvez tenha, não digo que motivado isso, mas pelo menos ajudado nesse desaparecimento. Ela foi uma escritora que não tinha grande estima pelos originais. Uma vez o texto publicado, não se interessava mais pelo que tinha escrito.

luta contra a ditadura no paquistão.31/03/08

observando o mapa essa é uma região explosiva.
imagine:há anos a indústria bélica americana envia armas para essa região.ora,é um mundo sem livros "incapaz de reflexão".não existe diálogo.











Coréia do Norte mostra os dentes.31/03/08

a adiministração bush tornou o mundo muito mais perigoso.na sexta-feira passada a Coréia do Norte testou uma bateria de mísseis de curto alcance.










hahahah.Inflação nos países que adotam o euro bate recorde em março 31/03/08 o que o velho marx diria?e o que Jon Elster não diz?

(foto Jon Elster)http://www.geocities.com/hmelberg/elster/elster.htm
Taxa anual de 3,5% registrada em março é a maior desde a criação da moeda comum européia e diminui as chances de o Banco Central Europeu cortar os juros.A inflação na zona do euro atingiu em março o valor mais alto desde a criação da moeda comum européia: 3,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo informou nesta segunda-feira (31/03) o Eurostat, órgão de estatísticas da União Européia, com base em dados preliminares.O resultado diminui as chances de o Banco Central Europeu (BCE) vir a cortar sua taxa básica de juros, hoje em 4% ao ano. A médio prazo, o objetivo da autoridade monetária européia é que a inflação anual na zona do euro se estabilize num valor inferior a 2%.Diferentemente do BCE, os bancos centrais dos EUA e do Reino Unido cortaram seus juros após as turbulências causadas pela crise financeira mundial, para alimentar o mercado com dinheiro mais barato. O BCE reluta em fazer o mesmo por temer que uma queda dos juros europeus eleve ainda mais a inflação.

Alta dos preços do petróleo:Em janeiro e em fevereiro, a inflação na zona do euro foi de 3,3%. Esse era o percentual que a maioria dos analistas econômicos esperava para março. "O dilema do Banco Central Europeu se torna cada vez maior", avaliou Christoph Weil, do banco alemão Commerzbank. "De um lado, os riscos conjunturais crescem. Do outro lado, a alta de preços alcança níveis históricos cada vez mais altos."Detalhes sobre a evolução dos preços na zona do euro serão divulgados apenas em 16 de abril pelo Eurostat. Mas, para analistas econômicos, o principal motivo para a alta da inflação é o aumento do preço do barril de petróleo e dos custos da energia.A Comissão Européia se mostrou preocupada com a alta de preços. "Não é um número positivo. É mais do que esperávamos", disse a porta-voz da comissão, Amélia Torres. Ela alertou para o perigo de uma espiral inflacionária caso os índices de inflação sejam repassados aos salários.A zona do euro é formada por 15 dos 27 países da União Européia, entre eles Alemanha, França, Itália, Espanha e Portugal. O euro foi criado em 1999 e substituiu as antigas moedas nacionais em 2002.





confrontos na torcida do Sparta Prague 31/03/08









Cohn-Bendit pede desculpas 31/03/08 por Mário MAESTRI

Daniel Cohn-Bendit acaba de pedir às novas gerações que esqueçam o Maio Francês, já que não mais existiria o mundo contra o qual lutou há quarenta anos. Para não deixar dúvidas sobre o dito, pontificou que aquele “passado morreu” definitivamente, antes de sair em tour mundial para divulgar livro de entrevistas denominado inicialmente com o título lapidar de “Forget 68”. Ao negar a contemporaneidade de 1968, Cohn-Bendit associa-se com destaque ao esforço em reduzir aquelas jornadas à mera mobilização juvenil contra o mundo dos genitores. “Sessenta e oito foi a revolta dos jovens contra o mundo criado por seus pais [...] após a guerra, [...] rígido e conservador [...]” – pontificou o ex-militante do Movimento 22 de Março, da Universidade de Nanterre. Os novos direitos das mulheres, homossexuais, minorados, etc. e a consciência ecológica, de pós-68, teriam criado um mundo verdadeiramente novo, tornando anacrônicas lutas velhas de quatro décadas, inadequadas à sociedade que soube se recriar permanentemente.

Os sucessos de 1968 foram esforços de ruptura revolucionária da ordem capitalista e de construção de socialismo democrático e revolucionário que garantissem, nos limites das possibilidades históricas, a realização da humanidade. Foram movimentos de rebeldia com epicentros nos EUA, Itália e Alemanha Federal, que alcançaram ápice em 1968, na greve geral dos trabalhadores franceses, desmobilizada e liquidada pelo Partido Comunista Francês. Às jornadas de 1968 seguiram-se duríssimas lutas mundiais entre o capital e o trabalho, com confrontos memoráveis como os do Vietnã, Laos e Camboja, do Chile [1969-73], de Portugal [1974-76], da Nicarágua [1979-1990], etc. Enorme movimento de insurgência derrotado pelo tsunami liberal–conservador que, sobretudo desde 1989, engoliu, através do mundo, com fome pantagruélica, conquistas sociais obtidas nas décadas anteriores. É precisamente a vigência das reivindicações, esperanças e experiências de 68 que enseja o empenho mundial, fortemente midiatizado, por seu arquivamento definitivo. Projeto que se apóia fortemente em muitos dos então jovens protagonistas daqueles sucessos, conquistados, sob a dura pressão da derrota histórica dos trabalhadores, pelas benesses, facilidades e seguranças garantidas aos que defendem com destaque os privilégios contra os quais lutavam no passado.
Os grandes movimentos sociais são normalmente associados a indivíduos tidos como protagonistas excelentes, não raro por conseguirem orientar os acontecimentos que vivem segundo suas necessidades e tendências profundas. É quase automática a identificação de Marat e Robespierre à Revolução Francesa, de 1789; de Zapata e Pancho Vila à Revolução Mexicana, de 1910; de Lenin e Trotsky à Revolução Russa, de 1917; de Fidel e do Che à Revolução Cubana, de 1959. Há, porém, jornadas luminares, como a Comuna de Paris, de 1871, que passaram à história sem associação a indivíduos singulares, principalmente como fruto dos mobilizações e sacrifícios de milhares de trabalhadores e populares, homens e mulheres – os communards. Nos tempos atuais, ações multitudinárias são fusionadas a indivíduos, não raro por razões fortuitas e, cada vez mais, pelas necessidades da mídia, transformando-os, mais do que em líderes, em verdadeiros símbolos dos movimentos em questão. Foi o que de certo modo ocorreu com o Maio Francês, ligado fortemente às imagens de jovens como Daniel Cohn-Bendit, Alain Krivine e Jacques Sauvageot que, mesmo através de suas pequenas organizações, pouco ou quase nada influenciaram acontecimentos que transbordaram rapidamente os marcos da mobilização estudantil, ao serem abraçados com força pelas classes trabalhadoras e populares. A fusão da história a indivíduos tende à qualificação da primeira a partir de atos privados ou públicos dos segundos: atos realizados eventualmente no calor dos fatos, alguns anos após eles ou, até mesmo, décadas mais tarde. Essa visão ingênua dos sucessos sociais nasce da compreensão da história como produto da ação de homens providenciais, de naturezas transcendentes ao próprio devir histórico. Para tal percepção, para o bem e para o mal, as ações desses demiurgos contaminariam e definiriam os fatos históricos que eles teriam criado.Não há razão para duvidar da honestidade da defesa, em 1968, de Daniel Cohn-Bendit, então com 23 anos, do socialismo libertário, quando era alimentado pelo vigor da insurgência do estudantado e operariado francês. Por mais que isto incomode, não há também motivo de espanto na traição daquelas posições, sob a terrível constrição ensejada pela recomposição autoritária das instituições do grande capital, com impulso avassalador nas últimas duas décadas. Em maio de 1968, Dany, dito O Vermelho, por seu socialismo radical e cabelos ruivos, atacava as instituições que balançavam sob a dura mobilização operário–estudantil–popular. Com o refluxo social que se impôs anos mais tarde, a própria necessidade de manter o protagonismo que as jornadas revolucionárias lhe asseguraram, contribuiu certamente para seu crescente acomodamento à ordem que antes combatera. Se em 68 Dany le Rouge pregava a revolução sobre as barricadas parisienses, hoje ele se esforça para reparar os arranhões feitos nas instituições que o alimentam, cercado pelas múltiplas secretárias e assessores que lhe cabem por direito como deputado e líder do bloco ecologista do Parlamento Europeu. O que, folga dizer, garante-lhe igualmente salário que não envergonharia sequer a deputado brasileiro – 250 mil reais ao ano! Fora as tantas outras mordomias vencidas pelos defensores excelentes do grande capital. Para Cohn-Bendit faltou apenas a fibra moral e social para viver sua vida, coerente com suas idéias, à margem dos holofotes e das benesses dos serviçais do poder, como fizeram, através do mundo, centenas de milhares de atores, mais ou menos anônimos daqueles sucessos. Cohn-Bendit, porém, não praticou sozinho o ato de contrição interessado. Na França, foram importantes as defecções de lideranças e intelectuais soixante-huitards, como, entre outros, Alain Finkielkraut, Bernard-Henri Lévy e Stéphane Courtois, convertidos às maravilhas do elogio do capitalismo e do imperialismo. Na Alemanha não foi diverso ao resto do mundo. No Partido Verde, Cohn-Bendit teve como acompanhante excelente outro líder estudantil de 1968, em Berlim, Joschka Fischer, que, para obter e se agarrar ao poder contra o qual lutara, chafurdou no sangue europeu, ao participar, como ministro do Exterior do governo de Schröder [1998-2005], da agressão da Otan, comandada por Bill Clinton, contra a população sérvia. Comandou assim a primeira intervenção da Wehrmacht fora da Alemanha, após 1945, precisamente nos territórios de onde fora expulsa, havia mais de meio século, pela guerrilha popular comunista balcânica. Na época da agressão contra a Iugoslávia, Cohn-Bendit, que saltava do vermelho-negro do socialismo libertário para o verde-branco do ecologismo pacifista, defendeu disciplinado os bombardeios da Otan que arrasaram aquele país como imprescindível “intervenção humanitária".

insurreição contra visita de Bush no centro de Kiev 31/03/08

insurreição de Outubro
http://br.youtube.com/watch?v=gXZVhKvvMVU&feature=related

Centenas de opositores ucranianos de esquerda protestaram nesta segunda-feira (31) na Praça da Independência contra a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e contra a integração do país à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)."Não à Otan" e "Bush, ditador sanguinário" são as frases de alguns dos cartazes dos manifestantes, que responderam à convocação dos partidos Comunista e Socialista Progressista da Ucrânia.


O número dois dos socialistas progressistas, Vladimir Marchenko, disse à agência Interfax que, "em violação dos compromissos de neutralidade assumidos pela Ucrânia, Bush vem a Kiev apoiar (o presidente Viktor) Yushchenko e (a premiê Yulia) Timoshenko no assunto da entrada na Otan".A ação de protesto deve durar até o próximo dia 4, disse Marchenko, acrescentando que pode terminar antes se a cúpula da Otan, que começa na próxima quarta-feira, em Bucareste, não der o sinal verde ao começo do plano de ação para a adesão da Ucrânia.Mais de 4.000 policiais e efetivos do Ministério do Interior participam do esquema de segurança montado para a visita do chefe da Casa Branca, antecipou o vice-ministro da pasta, Alexander Savchenko. Bush chega hoje a Kiev, primeira etapa de uma viagem pelo Leste Europeu que inclui sua participação na cúpula da Otan.Amanhã, o chefe da Casa Branca manterá conversas com Yushchenko e, à tarde, sairá de Kiev com destino à capital romena.