*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!

Friday, February 29, 2008

Putin é o herói dos russos 29/02/08 entrevista Margot Light

Soviet revolution
http://br.youtube.com/watch?v=wpKRd2xQeq8
CartaCapital: Na última coletiva de Putin como presidente da Rússia, vimos um homem combativo que parece ter a intenção de continuar no poder. Margot Light: É difícil imaginar Putin, após oito anos no poder, aceitando ordens de Dmitri Medvedev. Isso a despeito do fato de, constitucionalmente, ser Medvedev quem deverá dar as ordens, e Putin, em tese, as cumprirá.
CC: Medvedev já venceu o pleito de 2 de março? ML: Medvedev vencerá no primeiro turno. Ele é protégé de Putin e, no momento, o nível de popularidade de Putin é de 65%. CC: Por que Putin é tão admirado? ML: A Rússia voltou a fazer parte do cenário internacional como país poderoso. Por outro lado, existe o contraste entre Putin e seu antecessor, Boris Yeltsin. Yeltsin era uma figura ridicularizada no tablado político internacional. Portanto, Putin, líder sóbrio (literalmente), e saudável (é faixa-preta de judô), deixa os russos orgulhosos. Vários comentaristas ocidentais não concebem a palpável humilhação sentida pelos russos sob Yeltsin, nos anos 90. Os britânicos e os franceses deveriam ter entendido melhor esse estado de espírito russo por um simples motivo: também perderam impérios. Contudo, no caso da Rússia, houve também o total colapso da economia. Houve uma série de mudanças da noite para o dia e, assim, uma significativa fatia do povo ficou desestabilizada psicológica e materialmente. Lembre-se que essa geração dos anos 50 foi a primeira a gozar de estabilidade. Seus avós e pais passaram por momentos difíceis, como a revolução de 1917, o período de industrialização, a Primeira e Segunda Guerra Mundial...CC: Mas um presidente que, após dois mandatos, quase certamente virará premier é algo inconcebível. ML: Para os russos, isso é ótimo. Qualquer líder internacional daria seus olhos e dentes para ser tão popular quanto Putin – e após dois mandatos presidenciais. Nós, ocidentais, perdemos ao não analisar Putin da perspectiva dos russos. Por isso, qualquer crítica feita a Putin, vinda do Ocidente, só serve para aumentar a sua popularidade. CC: Além de não tomar uns tragos a mais, como Yeltsin, e ter colocado a Rússia no mapa, quais seriam as razões dos russos para colocar Putin no pedestal? ML: Quando Putin chegou ao poder, a Rússia estava terrivelmente endividada. Seus credores, em particular as instituições financeiras internacionais, ditavam a política econômica da Rússia. A riqueza obtida com o petróleo permitiu a Putin pagar a dívida externa. Isso, mais do que tudo, fez com que a Rússia se tornasse novamente um Estado soberano e independente. CC: Mas, apesar do sucesso de Putin, a Rússia permanece um país dividido entre uma minoria de ricos e um mar de pobres, a corrupção permeia todas as camadas da sociedade e a inflação pode causar estragos em breve. ML: Tudo isso é verdade. Putin disse na última coletiva à imprensa como presidente que não conseguiu estreitar a disparidade entre ricos e pobres; mencionou, ainda, a inflação que ronda o país. E admitiu que não conseguiu acabar ou pelo menos atenuar a corrupção. Eu apontaria outra falha: Putin falhou ao não diversificar a economia. A Rússia ainda é uma economia de Terceiro Mundo. Depende de poucas fontes energéticas (petróleo e gás) e, portanto, está à mercê de volúveis preços globais. E será que o país terá reservas suficientes para fornecer petróleo e gás num momento de demanda crescente?Outra falha de Putin: baixas somas da receita do petróleo foram investidas em projetos de infra-estrutura, estes fundamentais para tornar a Rússia uma economia moderna.
CC: Como diferencia o Putin do primeiro mandato daquele do segundo mandato? ML: Putin certamente cresceu no papel. Sempre transmitiu a imagem de líder sério. No entanto, essa imagem parecia artificial. Mas, no segundo mandato, ele se tornou muito mais convincente. Conhece profundamente seus dossiês. Cita números, armazena vasta bagagem de informações na cabeça. Você pode não estar de acordo com suas idéias, mas ele as expõe de forma clara e objetiva. Putin é articulado. É excelente orador e é interessante notar o contraste entre ele e Bush. CC: Mas ser superior a Bush não é muito difícil... ML: De fato (risos). Mas Bush melhorou como orador nos últimos oito anos. CC: O fato de Putin ser ex-espião da KGB e ex-chefe da FSB (sucessora da KGB) não inquieta os russos? ML: De forma alguma. Claro, as pessoas não associam o trabalho feito por Putin nos serviços secretos ao de seus antecessores sob Stalin. A KGB – e depois a FSB – nunca teve o mesmo tipo de desaprovação pública que tiveram as Forças Armadas, após a derrota dos soviéticos no Afeganistão. Além disso, desde a formação da União Soviética, e após seu desmantelamento, a corrupção rolou solta entre burocratas de todos os níveis, incluindo militares de todos os escalões. Entretanto, nunca houve acusações de corrupção contra e a KGB e a FSB. Portanto, os espiões desenvolveram essa aura. E, em 2000, quando Putin foi eleito presidente pela primeira vez, todo mundo queria lei e ordem, prioridades de um ex-chefe da FSB. CC: Ao mencionar programas de cinco anos da ex-União Soviética, a senhora também se refere a uma nostalgia pelos velhos tempos, quando Moscou era poderosa? ML: Sim, mas essa nostalgia não inclui o império soviético. A Rússia quer que decisões internacionais requeiram algum tipo de consentimento por parte de Moscou. Eu diria que esse tem sido o aspecto primordial da política externa de Putin, ao longo de sua presidência. Putin fez um trabalho notável, ajudado, claro, pelo aumento dos preços do petróleo. CC: Deveríamos ter medo de Putin quando ele ameaça com retaliações a propósito da independência do Kosovo? ML: Não que tipo de retaliação Putin poderia desferir. Mas tem um bom argumento: indaga por que a Europa nunca reconheceu o norte de Chipre. A criação do Kosovo não tem precedentes. E poderá trazer conseqüências sérias para o mundo. CC: Como vê as ameaças de Putin contra o plano americano de instalar um sistema de escudo antimísseis na Polônia e na República Tcheca? ML: Nesse caso, as ameaças de Putin são mais reais. A Rússia, disse ele, apontará alguns de seus mísseis nucleares para esses dois países. Isso não quer dizer que ele apertará o botão, mas criará, porém, bastante desconforto. Putin não crê que o escudo antimísseis tenha como alvo a Rússia, mas o fato de lá terem sido instalados, e mais o alargamento da Otan nos Bálcãs e no Norte da Europa, favorece a percepção de que a Rússia está cercada. Encare o mapa: a Rússia está cercada. CC: E como avaliar o fato de a Rússia estar vendendo tecnologia nuclear para o Irã? ML: Nos anos 90, a Rússia não queria ser uma economia de Terceiro Mundo, dependente somente de suas exportações. O país tinha armas e tecnologia nuclear para competir em nível global. E assim começou a vender essa tecnologia, em nível comercial, para o sistema nuclear civil do Irã. Washington teve um confronto com Moscou e Yeltsin não aceitou receber ordens dos EUA. Foi então que Moscou passou a ver Washington como centro de um mundo unipolar. E havia o medo de que Washington iniciasse uma guerra contra o Irã. A Rússia não tem interesse que o Irã tenha armas nucleares. Moscou teme ser o alvo dessas armas nucleares porque o Irã fica muito próximo das fronteiras da Rússia. Desde então, a Rússia quer negociar através do Conselho de Segurança da ONU, o que é complicado, dada a inflexibilidade de Moscou. Contudo, os russos cooperaram com a última resolução da ONU. CC: Estamos voltando aos tempos da Guerra Fria? ML: Não, há uma volta a reflexos da Guerra Fria. Não importa o que a Rússia faça, e governos ocidentais automaticamente respondem de uma maneira particular – e vice-versa. Não voltaremos, no entanto, à guerra ideológica entre Washington e Moscou.

Euro continua em alta para níveis recorde frente ao dólar 29/02/08

A quebra financeira de Bush em 2008: "A partir daqui é tudo a descer, rapazes"
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=8214
Segundo analistas, o euro deu continuidade ao movimento de alta para níveis recorde frente ao dólar em Nova York, pressionado pelos fracos dados do mercado de mão-de-obra e repetição do depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke, ao Congresso americano, informações da Agencia Estado.O depoimento do presidente do Fed ao Comitê de Bancos do Senado foi em grande medida igual ao do dia anterior diante do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. Ele não ofereceu alívio para os temores de recessão e deu suporte para as expectativas do mercado para um corte de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros no próximo encontro do banco central, em março, o que aumentará o diferencial de juro entre os EUA e a zona do euro, fator de pressão de baixa sobre a cotação do dólar.Durante as transações em Nova York, o euro atingiu nova máxima histórica de US$ 1,5231. A moeda norte-americana também caiu para novas mínimas recorde contra a moeda suíça para 1,0485 francos suíços e se aproximou do menor nível em quase três anos frente ao iene, recuando para 105,07 ienes. No fim da tarde, o euro estava em US$ 1,5218, de US$ 1,5135 ontem.Em relação ao real, o euro vale R$ 2,539. O dólar, na taxa de câmbio no Brasil, terminou o dia a R$ 1,669. As informações são da Dow Jones.


Terceira guerra mundial: onde é que entra o Irão? Nicolas Sarkozy declarou recentemente de forma não amigável para Washington que o problema nuclear iraniano poderia ser resolvido mediante sanções das Nações Unidas e da União Europeia, fazendo de seguida uma reserva sobre a “vontade de prosseguir o diálogo com Teerão”. Segundo o presidente francês a posse de armas nucleares pelo Irão é inadmissível, mas todo o mundo, incluindo este país, tem o direito de ter acesso ao “nuclear pacífico”.É pouco provável que esta forma de abordar a questão agrade ao anfitrião George W. Bush. De facto, o presidente americano apelou recentemente ao “impedimento de o Irão aceder às tecnologias nucleares de forma a evitar um terceira guerra mundial”.“A palavra é um representação da realidade na consciência”. Com base nesta definição lógica, impõe-se uma conclusão: se George W. Bush mencionou uma terceira guerra mundial, deve ter uma imagem real. Mas qual será o seu cenário?
Nenhuma lógica consegue explicar a ligação feita entre o Irão e uma terceira guerra mundial. O Irão não pode encabeçar uma coligação importante numa guerra mundial: nem agora, nem num futuro previsível. Tal como não pode representar um casus belli susceptível de provocar a confrontação dessas coligações. Qualquer aventura militar do Irão teria como consequência a derrota instantânea desse país e o seu desaparecimento do mapa político mundial. Entretanto, se os acontecimentos seguissem esse caminho, o Irão não poderia em caso algum esperar atrair as simpatias do mundo.Por outro lado, a possibilidade de uma operação militar americana no Irão não pode ser excluída. As consequências de tal loucura política seriam pesadíssimas, quer para Teerão quer para Washington. O que se está a passar actualmente no Iraque pareceria uma simples briga de crianças. Mas mesmo nesse caso, uma terceira guerra mundial seria impossível. Nas condições actuais, ela só poderia ser desencadeada por uma confrontação militar entre as principais potências nucleares, o que significaria o fim da história mundial.As posições da Rússia e dos Estados Unidos são de uma importância crucial neste cenário de uma hipotética guerra mundial, porque as armas nucleares destes dois países (ou contrário de outros, mesmo os nucleares) jogam um papel fundamental no mundo contemporâneo. Seria não só politicamente ingénuo, como também formalmente um erro, admitir que as duas superpotências não estarão envolvidas numa tal guerra. A aliança entre estes dois países torna impossível, por definição, uma terceira guerra mundial. Mas se para Bush, ela é mesmo possível, então também uma confrontação militar de grande envergadura entre os Estados Unidos e a Rússia o é.Numa época “pré-nuclear”, usando as palavras do teórico militar alemão Karl von Clausewitz, a guerra pode ainda ser considerada como “a continuação da política por outros meios”. Mas uma guerra entre duas potências que têm uma força nuclear de envergadura mundial é, por definição, uma guerra que na qual não haverá vencedor. Todos os sonhos de obter uma vitória militar são inevitavelmente desfeitos pela perspectiva de arder nas chamas duma resposta nuclear. É só uma questão de tempo: se fores o primeiro a atacar significa que morres em segundo lugar.Dado que o presidente dos Estados Unidos fala de uma terceira guerra mundial num discurso em que a ameaça iraniana é metida a despropósito não podemos deixar de tirar conclusões alarmantes para a Rússia. A mensagem do presidente americano é a seguinte: para conseguir os seus próprios objectivos, os Estados Unidos estão dispostos a desencadear uma terceira guerra mundial, sem ouvir nem querer prestar atenção a ninguém. A lógica elementar não consente outra conclusão.
Resta apenas esperar que as palavras de George W. Bush se inscrevam na linha dos seus discursos em que ele confundiu o Brasil com a Bolívia ou a Áustria com a Austrália (embora não se perceba com que é que se possa confundir a terceira guerra mundial). Num dos casos o assunto limitou-se a uns cartazes sarcásticos que diziam “ Na Áustria não há cangurus!”. No outro caso não se trata de ignorância, mas de um arrogante desprezo pelo futuro da humanidade, inclusive dos americanos. Trata-se de uma arrogância exercida não a nível nacional, mas a nível socio-biológico, porque a terceira guerra mundial e o desaparecimento da civilização da face da Terra, são sinónimos. AUTOR: Aleksandr KOLDOBSKIJ


China e Rússia fazem simulação militar juntas,a rússia tambem tem uma aliança militar com Índia e iran...



Foucault,a Teoria Queer a e Homoparentalidade 29/02/08 Por alberto carneiro

A teoria queer é baseada em boa parte na obra de Michel Foucault, notadamente em função de sua análise a respeito da invenção dos homossexuais (Foucault,1979), que permitiu, pela primeira vez, um “discurso inverso”: homossexuais poderiam começar a defender seus interesses usando as mesmas categorias e terminologia que tinham sido usadas para marginalizá-los.
Segundo Foucault (1979), a escolha do objeto nem sempre se constitui como base para uma identidade, assim como não parece ser questão crucial na percepção de toda e qualquer pessoa sobre sua sexualidade. Assim, a desnaturalização das sexualidades e dos corpos marcados biologicamente se faz a partir da própria noção de prática discursiva, que criou uma verdade sobre a identidade humana, que se cristalizou na divisão sexual e binária da sociedade.
Desta forma, tanto a heterossexualidade como a homossexualidade são produções de um saber e de uma prática normativa que exercem o poder de naturalização deste binarismo, que acompanha a divisão do mundo em práticas lícitas e ilícitas.Assim, este poder se manifesta na identificação dos corpos, no incentivo e na proliferação de práticas sexuadas consideradas lícitas e este binarismo acaba por legitimar a hegemonia da família heterossexual, “como se lhe fosse essencial que o sexo esteja inscrito não somente em uma economia do prazer, mas em um regime ordenado de saber” (Foucault 1993).
Por isso, a teoria queer concorda com Foucault, quando afirma que a proliferação de novas identidades sexuais (transexuais, bissexuais, homossexuais etc) e sua cristalização, através de reivindicações identitárias, reproduzem as representações hegemônicas na medida em que se afirmam em “oposição a”, “diferente de”, ou seja, o múltiplo gira em torno do eixo unificador do mainstream, polarizando a relação entre estas identidades e uma outra, detentora do poder. Isto porque, para Foucault, o sexo biológico é fruto de um efeito discursivo. Por isso, a desnaturalização do sexo biológico pode promover o questionamento da divisão binária da sociedade com seus efeitos de apropriação e dominação, assim como a identificação da heterossexualidade como orientação sexual normativa.Claro que Foucault não queria, com isso, afirmar que nós não nascemos com um aparelho genital dado, mas sim mostrar como o poder de práticas discursivas poderosas cria o corpo ao anunciá-lo sexuado, ao fazer de sua constituição biológica um fator “natural” que carrega características específicas e torna indiscutível a divisão dos seres humanos em dois blocos distintos.

Deste modo, ao final do século XX, a política de identidade homossexual entra em crise e revela suas insuficiências e limitações. Foucault, em seu livro "A Vontade de Saber", o primeiro volume de sua "História da Sexualidade", logo no capítulo inicial, discute o que ele chama de hipótese repressiva e questiona se a repressão sexual seria mesmo um fenômeno apenas da Idade Clássica, como até hoje muitos acreditam considerando o nosso século como a era da grande liberação. Segundo a hipótese repressiva, a partir do século XVIII, um crescente puritanismo passa a vigorar, condenando o sexo pelo prazer, permitindo portanto, como única manifestação possível, a sexualidade do casal monogâmico, e heterossexual. Sobre as sexualidades periféricas e estéreis teria sido imposto um silêncio geral, uma intensa repressão.Foucault propõe uma leitura mais rica desta relação poder/sexualidade. Não nega que em muitos momentos houve repressão. Mas a dinâmica é mais complexa, mais sutil, mostrando que ocorreu uma dominação das pessoas através do controle, de técnicas de sujeição, de métodos de individuação e de observação.
Ao refutar a hipótese repressiva, Foucault (1979) afirma que o sexo foi colocado em discurso na sociedade vitoriana por ser um canal de entrada do poder no corpo com a finalidade de dominar esses elementos, através de uma “polícia do sexo: isto é, necessidade de regular o sexo por meio de discursos úteis e públicos e não pelo rigor da proibição” (Foucault, 1979), fazendo-nos refletir a respeito da premissa que afirma ser o grau de repressão (ao qual a pulsão sexual é submetida) o único elemento a afetar as manifestações da sexualidade. Assim, podemos inferir que a sexualidade não é nada além de um dispositivo sócio-histórico.A Idade Média tinha organizado, sobre o tema da carne e da prática da confissão, um discurso estreitamente unitário. No decorrer dos séculos recentes, essa relativa unidade foi decomposta, dispersada, reduzida a uma explosão de discursividades distintas, que tomaram forma na demografia, biologia, medicina, psiquiatria, na mora e, na crítica política. E mais: o sólido vínculo que vinculava a teologia moral da concupiscência à obrigação da confissão (o discurso teórico sobre o sexo e sua formulação na primeira pessoa) foi rompido ou, pelo menos, distendido e diversificado: entre a objetivação do sexo nos discursos racionais e o movimento pelo qual cada um é colocado na situação de contar seu próprio sexo produziu-se, a partir do século XVIII, toda uma série de tensões, conflitos, esforço de ajustamento, e tentativas de retranscrição.(FOUCAULT,1979,p.35) É exatamente a partir deste pressuposto que Foucault desenvolveu sua teoria do “biopoder”, que pode ser descrito como um conjunto de práticas e discursos que determinam a normatização do desejo sexual. O bio-poder nos interessa bastante pois a família tornou-se uma instituição privilegiada para que se traçasse a linha divisória entre o que seria normal e patológico em relação à sexualidade. Para Foucault a noção de bio-poder corresponde aos i vida nos jogos do poder da sociedade atuando sobre os corpos. O poder passa a dominar a vida de todos nós, um poder preocupado em a produzir forças e foi a partir do século XVII que essa nova configuração de poder sobre a vida entra no cenário da sociedade ocidental através de dois caminhos: pela tomada do corpo como máquina e atraves da biopolítica da população, onde se captura do corpo toda a mecânica do ser vivo e dos processos biológicos que o atravessam.Em sua obra Os Anormais, Foucault (1999) mostra bem claramente como a família foi usada como instrumento de controle do bio-poder: entre 1760 e 1780 se deflagra grande campanha contra a masturbação na França, tendo como justificativa os males que tal prática poderia ocasionar no adolescente. O real temor que havia, segundo Miskolci (2003), era o do incesto, tornando possível a presença do médico através da psiquiatria no controle das práticas sexuais na família e, mais tarde, do psicanalista.
É fácil percebermos como a sexualidade era vista como um perigo e como era projetada na família a suspeita de que os adultos ameaçavam sexualmente seus filhos. Portanto, não é de se admirar que, quando homens homossexuais, mais tarde, viessem a reivindicar o direito à paternidade, seriam imediatamente taxados, entre outras coisas, de pedófilos em potencial. Porém, a homossexualidade não foi sempre vista desta forma. Em diferentes momentos históricos, o “amor que não ousa dizer seu nome” parafraseando o brilhante escritor inglês do século XIX, Oscar Wilde, se construiu de maneiras diferentes. Para chegarmos à construção da homossexualidade tal qual ela é atualmente concebida, inúmeras desconstruções do próprio conceito tiveram de ser feitas em nossa cultura.



entrevista Cândido Mendes 29/02/08

[ Zé Dirceu ] Vamos começar falando de um problema sério que o país enfrenta, a questão da educação. Como democratizar o ensino?
[ Candido Mendes ] Temos 1,2 milhão de jovens que não estão na universidade, porque a pública não tem espaço para acolher essa demanda e a universidade privada é cara demais para entrarem. Uma alternativa seria a adoção de financiamento a prazo longo, dez anos, com as próprias escolas, para ser pago depois da formatura. Acho que, nessa questão, o governo é culpado. Falei disso com o ministro Fernando Haddad (Educação). Eles burocratizaram muito o crédito. Sou presidente do Fórum de Reitores do Rio de Janeiro e, nessa condição, vou levar a proposta, de financiamento pelas próprias universidades, para o ministro. Quanto mais pobre o estudante, mais ele paga em dia. Infelizmente, nem o setor público, nem o privado, atacam esse déficit.[ Zé Dirceu ] Qual a avaliação que o senhor faz da reforma universitária em curso no país? Quais os pontos fundamentais?[ Candido Mendes ] A reforma universitária já está desatualizada. Evidentemente, é fundamental definir a prioridade da política de mobilidade social dentro da Educação. Portanto, atender a sua necessidade de expansão a partir do que o mercado realmente possibilita é o que está hoje permitindo que o setor privado responda a essa demanda. Não tem sentido o ensino superior público não abrir curso noturno. O setor público não está se sensibilizando. Se nós tivéssemos os cursos noturnos na proporção do público ao privado, metade dessa defasagem acabava.O segundo ponto é a necessidade de compreender as mudanças da própria estrutura do conhecimento, as exigências do mercado. É preciso que, ao lado dos cursos convencionais do chamado bacharelado, a extensão universitária, de fato, possa ser valorizada. Na Universidade Candido Mendes temos curso de extensão quase na mesma dimensão dos cursos regulares, porque há uma fome de conhecimento de pessoas que não estão querendo carreira, mas querendo saber. O que eu tenho de idosos nos cursos de extensão é uma coisa muito importante. Eu acho que o governo deve deixar de dar uma visão tão estatutária à extensão. E essa visão está crescendo muito no Brasil.O terceiro ponto, evidentemente, é a política de pesquisa. Redigi essa parte na Comissão Afonso Arinos, ela foi corrigida na Comissão de Sistematização, mas se for ver o artigo relativo à matéria, a Constituição não cria a obrigação do auxílio à pesquisa que não seja público.[ Zé Dirceu ] Isso é uma coisa pela qual eu lutei muito na Lei de Inovação.[ Candido Mendes ] Eu sei disso, sem contar que a universidade privada não tem titularidade para pedir recursos públicos para pesquisa. Eu, por exemplo, na Universidade Candido Mendes, mantenho o IUPERJ (centro de pesquisas e ensino de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Candido Mendes), o Instituto de Estudos Afro-Asiáticos, o Instituto de Estudos da Segurança e Cidadania contra a Violência, mas este espaço é todo contra a corrente.O quarto ponto (necessário na reforma universitária) é que o ensino hoje não dá a devida dimensão aos cursos tecnológicos, onde está a socialização da educação. E, neste item, há ainda um agravante: o estudante da classe C tem uma visão errada do valor social da tecnologia. Isso não estamos conseguindo mudar.[ Zé Dirceu ] Ele está contaminado pelo elitismo.
[ Candido Mendes ] A quinta dimensão é a do ensino à distância. Mas, está a depender ainda, mais que da tecnologia, dos controles desta aprovação, que reclamam ainda um enorme empenho de consciência do processo educacional do país.
[ Zé Dirceu ] Vamos falar de outra reforma necessária, a política. Este ano vamos ter uma campanha que vai ser mais cara, porque cada vereador faz campanha para ele, não há fidelidade partidária, não há financiamento público, é privado. Sem orçamento impositivo isso vira uma relação entre os parlamentares e os grupos privados que os financiam.
[ Candido Mendes ] Esta (reforma) não vai existir a não ser no limite em que já está aí. Todo governo está à altura da reforma política da sua hora, da corrupção do seu momento. Não se melhora a corrupção nesse sentido. E há uma dinâmica muito clara. Por que se deu o negócio do imposto do cheque? Porque o governo caiu na bobagem de querer fazer alguma reforma ainda no âmbito da política, exigindo mudança constitucional. A oposição só pode brecar hoje a reforma constitucional, mais nada. Ficou só esse gancho, e sinceramente, não há nenhuma reforma constitucional importante para esse governo que vai dar certo, nesse momento.[ Zé Dirceu ] Eu sou contra o fim da reeleição, uma coisa que deu certo no Brasil. Financiamento público, voto em lista, fim do suplente de senador, fim da coligação proporcional, cláusula de barreiras, aumentar o fundo partidário, aumentar o controle. Sem isso, o sistema político brasileiro é financiado pela iniciativa privada e cada vereador, deputado, faz a sua campanha.[ Candido Mendes ] Cada uma dessas aspirações expostas por você agora é um degrau diferente. Não se pula todos ao mesmo tempo. A das barreiras seria a mais fácil.[ Zé Dirceu ] O Supremo inviabilizou porque considerou que não era constitucional ... Então, o senhor é pessimista em relação à reforma política?
[ Candido Mendes ] Todo aparelho tem a corrupção que merece. Há uma temperatura infranqueável, que reflete o processo difícil de despatrimonialização da coisa pública. É um processop herdado secularmente da colônia e refletido na clássica política de clientelas, de uso do cargo para apropriação de receitas do erário, como cosanostra.O governo petista como opção de mudança nascido da consciência emergente dos marginalizados, não escapa deste látego histórico, que vulnerabilizou o partido na sua chegada ao poder, e da administração das verbas públicas. O mensalão exprimiu a criação de uma clientela para a mudança, tanto o situacionismo emergente diferenciava-se do nosso status quo de todo o tempo. O leito real das reformas, da política à tributária, vai depender de um estado de consciência, na verdade, extra Congresso e aparelho que, em última análise, responde por esta emergência do “povo de Lula”, que continua a lhe outorgar 67% de aprovação nacional.A se ficar na reforma política é possível definir-se o espectro do possível tanto se modifique a resistência, ainda, de um sistema oligárquico de poder; do coronelato de suas chefias e do engaste entre a empresa eleitoral e seu financiamento de grupo. Neste quadro, num calendário possível, mais lento, a votação por listas, por exemplo, deve forçosamente preceder à chegada a um financiamento público das campanhas. De toda forma sou pessimista quanto à reforma política até o fim do governo Lula. Acredito, sim, num recurso à sua ameaça, como forma de condicionamento das maiorias múltiplas de que se faz hoje o balaio de poder do Planalto.Distinta é a situação da reforma previdenciária que põe em jogo, de fato, um nó do sistema naquilo em que o regime brasileiro avança num capitalismo de Estado, através do controle dos fundos de pensão. Não há meio mais decisivo para nossa soberania que o do controle desses fundos gigantescos, na sua capacidade de condicionarem, inclusive, o potencial financeiro do país e nos seus reflexos externos.Atiladamente, Fernando Henrique Cardoso deu-se conta desta alavanca única. E se há núcleo de poder de que o PT não abre mão é exatamente desses fundos, e da forma como controlam a poupança compulsória maciça da economia brasileira. Não se pode esquecer também que, dentro dessa nova maré de investimentos, é a disponibilidade que continua a atrair as multinacionais, tanto quanto o mercado futuro cada vez mais articula a dinâmica emergente e financeira do capital global.[ Zé Dirceu ] Tirando o capital financeiro privado nenhum outro grupo empresarial é contrário à existência dos fundos de pensão, porque os investimentos são associados, e agora, com a política industrial de inovação, a integração da América do Sul, o empresariado brasileiro acordou para a internacionalização da economia brasileira. Nós teremos, nos próximos anos, cem, duzentas multinacionais de peso na América do Sul. E há, também, essa compreensão do capital produtivo, comercial, exportador, de que os fundos são uma necessidade para o desenvolvimento da economia brasileira. Os fundos são uma mediação da representação dos associados, que pode ser chamado de sindical, o PT, mas mediado muito pelos interesses privados e pelo processo de necessidade de capital para investimento. Na prática, os fundos são uma saída para capitalizar, enquanto o mercado de capital não vira uma realidade. Eu acredito que a tendência é os fundos serem legitimados pelo capitalismo brasileiro, com exceção do capital financeiro, que é um mercado que eles perdem. Mas assim mesmo capital financeiro não faz carga (pressão).[ Candido Mendes ] A crise de fins de janeiro, sobretudo a partir do seu imbróglio francês, teria muito a ver com mudanças súbitas das pautas do hedging definido do jogo de maturação para estes investimentos. Neste quadro, aliás, importa uma reavaliação do comportamento econômico brasileiro, sem dúvida hoje o de melhor desempenho no nicho dos BRICs (bloco dos países em desenvolvimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China), juntando a expansão do seu PIB à sua redistribuição e, sobretudo, à sua inegável solidez institucional e democrática.[ Zé Dirceu ] A dinâmica da economia brasileira voltou-se para o mercado interno, para o investimento interno e para a América do Sul. O capitalismo brasileiro está se expandindo pela América do Sul. Essa é uma realidade inconteste.[ Candido Mendes ] É verdade. Agora, com essa sua visão, no seu entender, a mudança do hedge nesse momento não vai levar a uma alteração das políticas de favorecimento do out cult externo da economia brasileira, não é?[ Zé Dirceu ] O Brasil é uma excelente opção para se investir. A economia cresce 5% a 6%, a margem de lucro que tem no Brasil é acima da média mundial. O Brasil pode dobrar o seu mercado interno nos próximos dez anos.[ Candido Mendes ] Ele está na posição comparada dele aos BRICs quando ele começou. Ninguém tem essa posição nos BRICs.[ Zé Dirceu ] Nós temos a melhor posição. Lógico que a economia da China se modernizou, mas não tem comparação. No Brasil tem alimento e energia, embora exista um problema energético que precisa ser equacionado. E o Brasil, como não depende só dos Estados Unidos para a exportação, por mais que caia a economia mundial e o comércio, nós temos o mercado interno e a América do Sul (...). Mas, vamos voltar a falar de política ...[ Candido Mendes ] A grande realidade política hoje do país é o que se chamaria esta “subversiva” popularidade do presidente. Sobreviveu ao PT e chega ao meado do seu segundo mandato com esses 67% de aprovação popular. É um laço de identidade absolutamente inovador que liga a liderança do presidente a seu apoio, hoje, a saltar inclusive da nucleação do país destituído que chegou com ele ao Planalto. Enganam-se também os que querem atribuir este sucesso a um carisma do presidente. O impacto de Lula nada tem a ver com uma adesão irracional ou, com a delegação irrestrita de mando a um Messias ou a um enviado, como protagonizou o país, por exemplo, na eleição de Collor.Trata-se de um fenômeno de um inconsciente coletivo que alguns tolos confundem com um irracional, mas que responde, sim, à consagração de uma expectativa vinda do avanço nebuloso, mas certeiro de um sentimento de mudança e da sua gratificação pelo protagonista que exatamente se reconhece nesta subida e neste êxito. O segredo de Lula está nesse olho no olho da sua gente e na capacidade sempre de se o reconhecer tal como chegou ao Planalto na primeira grande – e talvez única – saga da nossa população.[ Zé Dirceu ] E a margem de opções é pequena. Como representação política, não expressa essa aliança do Lula, essa sacralidade com a imensa maioria dos brasileiros.
[ Candido Mendes ] Vive-se a partilha consciente de um mito, senão o reconhecimento da sacralidade deste resultado, que o presidente é o primeiro a manter na recusa de qualquer solenidade, ou rito, ou distância, que é a sua marca no poder.A satisfação simbólica, inclusive, pode continuar a adubar o sentimento das maiorias do governo, mesmo que sejam modestos os resultados da sua política. Há um prazo secreto e histórico entre essas contas de chegar. Mas o governo tem tirado partido da permanência do mutirão cívico que desatualizou os jogos das oposições e a visão do velho regime de desgaste ou de tempos de mudança.
[ Zé Dirceu ] Mudando de assunto, gostaria de ouvir sua opinião sobre a Campanha da Fraternidade em Defesa da Vida, Contra a Miséria, a Pobreza e as Drogas, lançada pela CNBB recentemente. Na campanha, a Igreja se posiciona contra o aborto e a pesquisa com células-tronco. Essa posição, hoje, não vai levá-la a se chocar com uma parcela grande da população, preocupada com a saúde da mulher, e também, com o mundo científico, com o desejo difuso que existe na sociedade com relação ao bem estar, ao avanço da ciência?[ Candido Mendes ] Estamos apenas começando a nos dar conta, por aí, da riqueza da perplexidade que o atual Papado define a tarefa da Igreja na história, a partir da premissa estabelecida entre a concordância final entre fé e ciência. A verdade trafega entre as duas no sentido de que a realidade se abre ao racional, mas não o esgota e que inclusive é a esta luz que se pode adensar hoje a noção da natureza.A visão do Vaticano de defesa irredutível da vida foi associada à questão das células-tronco e a retomada de uma visão crítica da eutanásia. Mas é a própria ciência pelo avanço da pesquisa que nos mostra agora como as células da pele podem cumprir o papel buscado no anel mitocônduco do feto.Da mesma forma, os avanços aceleradíssimos do conhecimento do cérebro – de que só temos o comando científico de 30% - mostram a dialética da compensação da dita racionalidade, do princípio “da não contradição”, do alargamento, até, exponencial, das mecânicas causais efetivas, ou do avanço da complexidade, a não nos permitir manter, como uma quase fatalidade, uma visão fishista da natureza.No magistério de um Papa voltado para os “sinais dos tempos” o avanço desse pontificado supõe a torna, ao lado dos problemas éticos da vida, aos imperativos da mudança social.Fica aí o enorme legado da Teologia da Libertação que teve no Brasil a sua área profética por excelência. E que teve a tendência, após o primeiro levante do Vaticano II, da Igreja “versus populum”, de retomar a problemática da dita “contaminação” marxista desta Igreja encarnada, e à busca dessas condições humanas do mundo dos marginais e dos destituídos.No caso brasileiro, o PT foi o símbolo histórico único de associação com a Igreja, à mobilização da “tomada de consciência” no país marginalizado.Não precisamos repetir o quanto, há uma trintena, a nossa opção foi radicalmente oposta à entrada na violência e no confronto que levou nos países andinos ao Sendero Luminoso ou às Farcs. Vivemos neste exemplo de busca do poder a partir do voto e da autoconsciência da coletividade um contraste com o proletariado de clientela do populismo e do primeiro oficialismo sindical.[ Zé Dirceu ] Hoje, a Igreja mudou o seu papel, e de certa maneira, não tem mais a articulação que tinha com os movimentos sociais e populares e tem um certo aparelhismo, CPT (pastorais) - veja-se, agora, essa questão da transposição do rio São Francisco. A Igreja assume algumas bandeiras.[ Candido Mendes ] A Igreja partilhava com o PT nascente desse entendimento estrutural da injustiça do status-quo e de que maneira só a mensagem da liberação, do seu empenho de futuro radical da inércia do destituído se distinguia do vocabulário angélico da simples promoção, ou de uma visão assistencial ou caridosa do que fosse a superação da distância entre ricos e pobres dos países da América Latina.Todo este legado de esperança não foi ainda ressaltado pelo novo Pontífice, não obstante o seu sentido da história concreta. E em contraste, inclusive, com as facilidades dos consensos em que João Paulo II avançou a Igreja espetáculo na sua sideração universal, como mostrou a Praça de São Pedro aluvial, à hora de seu enterro.Os debates, aliás, do pensador Ratzinger que não se demite de refletir, que continua a escrever ao lado da cátedra de Pedro manteve com Habermas um diálogo cuja potencialidade não se esgota. Mas fica claro o pressuposto como acredita a pós-modernidade de que o logos pode sempre se desconstruir, e que a verdade escapa aos seus postulados prévios.De outro lado, o aprisionamento da transcendência no seu contexto pode levar a tradição cristã à convivência da santidade com fenômenos como a escravidão que não impediram canonizações, por exemplo, como a de Frei Galvão entre nós.[ Zé Dirceu ] Como chega na Igreja esse tipo de movimento contra a transposição?[ Candido Mendes ] Especialmente na América Latina, a noção concreta do “bem comum” não se dissocia da visão do desenvolvimento, da importância constitutiva que tem para o seu advento o trabalho das pastorais. Mas o concreto ainda que pontualíssimo desse choque se deu na recente manifestação do bispo D. Luiz Cappio contra a transposição das águas do São Francisco levada à dramaticidade do jejum, às suas margens. Contrapunha-se, justamente, aquela visão estrutural da mudança e seu impacto macro social e regional, com o bem imediatista dos ribeirinhos, equivocamente defendendo frente ao advento das novas condições de exploração dos semi-áridos nordestinos.[ Zé Dirceu ] Vamos abordar outro tema, o Judiciário. Foi feita uma série de mudanças no Judiciário brasileiro, como Conselho Nacional de Justiça ...[ Candido Mendes ] A seqüência hoje do compromisso de Lula com a democracia profunda dá-se sobretudo com as conquistas pelas quais – como o Conselho Nacional de Justiça – o terceiro poder, o Judiciário, ficou submetido ao intercontrole com os feedbacks obrigatórios que marcam a maturidade de uma verdadeira institucionalização democrática.A decisão política pede a heterogeneidade para fugir-se às naturais reificações de interesse à gestão de qualquer aparelho pro domo sua, com os efeitos de nepotismo, apropriação inercial de vantagens do cargo e perda de consciência crítica. Mas o aprofundamento contínuo dessa mesma democracia vai à defesa da noção dos Direitos Humanos, e de como permeiam, de fato, a consciência cidadã e o cotidiano desimpedido da vida política.Temos, na nossa Carta, em seu artigo 5º um dos enunciados mais ricos desses direitos. E,graças a Deus, com o detalhismo dessas múltiplas reivindicações, e de como é por elas que se aprofunda a aparição da pessoa na história. Da mesma maneira o próprio aparelho da modernidade e as oportunidades que apresenta de concentração do poder criam novos paradoxos ao avanço desses direitos como, por exemplo, o da agressão permanente da imagem na sociedade midiática.[ Zé Dirceu ] Na verdade, o que está acontecendo é a sociedade do espetáculo. O Judiciário está submetido à mídia, ao clamor popular e à opinião pública, fomentadas pela mídia. Está havendo uma politização do Judiciário e tem setores de oposição festejando. Como o senhor vê essa questão?[ Candido Mendes ] Como se pode nos espetáculos de massa de repercussão limite reparar este agravo no circuito de televisão? A legislação contemporânea e, mesmo as mais adiantadas no mundo escândinavo, reconhecem a irreversibilidade desta lesão e do modo pelo qual só preventivamente se pode evitar a sua irradiação como flagelo específico do nosso tempo. Fica de pé a idéia da indenização. Mas até hoje não existe uma jurisprudência uniforme para o refreio desse tipo de agravo e do modo pelo qual a mídia multiplica esta violência.[Zé Dirceu] Portugal acabou de aprovar uma legislação positiva, que venceu o prazo - lá o direito de resposta é automático.
[ Candido Mendes ] A recente conferência de Madri da Aliança das Civilizações e Direitos Humanos destacou, ainda, nosso preceito preventivo, que adotamos já em 1988, contra esta ameaça, regulando o direito de resposta à agressão à imagem, definindo seu reparo na intensidade da agressão e com a rapidez reclamada para remedia-la. O princípio constitucional continua, entretanto, fora da cultura política brasileira – como, aliás, na maioria hoje das nações fazendo letra morta do imperativo, ou relegando às calendas o imperativo do artigo 5º da Carta. E com a vertente crítica a consciência dos Direitos Humanos vive a tensão entre o direito de expressão e o direito de resposta. Afinal no mundo midiático se descamba de vez para o universo dos simulacros, ou de uma comunicação robótica do que se pretende ter dito e do que falamos pela boca de outrem no mundo dos estereótipos, das idéias feitas, dos rancores ou das adesões da sociedade Orwelliana.De toda forma, a nova socialização tecnológica permitida pela internet, pelo artefato individual dos blogs e contra-blogs, nos leva a entrar nos possíveis espaços democráticos da conversação internacional, o que encerra o risco de ser um mundo ventríloquo. A disseminação do computador à velocidade das geladeiras traduz o que seja também esta guerra de guerrilhas às tiranias dos colossos midiáticos, sua apropriação da subjetividade coletiva, e seu rapto da velha e esquecida intimidade de cada um de onde surge o protesto e a consciência de nosso tempo.




ao vivo das Filipinas:milhares de filipinos pedem a renúncia da atual presidente do país,Gloria Macapagal Arroyo 29/02/08














ao vivo da faixa de gaza.29/02/08


Quatro crianças entre os 8 e 12 anos que, de acordo com a agência Reuters que se poia em fontes médicas, se encontravam a jogar à bola, morreram vítimas de bombardeamentos da aviação israelita. Na quarta-feira, um bebé de seis meses e outra criança de 12 anos já tinham sido vítimas deste tipo de ataques. Israel justifica a operação como resposta aos ataques de rockets do Hamas que vitimaram um cidadão israelita.No total, em menos de 24h, terão já morrido 24 palestinianos devido aos raides perpretados pela aviação israelita na Faixa de Gaza. Israel justifica esta operação com a morte de um seu cidadão devido a um ataque de rocket do Hamas. Mas o Hamas contrapõe que esse ataque terá sido também ele uma resposta ao assassínio pelas forças israelitas de cinco membros do Hamas.Segundo o jornal Público, o porta-voz da agência das Nações Unidas de auxílio aos refugiados palestinianos (Unrwa), Christopher Gunness, condenou vivamente o ataque contra civis, em especial das crianças. "A morte de crianças inocentes é sempre trágica e condenável", afirmou, pedindo a Israel para "não pôr a vida de civis em perigo".O primeiro-ministro israelita, Ehud Barak, de visita a Tóquio, garantiu que não pretende "parar a batalha" contra o Hamas. Em Israel, o ministro do Interior, Méir Sheetrit, exigiu a "eliminação" da direcção política do Hamas, enquanto o seu colega da Defesa, Ehud Barak, ameaçou desencadear uma "operação terrestre de grande envergadura". "Precisamos de estar preparados para uma escalada na frente Sul", afirmou.







Bolívia:luta popular em apoio a nova constituição.29/02/08